domingo, 26 de agosto de 2012

Diário de uma anoréxica – Capítulo 6 – Como eu amava aquele menino

 

Me assustei um pouco quando olhei no relógio e vi que já eram 18:20. E ainda faltavam alguns (muitos) detalhes, mas eu tava quase lá. Depois de muita bagunça, muita prova, e muito “esse não” coloquei o vestido que a Soph me deu de aniversário, porque me deixava mais magra. Ele era azul escuro com detalhes pretos, rodado , e um pouco acima dos joelhos. Olhando assim, ela parecia um pouco indescente, mas ficou perfeito em mim. Quando olhei minha cintura que estava um pouco mais fina, reparei que minha dieta tava começando a fazer efeito, mas ainda tava muito longe do meu objetivo.Coloquei uma sandalia, e arrumei o cabelo. O make era bem básico, só um delineado fraquinho. Uma conferida no espelho... Ah, estava perfeito! Quer dizer... quase...

Sai correndo em desparada pelo quarto, e peguei uma caixinha de jóias encima do criado-mudo. Ela tava ali... a pulseira linda que o Arthur tinha me dado. Agora sim! Tava perfeito.

Peguei meu celular, nenhuma chamada perdida.Eu tava pronta, mas se eu ficasse sem alguma coisa pra fazer, ia começar ver defeito em tudo e estragar meu visual perfeito. Então começei a pensar se tava tudo em ordem, e se eu não tinha esquceido de nada. Bom, tinha um detalhe sim, que eu tava tentando adiar.

Desci as escadas ainda um pouco hesitante. Eu não queria quebrar minha dieta, eu tava indo tão bem. Mas eu tava com medo de passar mal naquela noite, e isso era definitivamente a última coisa que eu queria. Eu ia ter que abrir uma excessão, e” jantar” alguma coisa, mas seria por uma causa nobre. Peguei um prato e coloquei exata uma concha de arroz, com três pedacinhos de cenoura. Comi tranquilamente ouvind o tic-tac do relógio acima da geladeira. Lavei minha louça, e deixei no escorredor, pra minha ver que eu tinha comido. Depois subi apressadamente pra escovar os dentes e passar o gloss.

Quando passei pela cama, ouvi meu celular vibrando debaixo da almofada, e logo em seguida a música que eu tinha configurado pro Arthur. Peguei o celular e me joguei na cama, mas logo em seguida eu me auto-repreendi mentalmente por ter bagunçado o cabelo

-Alô – eu disse alegre

- Nossa! Tá animada! Espero que já esteja pronta também – ele disse rindo

- Quaaase

- Quando voces dizem quase...

-Ah seu bobo, faltam só alguns detalhes.Pode me esperar aqui se quiser

- Tá bom, te encontro aí em 10 minutos então, Thau

- Ok, thau

Desliguei o telefone e fiquei ali, rindo comigo mesma... é impressionante como se apaixonar faz agente esqueçer todos os problemas

Fui pro banheiro, escovei os dentes e passei o gloss. Uma última ajustada no cabelo e pronto. Depois fiquei ali algum tempo olhando meu corpo. Até que eu não tava gorda naquele vestido. Fui despertada dos meus pensamentos por um barulho na porta que fez meu coração sair do lugar. Peguei meu celular, e minha bolsinha de mão e sai correndo. Desci as escadas num segundo, mas... frustração total, era minha mãe.

- Nooossa! Quem é o boy? – ela disse perplexa

- Que boy mãe? – eu disse um pouco irritada, jogando a bolsa no sofá

- O motivo desse sorriso, e dessa preparação! Porque claro, você vai sair com alguem...

- É o Arthur – eu disse baixo e rápido, pra evitar reações escandalosas

- Quem?

- O ARTHUUUR! – dessa vez eu gritei

- Meeeu deeeus! Voces estão namorando!!!! – ela disse encantada – eu sabia! Desde o principio, eu sempre soube!!!!

- Mãe... – eu disse pausadamente – a gente não tá namorando, só vamos sair! Só isso!

- Huum, Tá – ela disse sarcasticamente – mas você tá tão linda – ela disse pegando minha mão, pra que eu desse uma “voltinha”

- Obrigada mãe

De repende ouvimos um barulho no portão

- Ele chegou! Vai! Sobe as escadas e quando ele entrar você desce triunfantemente linda - ela disse, me arrancando risadas descontroladas

- Mãe, é só um encontro, não é um baile de 15 anos! – eu disse, tentando me acalmar

- Ah, tá bom!

Depois eu ouvi alguns passos próximos a porta e logo em seguida, uma criatura divina, um anjo, um sei-lá-o-que entrando

- Boa noite – ele disse cumprimentando minha mãe

- Boa noite Arthur!

- Nossa! – ele disse, agora olhando pra mim, e me fazendo ficar no minimo verde – Ér... eu vim buscar a Lu pra gente sair.Vamos numa peça. Tem algum problema?

- Não, claro que não, magina!

- Eu prometo que trago ela cedo – ele disse, me puxando pra perto dele

- Não se preocupem!

Depois daquele momento estranhamente constragedor, eu e o Arthur saimos da minha casa, rindo muito daquela situação.

- Nossa, sua mãe é uma graça

- Ah, ela é legal.

- Bem, agora que estamos liberados... como é que vai ser? – ele perguntou um pouco mais sério

- Não sei, você chamou o táxi?

- Ele já deve tá chegando, vamos esperar aqui – ele disse apontando pra uns banquinhos, numa praça vazia

- Você tá linda – ele disse, me olhando de uma forma diferente... dentro dos olhos, me fazendo ficar sem graça

- Brigada

- Eu já tava sentindo falta de sair com você, agente apronta tanto – ele disse rindo, e me fazendo rir tambem

- Você está se referindo a última vez que saimos, né?

-Também – ele pegou minha mão – mas agente combina muito... nossa! Você ainda tem essa pulseira!

- Sou muito sentimental – eu disse fazendo ele rir

- Quantos anos agente tinha quando eu te dei? Uns 12?

- Por aí...

Depois disso, ficamos nos encarando. Vendo nosso reflexo nos olhos do outro... eu e o Arthur tinhamos uma amizade tão longa... nunca tinhamos namorado, nem se quer ficado, e uma aproximação assim tão repentina era um pouco assustadora, ao mesmo tempo que eu queria aquilo, tinha medo de perder meu amigo. Estavamos com o rosto perigosamente próximo quando o táxi chegou, fazendo agente “acordar” repentinamente.

Fomos o caminho todo alegremente. Abrimos a janela, começamos a cantar, brigar, brincar... ás vezes paravamos de falar e só observavamos a cidade, depois começavámos a brincar de novo. Essa era uma das melhores qualidades do Arthur. Ele te fazia esquecer os problemas, as pessoas... perder a vergonha e ser louco mesmo. No mundo inteiro, tenho certeza de que nunca encontraria ninguem igual a ele.

Quando chegamos no local onde seria a peça, ficamos ainda um bom tempo numa fila pra comprar os ingressos que ele fez questão de pagar.

- Ah, finalmente! – ele disse admirado, quando passamos por um corredor escuro que levava as arquibancadas

- Tô com medo – eu disse manhosa, me aproximando dele, que me abraçou

- Eu tô aqui – depois me deu um beijo na bochecha... foi como morder um pedaço de nuvem... um sensação maravilhosa

Sentamos nos nossos lugares, e a peça começou. O Arthur como sempre, me surpreendeu, a peça era maravilhosa, encantadora, linda... nossa, como eu amava aquele menino. Ele sabia exatamente tudo o que eu gostava. A peça durou aproximadamente 1 hora. Uma das melhores da minha vida... ele criou um dos momentos mais lindos que eu já vivi... sentir a mão do Arthur na minha, apoiar minha cabeça no seu ombro e assitir aquilo... nooossa, como eu amava aquele menino [2]

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