quinta-feira, 19 de julho de 2012

A tatuagem

Capítulo 17 – Ghost Rider

O som tocava a todo volume, dava pra ouvir do começo da rua a música Get Free, que já é clássica para festas em casa (nos filmes dos anos 90 talvez). Havia vários carros estacionados, alguns com identificação de emissoras de TV, rádio, um dos carros era de uma revista famosa entre as adolescentes, Stacey cutucou Lua animada, dizendo que assina aquela revista...
- Já num to gostando! – Arthur disse ao estacionar – Será que vai ter muito daqueles caras chatos que enchem o nosso saco a noite inteira e não deixam a gente se divertir?!
- Ih, relaxa Arthur! Se você começar a ficar muito de saco cheio a gente vai embora ué... – Lua deu de ombros.
- O Joey me disse que teria poucos repórteres. – Micael se aproximou do vidro do carro deles e Arthur tomou um leve susto.
Mel foi a primeira a entrar na casa, com Soph ao seu lado. Atrás delas vinham Ray, Pedro, Chay, Jamie e por último Micael, Lua, Arthur, Stacey e Molly. Kyle veio logo cumprimentá-los e num gesto masculino automático, não pôde deixar de reparar nas pernas de Melanie à mostra. Chay bufou atrás dela e levou uma pequena beliscada de Rayana.
- Aproveitem a festa, bebam à vontade porque hoje é por nossa conta!
- Ta chamando a gente de bêbados, Kyle? – Pedro se aproximou e passou um braço pelo ombro do Kyle, já imitando a voz de um alcoolizado. Os dois começaram a conversar e se afastaram. Cada um foi pro canto que queria.
Havia várias mesinhas no jardim. A iluminação estava incrível e era uma casa realmente grande! Lua, Arthur, Rayana e Melanie ocuparam uma daquelas mesinhas, cada um com um drink diferente na mão. Ethan, o baixista dos clicks estava de pé, ao lado da mesa deles, conversando animadamente.
- Ah, a gente nem mora aqui... Essa casinha é mais pra quando rola uma social assim!
Kyle estava passando sem rumo pelo quintal. Melanie não deixou de comentar sobre ele.
- O Kyle está um T-E-S-Ã-O hoje! Quero tirar outra foto com ele, tenho que aproveitar né! – ela falou baixinho, mas Ethan ainda escutou a parte da foto.
- Ah, quer tirar uma foto com o Kyle? Por que ninguém quer tirar foto comigo? O Kyle é tão anti-social!
- Eu quero tirar uma foto com você bebê! Só vim aqui hoje pra isso! – Lua sorriu pra ele e Ethan ficou incrivelmente corado. Fofo não? Ele continuou um tempo parado, muita retribuição de sorriso ali. Arthur mandou um olhar feio pra ele, que sacudiu o rosto rapidamente e começou a berrar quando avistou Kyle.
- ÔW KYLE, A MELANIE QUER TIRAR OUTRA FOTO COM VOCÊ SEU FILHO DA PUTA!
Ray e Lu se olharam e não seguraram o riso. Melanie quis enfiar a cara na mesa quando viu que numa mesa não muito distante, Chay observava.
- Olá meninas! E... Arthur. – Kyle chegou fazendo-os rir.
- Olha se não é o click-sexy! – Arthur levantou os braços e tentou rebolar sentado. Quantas doses ele já tomou mesmo?
- Qual de vocês gatas quer tirar foto comigo?
- Ai, sou eu! Não ta vendo na minha testa ‘I S2 Kyle Dickherber’? – Arthur se levantou e foi mesmo tirar uma foto com Kyle e Ethan, os três fizeram caretas.
Várias fotos foram tiradas, Kyle com Melanie, Ethan com Lua, Rayana com os dois, todo mundo junto… ufa.
- Kyle tem um fornecedor lá na porta, ele quer falar com você e está com cara de poucos amigos! – Joey chegou em Kyle, acenou rapidamente pra todos e os dois saíram.
Chay continuava em sua mesa e com ele estava apenas Jamie. Ele não tinha uma expressão facial muito feliz...
- Olha Chay, eu sinto muito você ter brigado com a Melanie! Eu não quis!
- Você não teve culpa Jamie… e eu já vou cuidar disso. – ele se animou de repente e pegou o celular.
- Hum? – Jamie estreitou os olhos na direção dele, viu que Chay escrevia algo no celular. Ela suspirou e se levantou.

- As férias do McFLY estão perto de terminar… Escrevi uma penca de músicas novas, to até ansioso – Arthur esfregou as mãos em sinal de animação, todos sorriram e Lua lhe deu um beijo na bochecha.

- Já tem turnê marcada? – perguntou Ethan.
- Sim, é muito provável que voltemos ao Brasil pela milionésima vez. – Arthur estufou o peito e passou o braço em volta dos ombros de Lua.
- É legal lá? Nunca fui… Por que o click five nunca foi lá? – Ethan se perguntou coçando o queixo.
- Eu classifico os brasileiros como felizes! É só isso que eu digo, são meus favoritos. – Arthur terminou seu comentário sorrindo e segundos depois a bolsa de Melanie pareceu ter ganhado vida própria em cima da mesa.
- Ai que susto! Será que é o celular?
- Não sei amiga! O que mais você carrega dentro da bolsa que possa vibrar? – Lua perguntou fazendo Ethan ter uma crise de riso assustadora, todos ficaram olhando pra ele porque foi engraçado, mas nem tanto assim...
- Desculpa, eu acho que já bebi demais! – Ethan afirmou olhando pro fundo do seu copo, como se estivesse analisando a composição química do conteúdo líquido dentro dele. Depois deu meia volta e foi andando sabe lá pra onde. Enquanto isso, Melanie já olhava o que estava acontecendo no celular. Mensagem do Chay:

Oi, desculpa tre discutido com vc
Eu tnho q admitir q o sue vestido eh lindo!!


Ignorando alguns erros de escrita, talvez pela pressa, nervosismo ou limite de caracteres, Melanie não conseguiu impedir que um pequeno sorriso brotasse no rosto. Ela olhou na mesa dele e o viu lá com cara de menor abandonado. Porém não gostou de ter visto Jamie voltando à mesa com dois drinks na mão, fazendo Chay desviar sua atenção pra ela.

- O que foi dessa vez Melanie? – Rayana perguntou ao ver a irmã ficando emburrada.
- Nada… É que o Chay ta me mandando mensagem aqui.
- E o que ele disse? – Lua se inclinou pra ver a tela do celular.
- Pediu desculpas. – Mel mordeu o lábio fazendo uma cara de cruel indecisão sobre a vida!
- Sabe o que eu acho? – Arthur se dirigiu a ela e colocou o copo que segurava sobre a mesa – Você vai dizer que eu to defendendo meu amigo, mas eu acho que você conseguiu fazer em uma semana o que nenhuma outra garota, tirando a mãe dele, jamais fez! Você fez bem a ele, eu acho que o Chay gosta mesmo de você porque eu nunca o vi agir assim, feito adolescente. Só quando ele era mesmo adolescente, mas aí não vem ao caso...
- Será Arthur? Você acha mesmo que o Chay pode... – Melanie falava e de repente parou assim que mudou a direção do olhar. Todos olharam pra ela esperando que continuasse a frase, viram que ela olhava incrédula pra mesa do Chay e logo falou entre os dentes, meio rosnando – Alguém me segura que eu vou tombar aquela garota!
Jamie estava apenas tirando seu sobretudo branco e revelando um belo vestido rosa. Epa! Muito parecido com o vestido que Melanie havia comprado.
- Erm... Parece o vestido que você comprou mana!
- Jura?!
- Ué, como assim? – Arthur coçou a nuca sem entender.
- É que hoje quando Melanie foi se vestir, a roupa dela tinha sido trocada. O vestido que ela comprou parece ser aquele que Jamie está usando, mas a roupa que estava na caixa era essa que a Mel foi meio que obrigada a pôr! – Lua explicou tudo meio rapidinho e Arthur fez cara de ‘anh!’.
- Parece que eles vão dançar – Rayana comentou enrolando uma mecha do cabelo e olhando sugestivamente para a irmã, assim como quem está provocando e dizendo ‘RÁ! Eu não deixava!’
- Mas não vão mesmo! Não com o MEU vestido! – Melanie se levantou decidida, tendo o apoio da irmã.
- Isso!

Chay e Jamie caminhavam até o centro do imenso quintal, onde algumas pessoas dançavam ao ritmo de algum psy-trance. Antes mesmo que começassem a dançar, Melanie se aproximou falando alto por causa do som.

- Ora, ora! Você Jamie tem um bom gosto admirável!
- Hum? – Jamie encarou-a com a expressão confusa.
‘Barraco em festa... E ainda por cima, por causa de homem! Que coisa mais descriativa! Ah, essa palavra não existe, mas e daí eu to só pensando mesmo, dãã! Eu só espero que ninguém se machuque muito seriamente porque eu não vou cuidar de nenhuma morimbunda! Brincadeira, das minhas amigas eu cuido sim!’ Lua pensava enquanto observava a aproximação de Melanie, alguns passos atrás.
- Sabe, você tem um gosto impecável pra escolher homens, roupas... O único defeito é que você escolhe coisas que eu já escolhi, não é mesmo! – Mel deu uma risadinha falsa que fez Jamie olhar pra Chay e ele pra ela.
- Do que você ta falando Mel? Já bebeu tanto assim? Olha que a festa nem começou direito hein! – Jamie tinha um sorriso nervoso. Melanie não precisava de mais nada pra ter certeza que ela fez a troca dos vestidos.
- Eu to bem ligada! Quer ver como eu to lúcida? Esse vestido aí eu sei bem onde foi que você achou! Posso dizer o nome da loja aqui na frente de todo mundo?
- Melanie… – Jamie parecia pedir com o olhar que ela ficasse quieta.
- Que tal ‘Quarto da Melanie’?
- No seu quarto? Mas que loucura é essa pra cima de mim agora?!
- Eu já entendi tudo, você pegou meu vestido e trocou por esse pedacinho de pano só pro Chay ter um faniquito!
- Melanie, eu sei que você ta com ciúmes dele comigo, mas não precisa ficar inventando essas acusações!
- Que cara de pau! Roubou meu ficante, meu vestido e vai ficar negando até quando?
- Olha, eu... – Chay começou a se pronunciar.
- Segura sua onda aí! – As duas responderam em coro e ele ficou quieto.
- Eu não estou roubando nada, você que enxerga A e conclui B.
- Ah, ta bom então, que conclusão você ia tirar se o seu vestido sumisse misteriosamente e horas depois aparecesse no corpo de uma pessoa que estava na sua casa na hora que ele sumiu?
- Coincidências existem.
- AH, PELAMOR!
- Não acha que seria muito estranho se eu roubasse o seu vestido e viesse usá-lo bem aqui?
- Eu não sei, você é estranha.
Já havia algumas pessoas em volta delas assistindo a discussão e torcendo que elas se pegassem logo. Esse povo de festas, sabe como é né! Até a música já estava mais baixa.
- Jamie, você pegou mesmo o vestido da menina? – Stacey surgiu dentre aquelas pessoas agrupadas ali.
- Não! Deve ser um mal entendido!
- Admite logo, eu já ouvi um monte de vezes que você é louca pelo Chay! Então é claro que você é capaz de loucuras... Naquele lance de ocupar a casa vazia você até que se deu bem, mas trocar meu vestido foi demais! – Mel se aproximava dela mais ainda com os braços cruzados. Jamie fazia cara de pânico.
- Eu não troquei a porcaria do seu vestido, ESSE AQUI É MEU! – Jamie levantou a voz e Melanie estava prestes a colocar as mãos no cabelo dela. Alguém chegou pra impedir.
- ESPERA AÍ MELANIE! Pode soltar a Jamie! – era Sophia surgindo no meio das pessoas.
- Ué Soph, o que foi agora? Não vê que eu preciso dar uma lição nessa trocadora de vestidos?!
- Ela não é trocadora de vestidos, Mel.
- Not? – Melanie relaxou as mãos que já seguravam os cabelos de Jamie com cara de decepção.
- Não... A moça da loja ligou hoje mais cedo. Falou que uma cliente que esteve lá ontem na mesma hora que nós, levou o seu pacote e você levou o dela.
- Ah! Aquela que eu chamei de perua escandalosa?
- Na verdade você chamou de perua burra, mas é essa mesma. Ela ligou pra loja pra eles entrarem em contato com você.
- E POR QUE DIABOS VOCÊ NÃO ME CONTOU ANTES?! – Melanie até esqueceu da Jamie e foi pra perto da Sophia.
- NÃO DAVA MAIS TEMPOO! Ta legal? Você já tava no banho e... ah vai, o vestido não é feio! Eu ia contar amanhã. Se eu soubesse que ia dar essa confusão por causa do vestido da Jamie...
Melanie olhou pro chão por uns dois segundos e levantou o olhar devagar até encontrar o de Jamie. Boa hora pra fazer um buraco no chão e botar a cabeça.
- Desculpa. O seu vestido é parecido, mas não é o meu...
- Tudo bem.
- NINGUÉM ESTÁ MAIS DISCUTINDO AQUI! O QUE É QUE VOCÊS ESTÃO OLHANDO AINDA, SEUS DESOCUPADOS? – Rayana fez questão de ajudar a dispersar aquela platéia que se formou. Logo tudo estava normal de novo e a música voltou a tocar.
- A gente pode conversar? – Jamie pediu à Melanie, que agora estava muda e concordou com a cabeça. As duas entraram na casa e sumiram por lá.
- Que medo. Vocês confiam de deixar as duas sozinhas? – Lua perguntou para as meninas que estavam mais perto.
- Ah, relaxa... Eu não sei a Jamie, mas Melanie tem seguro de vida. Em último caso a gente fica rico! – Rayana riu, Lu lhe deu um tapinha na testa e logo Pedro apareceu perto dela.
- Oi Ray! Que saudade de você…
- Ah Pedro, não me diga que você já se encheu de álcool mano? Puta que pariu hein, nem fica em pé direito...
- Quer ajuda com ele? – Chay se prontificou.
- Ah sim, me ajuda a levar ele pra lavar o rosto!
- O Pedro não sabe beber, eu já disse isso, né?
- Por que vocês ficam falando de mim comigo aqui? A mãe de vocês nunca ensinou que se for pra falar dos outros tem que esperar eles darem as costas? – Pedro falou e logo estava andando de braços dados com Chay de um lado e Rayana do outro.

Enquanto isso, Melanie e Jamie entravam em um dos dezesseis quartos da casa.

- Erm... Desculpa de novo ta... É que você tem andado tão próxima do Chay ultimamente que eu me deixei levar, eu admito que fiquei com ciúmes! E quando te vi com o meu ves... quer dizer, com um vestido parecido com o que eu tinha comprado, aquilo foi a gota d’água.
- Sim, eu já entendi. Gosta mesmo dele, não é?
- Do vestido? - Melanie perguntou e recebeu um olhar impaciente de Jamie, Mel entendeu que ela tinha perguntado do Chay, mas por razões desconhecidas ela queria fugir dessa resposta.
- Ah, não sei! Nós estamos... erm... estávamos ficando. Sim eu gosto dele, falei!
Jamie sorriu. As duas pareciam sem jeito.
- Eu também, mas entenda que é diferente do seu jeito de gostar!
- Hum? Como? Por que diferente?
- Não é como se eu quisesse disputá-lo com você! Ele só fica feliz quando está bem contigo e é isso que uma fã de verdade quer! Eu sou muito fã do Chay, as meninas brincam que eu sou Suede, mas isso não impede que eu tenha meu namorado e o ame acima de tudo.
- Então você não tava dando em cima dele?
- Confesso... No começo sim. Queria que ele aparecesse sem camisa lá na casa do Micael, queria sentar perto dele, encostar nele, sentir o perfume, essas bobagens... Depois eu vi que não é nada demais! Passar esses dias lá me fez ver o lado ‘pessoa-normal’ do Chay! Eu percebi que vocês têm uma coisa especial! Sabe, você é a menina mais bacana que o Chay já ficou, eu quero mais é que continuem juntos!
- Puxa... Vem cá, o seu namorado não sente ciúme do Chay?
- O Chay sente um ciuminho do Kyle, não sente? É a mesma coisa! Inclusive eu vi que quando você vê o Kyle seus olhos chegam a faiscar. Você se sente com o Kyle do mesmo jeito que eu com Chay... É coisa de fã, nós sabemos que é diferente! Você não trocaria o Chay pelo Kyle assim como eu também não trocaria meu namorado Ash pelo Chay!
- Claro... Quem não entende isso são os homens né!
- Ah, eles são bobinhos, deixa eles!
- Então... Fica tudo bem entre a gente?
- Por mim já é. E que fique claro que eu só te chamei aqui porque a gente está hospedada na mesma casa e ia ser chato pra caramba ficar brigada com alguém!
- Ah, eu também só aceitei conversar com você por isso! – Melanie já abria a porta do quarto. As duas deixaram o quarto rindo, mas sem sorrisos falsos ou nervosos, pareciam até amigas de longa data. Estavam se sentindo com 20 quilos a menos de preocupação nas costas... Nada como a sensação de contas acertadas! Só tinha um porém, Mel agora estava com uma vergonha imensa do Chay! Preferiu evitá-lo a festa inteira.

Algumas horas se passaram sem grandes acontecimentos ou barracos... A festa não estava programada pra ir até muito tarde porque The Click Five vai sair numa nova turnê no dia seguinte. Então às quatro da manhã a maioria das pessoas já havia ido, isso inclui fotógrafos.

- Quem dá a última palavra aí? – Soph perguntou a Pedro, estavam todos no chão da sala brincando de verdade ou desafio.
- Ela. Rayana é extremamente cruel e mandona! Ela não deixou que eu bebesse mais depois daquela hora. – Pedro revelou.
- Fiz pelo seu bem, ingrato! Quero você bem acordado essa noite! – Ray lhe deu um leve empurrão no ombro.
- Ihhh, Pedro pegador! – Micael gritou com as mãos na frente da boca.
- Vai com tudo tigrão – Arthur ria e gritava junto com Micael.
- Gente eu acho melhor vocês dormirem aqui, o que acham? – Ethan falou com o grupo, que ficou pensativo, um olhando pra cara do outro.
- Já ta tarde! Aproveita e dorme aí... Quarto é o que não falta! – Foi a vez de Kyle jogar seus argumentos.
- Acho bom, por mim ta legal! – Micael deu de ombros. Todos os outros concordaram, ou pelo menos, não discordaram!
- Então vão pegar seus carros e guardem na garagem. Ninguém quer seu carro cheio de gotinhas pela manhã, né?!
Assim, Micael, Arthur e Chay foram guardar os carros que estavam estacionados na calçada. Pedro se largou no sofá e parecia entretido demais com um cubo mágico. As meninas arrumaram um pouco da bagunça da sala e logo cada uma foi pra um quarto. Com exceção de Lua e Rayana, que ficaram fofocando sobre a festa e tudo que aconteceu.
- Lu…
- O que?
- Escutou esse barulho?
- Barulho de que?
- De moto!
- Aff! De novo com essa história de barulho de moto?
- Mas você ouviu ou não?
- Não. E quer saber? Estou ficando preocupada já! Depois do dia do seu acidente você sempre ouve algum barulho de moto e fica assustada... Eu concordo que você passou um trauma, mas esquece isso amiga, já passou! – Lua apoiou uma das mãos no ombro dela.
- Ta, tudo bem... – Ray forçou um sorriso de canto de boca. Depois do acidente ela começou a sonhar com sons de motor de moto.
Todo mundo ficou sem falar nada por alguns minutos, até Lu quebrar o silêncio.
- Ué, cadê esses meninos que foram até a garagem e não voltam mais? – Lua de repente cruzou os braços.
- Devem estar falando das garotas que estavam na festa! – Ray viu Lua bufar e continuou – Ah, ué! A gente também falou dos bonitões que vimos hoje, é normal...
- Desse jeito eu fico com ciúmes. – Pedro estava de olhos fechados com a cabeça pra cima.
- Você sabe que é o rei dos bonitões da minha vida, né Pedro? – Rayana se aproximou dele e lhe deu alguns selinhos.
- Ah, vão pro quarto! – Lua jogou uma almofada neles.
- Cara, ninguém avisou a gente que tinha duas garagens e a segunda era tão longe! – Arthur chegou na sala e se jogou no sofá por cima de Pedro e Rayana.
- Hey! Três corpos não ocupam o mesmo espaço, sabia Aguiar? – Pedro lhe deu uns tapas.
- Então saiam daí ué.
- Arthur você é o guitarrista mais gay e folgado que eu já conheci! – Rayana lhe fez algumas cócegas e logo levantou do sofá com Pedro. Arthur se espalhou por todo ele...
- Guardei meu carro e Arthur também guardou nessa garagem aqui do lado, mas não sobrou espaço então Ethan disse que podia guardar o do Micael em outra garagem, só que ficou longe pra caramba! – Chay explicou o lance das duas garagens, fazendo Lua sentir um pequeno alívio dentro dela ao saber que o motivo da demora não foi por ficarem comentando de outras garotas. Não que isso fosse um grande problema, afinal como Rayana disse, ela mesma falou de outros caras durante a festa e agora há pouco. Mas Lu não deixa de sentir aquela pontadinha fraca e chata ao imaginar Arthur dizendo coisas tipo “Nossa, ta vendo aquela morena de rosa? Pegava fácil!” mesmo sabendo que ele não faria realmente.
- Não que eu esteja morrendo de sono, mas... vou procurar um quarto! – Micael falou se espreguiçando.
- Sei bem que quarto você vai procurar Borges-saliente! – Chay pegou uma almofada e tentou acertar nele, mas sua pontaria não estava tão boa no momento e a almofada passou a metros de Micael.
- Uhum, de preferência um quarto onde estiver uma certa pessoa dentro... – Lua completou o que Chay pensava.
- Ah, calem a boca! – Micael continuou andando e subiu as escadas. Ele realmente queria saber em que quarto Sophia tinha se enfiado.
Chay não tinha nenhuma motivação pra subir e procurar quarto algum. Percebeu que Melanie não se aproximou mais dele depois de ter conversado com Jamie e não sabia o porquê, não sabia o que elas tinham conversado, não conseguiu perguntar à Jamie também... Sua cabeça estava fervendo. Mesmo assim subiu e foi procurar um quarto vago, era melhor do que ficar de vela, pois só havia casais na sala.
- Hey Arthur, tem um espacinho pra mim aí nesse seu sofá? – Lua perguntou ao notar que no mesmo sofá onde ela estava, Rayana e Pedro pareciam ocupados demais pra conversar com ela.
- Claro! O seu corpo pode ocupar o mesmo espaço que o meu! – Arthur piscou sexy e se ajeitou pra dar um espaço. Lua se acomodou na beirada, de costas pra ele.
- Espera, eu vou cair!
- Eu te seguro. – [n/a: ui!] Lua o ouviu falar perto de sua orelha e logo braços aconchegantes envolviam sua cintura.
- Hey little boy, get a room! – Arthur gritou pra Pedro quando viu que ele e Rayana estavam radicalizando no meio da sala.
- Você não manda em mim! Vão vocês dois oras...
- Não porque nós temos senso de ridículo! Não somos nós que estamos tornando disso aqui um conteúdo proibido para menores de 18!
- Mas a gente não ta fazendo nada!
- Calma Ray! Não vê que esse aí está exagerando só pra gente sair daqui e ele ficar sozinho com a Lu?!
- Claro que não, se vocês pararem com essa indecência e se comportarem com educação, podem ficar aí de boa!
- Lu… – Pedro franziu as sobrancelhas e se ajeitou no sofá – Vê se cuida desse garoto, ele deve estar com frebe pra ter falado desse jeito! Tipo um padre...
- HAHAHA. OMG, como meu amigo consegue ser tão engraçado? – Arthur sorriu sarcasticamente. Todos passaram alguns segundos sem falar nada e logo explodiram em risadas. Coitados...
- A gente não ta normal e isso é fato! – Rayana se levantou do sofá tentando arrumar os cabelos num rabo-de-cavalo. – Eu vou ao banheiro e quando eu voltar quero ver meus amigos normais de novo!
- Qual é seu conceito de normal? – Pedro também se levantou e esticou os braços.
- Sabe quando a gente não fica rindo do nada? É! Aí estamos normais. – Ray tomou o caminho do banheiro e Pedro foi pra cozinha.
- Galera, vou procurar sorvete. Se eu achar, não trago pra ninguém!
- Obrigada Pedro, você é tão gentil! – Lua sorriu e ficou ouvindo os passos de Pedro se distanciando cada vez mais. Notou que Arthur brincava com uma mexa de seu cabelo, enrolando-o como se estivesse fazendo um caracol. Aquela hora ela respirou fundo sentindo o ar preencher cada espacinho de seus pulmões. Se sentiu tão viva! Não que antes ela se sentisse morta, mas teve uma sensação muito intensa dentro de si, uma coisa inexplicável que tornava quase impossível desmanchar o sorriso permanente de seus lábios. Algo que traz força e calma, energia e paz... Seria isso a tão buscada felicidade? Tão citada em poemas e agora estava ali, dentro dela. Arthur apenas fechou os olhos e curtia também. Aquela mexa de cabelo enrolada em seus dedos exalava um perfume um tanto doce, um tanto cítrico, um tanto viciante! Quase um veneno, ele concluiu. Com outras meninas Arthur nunca tinha se dado a chance de ficar um tempo assim apenas apreciando a presença um do outro, sem malícia nos pensamentos. Ele sempre soube que com Lua tudo seria diferente.
- Que perfume passou hoje? – ele perguntou com uma voz calma, doce e levemente baixa e rouca que fez Lua quase tremer.
- É um mais antigo, que eu uso em dias especiais.
- A minha festa de despedida foi um dia especial?
Lua arregalou um pouco os olhos. Ela ainda tinha o perfume que usou aquele dia e realmente havia passado hoje. Não imaginava que ele ia lembrar, (ou muito menos perguntar!).
- Eu achava que ia ser, quando estava me arrumando. Não exatamente especial, mas marcante de algum jeito. – ela falou enquanto se virava pra ficar de frente pra ele.
- Então você estava certa.
- Aquela festa foi a mais doida e inesquecível que já fui até agora...
- Pra mim também! Acho que precisamos ir a mais festas!
Com um sorriso nos olhos... Sim, é possível sorrir com os olhos! Se era impossível, Lu e Arthur acabaram de tornar possível. Com esse sorriso, eles diminuíram a quase nula distância entre os lábios e demoraram um pouco num selinho.
- Vem aqui comigo, tem uma outra coisa daquele dia que eu também não esqueci! – Arthur desgrudou seus lábios dos dela e começou a se levantar de repente.
- Mas ir pra onde?
- Você vai ver! – puxou Lu pela mão e os dois deixaram a sala.
- HEY, AONDE VÃO? AQUI TEM SORVETE! – Pedro chegou na porta e pôde vê-los andando lá fora.
- A GENTE JÁ VOLTA! – ouviu Arthur responder.
Eles chegaram na garagem onde Arthur havia deixado seu carro. Ele abriu o portão da garagem, que permaneceu aberto depois que entraram.
- Espere aqui, eu trouxe uma coisa no porta-luvas do carro que eu já devia ter dado pra você antes! – Arthur se aproximava da porta do carro. Parecia empolgado pra pegar o tal objeto... Lu ficou pra trás, como ele pediu, mais próxima da entrada da garagem.
- Arthur...
- Você vai me achar um ridículo quando eu disser, mas é verdade...
- Arthur…
- Eu guardei esse objeto e imaginei milhões de vezes o dia que entregaria pra você! – Arthur continuava falando como se não tivesse percebido que ela estava chamando-o.
- Arthur, please…
- É uma coisinha realmente linda que eu olhava e me fazia lembrar da gente, me ajudou muito logo que eu mudei pra cá!
- ARTHUR! – foi preciso chamar um pouco mais alto.
- QUE É CARAMBA?!
- Shhh! Tem um cachorro! – ela sussurrou agora, tinha cara de assustada.
- Cachorro? Onde? – ele deu alguns passos até que a visão da traseira de seu carro saísse da frente do Rottweiler que estava sentado logo na entrada da garagem, apenas alguns passos à frente de Lua.
- Eita porra... – Arthur falou baixinho imaginando que poderia ser seu último palavrão. Com pequenos passos ele tentava se aproximar de Lua, tudo muito devagar. O cachorro já mostrava seus dentes e com certeza podia ouvir batimentos cardíacos desesperados. Arthur chegou perto de Lu e a abraçou.
- É melhor ficar imóvel – sussurrou no ouvido dela sem tirar os olhos do cachorro.
- Por quê? Por acaso ele não sabe que estamos aqui? – respondeu no mesmo volume.
- Ah, não sei! É que nos filmes com animais carnívoros eles sempre falam isso... – Arthur deu de ombros.
- Hey Assombração! – uma voz falou e o cachorro olhou na direção em que a pessoa vinha. Um cara de calça jeans, jaqueta e capacete pretos chegou e segurou na coleira do cachorro. – Não se preocupem, ele não vai atacar!
Arthur ainda não tinha se recuperado do susto e estava reconhecendo aquela voz de algum lugar.
- E-e-esse cachorro é seu? O nome dele é Assombração? – Lua disparava perguntas, como sempre quando se sentia nervosa.
- Sim, é meu. Quando ele nasceu era muito feinho e aí colocamos esse nome! – o cara explicou e tirou o capacete sorrindo. A iluminação não estava muito forte, mas Arthur reconheceu aquele rosto imediatamente e perdeu a fala por uns segundos.
- É, ele conseguiu me assustar então!
- Oh, desculpe!
- Você está de moto, não? Veio guardá-la pra dormir na casa do Kyle também? – Lua já dialogava tranqüilamente com o rapaz.
- Lu... – agora Arthur estava lhe chamando com a voz baixa e cutucava seu braço.
- Você é amigo de alguém do The Click Five?
- Lu...
- Por que eu não te vi na festa?
- Lu!
- E onde está sua moto? – Lua fazia uma pergunta atrás da outra, sem tempo pro cara responder.
- LUA CARALHO! – Arthur gritou agora e a segurou pelos ombros, virando-a de frente pra ele.
- O QUE?
- Eu sei quem ele é! – Arthur voltou a sussurrar perto do rosto dela com um olhar muito assustado.
- Quem Arthur?
- É O VIZINHO DO MICAEL, DEAN!
- Dean? Não é aquele que... – Lua olhou pra Dean de rabo de olho.
- Aham.
- OMFG! – ela cobriu o rosto com as mãos imaginando que quando olhasse de novo ele não estaria mais lá, como uma boa alma penada faria. Se enganou.
- Olha Dean você não tem nada contra mim, certo? Eu nunca te fiz nada! – Arthur nem podia acreditar que Dean estava mesmo ali. Os dois estavam de frente pra ele com as mãos pro alto, como se o cara estivesse armado.
- Calma aí gente... – o rapaz parecia se divertir.
- Erm... Olha, você não vai atacar a gente né? Quer falar com a Rayana? AH EU TO NEGOCIANDO COM UM MOTOQUEIRO FANTASMA SOCORRO! – Lua levou as mãos à cabeça. Ela sempre fora muito cética quanto a esse tipo de visão.
- Hei, o que é que ta acontecendo aqui? – Ray chegou e parou um pouco atrás do rapaz que estava de costas. Pedro também veio junto com ela.
Rayana não estava entendendo as caras de Arthur e Lu, concluiu que estavam sendo assaltados e pegou o celular. Dean ainda juntava a coragem pra se virar de frente pra ela. Quando virou, assistiu a cena de outro casal ficando paralisado. Pedro segurava uma taça de sorvete e a deixou cair com colher e tudo.
- Policial Williams falando, pois não? – dava pra ouvir a voz que falava no celular de Rayana. Dean deu um passo na direção dela e ela num movimento rápido desligou o celular e deu um passo pra trás.
- O que... o que... – Pedro tentava inutilmente dizer alguma coisa.
- Se acalmem vocês todos! Eu não sou um fantasma. – Dean olhou pra todos eles e começou a rir.
- Dá licença seu Dean. – Lua se livrou do braço de Arthur que a segurava e deu um passo à frente – Como assim não é um fantasma? Que eu saiba, pessoas que morrem só conseguem ser vistas novamente na versão gasparzinho de ser!
Todo mundo abaixou a cabeça pro lado e soltou um risinho. Não é todo dia que essas situações acontecem!
- Mas eu não morri! – ele apalpou o próprio tórax numa tentativa de mostrar que podia se tocar. Começou a se sentir desesperado pra provar isso! Não deve ser fácil ser chamado de defunto assim na cara dura...
- Vai ver você morreu e nem sabe! – Lua deu mais alguns passos pra perto dele.
- Lua! – Arthur chamou baixinho, assustado. – Lua, se eu fosse você não chegava tão perto, fantasmas podem fazer coisas com as pessoas!
Arthur continuou sussurrando pra Lua se afastar e Dean podia ouvir. Ele ficou chateado por não estarem acreditando que estava ali de verdade... Se lembrou que ele e Arthur mantinham contato constante, saíam juntos pra bagunçar, pescar, conversar, mas aquele garoto que estava vendo com cara de assustado nem parecia o mesmo.
- Arthur o que há com você colega? Se fosse o Arthur de antes já teria vindo aqui me cumprimentar!
- O Arthur de antes não via gente morta! – Arthur respondeu e continuava com o olhar assustado.
- Acho que eu vou ter que provar que estou vivo. – Dean falou e pegou a menina que estava mais próxima dele pelo braço. Ele a beijou e deixou todo mundo sem reação por uns instantes, essa menina foi Lua e ela aceitou o beijo no começo, mas pisou no pé dele depois.
- Owow! O que pensa que está fazendo com minha... – Arthur puxou Lu pelo ombro, ele ia terminar a frase com ‘namorada’ e Lua sentiu o coração esquentar com a possibilidade dele dizer isso – com minha garota?
- Está bem vivo – ela concluiu meio envergonhada. ‘Acabei de agarrar um cara na frente do Arthur! Não é como se ele tivesse me beijado à força, eu retribui! Takeopariu! Por que eu, hein?’ ela pensou e agora estava abraçada a Arthur.
- Desculpem, eu estava ficando agoniado com essa insistência de vocês dizendo que eu morri etc e tal...
- Rose disse que te matou. – Pedro falou baixo e com um certo rancor na voz. Tudo que lembra Rose e o que ele passou naquela outra noite uma semana atrás lhe trazia esse sentimento.
- Pedro, eu… sinto muito! Vim aqui pra me desculpar com todo mundo! Foi isso que estive tentando fazer nos últimos dias, mas sempre que tento algo sai errado.
- Erm... – Rayana falando com ele pela primeira vez – Onde você esteve esse tempo todo?
- Oi Ray, é bom rever você, está bem? – Dean se aproximou e ela se esquivou de um beijo na bochecha.
- Onde você esteve esse tempo todo? – repetiu a pergunta sem responder a dele. Dean bufou e rolou os olhos.
- No hospital... Eu fiquei em coma.
- Não é querendo insistir na sua “defuntisse”, mas eu e os outros garotos estávamos na casa do Micael e te vimos sendo retirado da sua casa coberto com aqueles sacos pretos de couro estilo CSI! – Arthur falou.
- De primeira, acharam que eu tinha morrido, mas depois viram que não e então eu fui levado pro hospital. Fiquei internado lá em coma, acordei sem saber de nada e meu irmão me contou que já fazia três meses e meio que eu estava ali! Apenas ele e Felicity sabiam que eu estava vivo, mantiveram esse segredo para que Rose não ficasse sabendo. Certamente viria atrás de mim pra terminar o serviço...
- Mas, quem é Felicity? – Ray perguntou.
- É a prima da Rose. Rayana, eu tenho muitas coisas pra te explicar! E pra você também – ele agora se dirigiu a Pedro.
- Pode começar, temos o dia todo! – Pedro abriu os braços relaxando-os, em seguida fazendo as palmas das mãos baterem nas coxas.
- Eu fui àquela festa em que Rose te fez de refém. Já fazia uma semana que eu tinha me recuperado e estava na cola dela pra impedir caso ela tentasse fazer algo contra vocês, principalmente contra a Rayana. Eu sabia que ela ia tentar, mas não consegui impedi-la de pegar o Pedro!
- Você viu que ela acabou se matando, né? – Pedro cruzou os braços e olhou pra baixo, odiava ter que se lembrar daquela hora. Viu o sorvete que ele deixou cair espalhado no chão, do mesmo jeito que devem ter ficado os órgãos internos de Rose, torceu a boca de nojo ao fazer essa comparação em pensamento.
- É, eu assisti a isso também... Não queria que terminasse daquele jeito, mas não nego que só assim nós podemos ficar aliviados agora.
Lua e Arthur não falavam mais nada, mas também não saíram. ‘Noite cheia de emoções! Wooooop woooop!’ Arthur pensava.
- Então você foi na festa atrás dela? Por que ficou quieto ouvindo tudo que ela disse sobre a gente? Você sabe o quanto isso custou? Nunca tivemos nada e não adiantava o que eu dissesse ninguém acreditava em mim! – Rayana estava agitada, parecia querer voar nele.
- Eu sei Ray, me perdoe! Nunca tivemos nada de verdade, mas eu não podia dizer naquela hora!
- Mas se você e Rayana nunca se envolveram por que Rose acreditava nisso? E aquela história das fotos? – Pedro também estava feito louco pra saber de tudo.
- Porque eu... inventei...
- Inventou o que, um caso comigo? A troco de que?
- Porque meu plano era fugir com a prima da Rose. Olha, Rose sempre teve uma disputa interminável com Felicity, eu era noivo dela antes, mas por um monte de fatores que não vem ao caso, eu acabei casando com Rose. Se ela soubesse que eu continuava apaixonado pela prima dela, que a gente continuava se vendo e que ainda por cima Felicity estava grávida, ela era capaz de matá-los entende? Digo, Felicity e o bebê que esperava! Eu armei um plano de fingir que tinha uma paixão secreta por uma pessoa desconhecida e assim eu fugiria com Felicity sem ela saber.
- Ok... Então você me usou e tudo bem se ela quisesse ME matar? – Ray apontou pra si mesma. Apesar de estar sentindo um alívio por estar resolvendo aquela história, se sentir usada não é a melhor parte.
- Mas é diferente Rayana, você foi a pessoa perfeita pro plano porque ela nem sabia onde você morava! Você ficou aqui uma semana, logo ia embora e ela nunca ia te ver pessoalmente...
- É, mas você não pensou que eu poderia voltar na casa do meu próprio primo?
- Mas ela tava foragida e... ah, me desculpem por favor eu só vim pra isso! Não queria que tivesse acabado daquele jeito, acreditem em mim, eu fui naquela festa pra tentar proteger vocês!
- O Pedro quase morreu no dia do próprio aniversário, o que você tem a dizer quanto a isso? – já se podia ver o brilho de algumas lágrimas sendo formadas nos olhos de Rayana.
- O que eu tenho a dizer é que eu posso ter causado tudo, mas fui eu que salvei a sua pele cara.
- Hum? – Pedro levou uns tapinhas no ombro e ficou sem entender.
- Quando você tava pendurado lá, os policiais estavam todos lá fora e havia uma policial dentro do sótão da casa. Você foi pego por duas pessoas, uma delas era eu porque os outros policiais não iam entrar na casa, subir as escadas e atravessar todo o corredor em alguns segundos, não é? E convenhamos que a policial que estava lá não ia te puxar sem minha ajuda, sem querer ser machista, claro... Depois chegaram outros policiais que formaram uma muvuca em cima de você, pareciam até fãs da sua banda! Aí eu voltei a ser invisível, quer dizer, eu estava de preto, ficou fácil eu me esconder nas brechinhas escuras...
- Certo, então você ajudou a me puxar... Não espere a minha eterna gratidão, ok?
- Não, eu só quero ouvir vocês dizerem que vão me desculpar e esquecer tudo isso de ruim, só isso!
- Assim... Não é querendo ser repetitivo, mas não rolou nada mesmo entre você e Rayana, né? Você sempre amou a tal da Felicia?
- Erm, não é Felicia, é Felicity.
- Oh, sorry.
- E sim eu a amo. Quanto à Rayana, mesmo que tivesse rolado de verdade algo entre a gente, eu sei que ela nunca ia gostar de mim como gosta de você! – Dean afirmou e fez com que Pedro tivesse que controlar o sorrisinho bobo que queria dar.
- Ok, acho que não tem mais nada pra discutir aqui... Por mim a gente dá isso por encerrado e eu espero que você e a Felicity fiquem bem! – Rayana sorriu e recebeu um abraço de Dean.
- É, caso encerrado – Pedro cumprimentou Dean com um aperto de mão.
- Arthur meu campeão, desculpa ter agarrado sua garota, é que você não sabe como é estressante ficar sendo chamado de fantasma!
- Foi muito mal educado da sua parte, mas tudo bem – Lua respondeu antes de Arthur, vendo que ele torceu a boca ao tocarem nesse assunto. Ela precisou dar um pequeno cutucão nele – Né Arthur?
- É, dessa vez passa... – Arthur se aproximou e também o cumprimentou como nos velhos tempos, quando eles eram amiguinhos de balada.
- Pelo jeito essa moça está conseguindo botar algum juízo em você, huh? Não a deixe escapar! – Dean falou baixo perto do ouvido de Arthur.
- Eu sei dude, ela é minha Felicity...


Dean foi com seu cachorro
Assombração na garupa da moto, disse que ele e Felicity estavam indo morar na Austrália... Depois de tudo, o que restava a fazer era entrar na casa e tentar dormir, amanhã seria um longo dia pra contar tudo aos outros! Os dois casais voltaram pra dentro da casa abraçados.
No sábado à tarde a turma toda voltou pra casa de Micael, o fim de semana passou rápido e logo na segunda de manhã Jamie, Stacey e Molly já se preparavam pra ir embora. Os outros meninos ficaram de passar lá pra se despedir, Jamie viu que quando Chay chegou, Melanie o cumprimentou de longe com um pequeno sorriso e logo sumiu de vista. Segundo ela, Molly estava chamando-a pra ajudar com a mala. Jamie a seguiu e ela simplesmente estava sentada no corredor.
- Oi Mel, o que faz aqui?
- Oi... To sentada no chão, o que mais parece?
- Sei... Por que saiu da sala?
- Ai Jamie, desculpa ta! Estressei!
- Com o que criatura?
- É que eu ia ficar sozinha na sala com o Chay e... – Mel movimentava as mãos pra lá e pra cá desajeitadamente. Eles não estavam brigados nem nada, não estavam se tratando mal, mas apenas pararam de ficar, estavam agindo como um pouco menos que amigos, digamos que... conhecidos!
- Melanie, eu não estou te entendendo! A gente já conversou, o seu caminho pra ficar com ele está mais do que livre!
- Eu sei, não é isso... É que eu tocomvergonhadele!
- Hum? Vergonha do Chay?
- Sabe, eu discuti com você por nada, paguei mico, falei coisas equivocadas, passei os pés pelas mãos! Acho que ele não quer uma menina como eu ao lado.
- Você não vai saber se não perguntar...
- Eu não vou perguntar nada! Nem consigo olhar pra ele!
- JAMIE, SOCORRO A STACEY NÃO ME DEIXA FECHAR MINHA MALA! – as duas ouviram Molly falando alto dentro de um dos quartos.
- Agora sim parece que a Molly precisa de ajuda... – Jamie se levantou e foi ver o que era. Melanie continuou sem se mexer.

- OiMicaelcadêaLua? – Arthur entrou na casa de Micael falando rápido.

- Não sei, procura! – Micael deu de ombros e fechou a porta depois que Arthur passou.
- Como assim não sabe? Ela ta na sua casa, animal!
- Mas é a sua garota, você que devia saber...
- Lesado... – Arthur falou baixo quando Micael deu as costas.
- Loser... – Micael devolveu.
- Hey, vocês se amam mesmo, hein! – Pedro surgiu da cozinha.
- E aí Pedro! É impressão minha ou você sempre aparece da cozinha? – Arthur coçou a cabeça em sinal de dúvida, Pedro se aproximou e lhe deu tapinhas na bochecha. Depois ele sentou ao lado de Chay no sofá e olhou para aquela criatura parada e quieta que estava ali.
- Hey Chay – Pedro lhe deu um leve empurrão no ombro.
- Que?
- Ta estranho cara...
- Eu?
- Não, eu... ACORDA CHAY, SÃO NOVE HORAS DA MANHÃ! – Pedro chacoalhou Chay pelos ombros.
- Dude, deixa o coitado, vai procurar o que fazer! – Micael jogou almofadas neles.
- Já volto. – Chay levantou e andou até a porta da casa. Antes de sair viu Melanie sentada no corredor lá em cima. Ele saiu e sentou na escadinha em frente à porta, os outros ficaram calados, ninguém gostava de ver o Chay apagado assim.
Jamie foi até lá alguns minutos depois e sentou ao lado dele.
- Oi Chay! É impressão minha ou você e Melanie não estão mais como antes?
- O que? Você acha?
- Chay, eu não queria ir embora e deixar vocês assim!
- Ah, fazer o que... Acho que é assim que vai ser agora.
- Não dude! Eu vou me sentir muito mal se eu for embora sem resolver isso aqui!
- Então sinto muito pelo seu mal estar... Eu não posso fazer nada, ela não é mais a fim de mim.
- Isso é mentira! Você pode fazer sim! Conversa com ela!
- Conversar o que? Dá pra contar nos dedos as vezes que ela olhou pra mim nesse fim de semana todo!
- Ela está confusa, você sabe como ela é! O comportamento dela não quer dizer que ela tenha deixado de gostar de você, muito pelo contrário!
- Como assim? Eu juro que eu não entendo! Do que você ta sabendo?
- O que eu to sabendo é que vocês dois estão perdendo tempo! E eu só vou embora tranqüila se você me prometer que vai fazer o que eu vou te dizer agora!
- O que?
- É uma idéia que eu tive...


- Oi Arthur! MICAEL BORGES E SOPHIA ABRAHÃO, SAIAM DE CIMA DELE AGORA! – Lua chegou na sala e viu que os três pareciam brigar por alguma coisa que ela não sabia o que era.

- LU! Eles querem pegar a barra de Snickers que eu comprei pra você! – Arthur se livrou dos outros dois que começaram a rir e dizer que era mentira.
- Jura Arthur? – Lua perguntou com a voz derretida.
- Mentira Lua! Fui eu que comprei e é pra mim mesma, obrigada! – Soph tomou o chocolate da mão de Arthur, Lua se aproximou dele e lhe deu beliscões na barriga.
- Ah ué, eu tentei... – Arthur apenas fazia suas caretas, daquelas que ainda não conseguem enfeiar seu rosto.

Logo Molly, Stacey e Jamie estavam se despedindo de verdade. Elas iam se infiltrar de novo no acampamento como se nada tivesse acontecido e durante a tarde os pais iriam lá buscá-las. Para elas essas foram as melhores férias, realmente foram dias inesquecíveis que elas passaram morando em frente a um mcguy e depois
na casa do mcguy!
- Tchau, obrigada por tudo e desculpem os sustos que fizemos vocês passarem! – Jamie se despedia abraçando todo mundo.
- Imagina... Voltem sempre, mas avisa antes, ta?! – Micael brincou antes de abraçá-la.
- Não falei que ia ser fodástico! – Molly sorriu e passou um braço pelo ombro da Stacey.
- A sua amiga Hannah vai cair pra trás! – Stacey olhou pra Jamie e as três sorriram.
- Quem mandou ela não querer vir?! – Jamie deu de ombros. Elas se juntaram na porta, deram mais tchauzinhos e saíram.

Depois que elas foram embora, Chay olhou pra trás e viu Mel com um largo sorriso aberto. Ela não percebeu o olhar dele até que ele desviou pra algum ponto fixo e passou a sorrir também. Chay agora estava considerando a idéia de Jamie como a última esperança.

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