segunda-feira, 16 de abril de 2012

Addicted


 22° Capitulo



‘Diego, não faz assim que vai amassar sua roupa, meu amor!’ Falei pegando Diego no colo e sentando-o no sofá. Arrumei sua roupinha de marinheiro e sorri comigo mesma pensando no quão rápido meu filho estava crescendo, essa seria sua primeira apresentação na escola.
‘Vamos?’ Ele falou animado.
‘Vai lá apressar o papai.’ O coloquei no chão e ele saiu correndo pro quarto.

Fiquei alguns minutos sentada no sofá olhando a tv desligada na minha frente. Quase um mês já tinha se passado desde o meu aniversário e olhar pra Arthur ainda era difícil, seu olhar ainda era o mesmo olhar magoado e eu sentia meu coração apertado cada vez que falava com ele.
‘Vaaamos, pai.’ Ouvi a voz de Diego e ele apareceu na sala puxando Arthur pela mão.
‘Que pressa, parece até que vai casar!’ Ele falou rindo. ‘Vamos né?’ Ele me olhou e eu concordei sorrindo fraco.

‘Boa noite!’ Uma senhora sorridente estava na porta da escola e nos recebeu sorrindo. ‘Qual o nome dele?’ Ela olhou pra Diego.
‘Diego Aguiar’ Arthur respondeu e ela anotou alguma coisa em uma prancheta.
‘Vamos, Diego? As crianças estão reunidas em uma sala.’ Ela nos explicou e concordamos.
‘Hey, se comporta, príncipe!’ Sorri e ele concordou. Arthur deu um beijo em sua testa e a senhora o levou pelo corredor.
Ficamos ali parados em um silêncio que já tinha se tornado muito mais do que constrangedor, cada um olhava em uma direção.

‘Lua!’ Ouvi uma voz e me virei encontrando uma loira sorridente.
‘Sharon!’ Sorri e ela me abraçou. ‘Quanto tempo!’ Falei sorrindo e ela concordou.
‘Arthur, tudo bem?’ Ela sorriu e Arthur deu um leve aceno simpático. ‘Então, viemos babar um pouco nas nossas crias!’ Ela se virou pra mim novamente e eu concordei.
‘Como anda a Kaitlyn?’ Perguntei me referindo a filha dela.
‘Tudo bem, tá enorme, Lu! To me sentindo tão velha!’ Ela fez uma cara dramática e eu ri.
‘Que nada, Sharon, você tá ótima!’ Falei sincera, ela de fato não aparentava ter mais de 25 e na verdade já tinha quase 30.
‘Lu, eu vou ali pegar alguma coisa pra beber.’ Arthur falou passando a mão pelo cabelo e eu concordei. ‘Você quer alguma coisa?’
‘Não, brigada.’ Sorri fraco e ele balançou a cabeça se afastando. Fiquei o observando por alguns instantes até Sharon atrair novamente minha atenção e nós começarmos uma conversa animada sobre nossos filhos.

Ficamos ali jogando conversa fora durante mais de meia hora, olhei o relógio preocupada por Arthur ainda não ter voltado e quando virei minha cabeça em direção a mesa de comidas o vi numa conversa animada com uma ruiva que aparentava ter a nossa idade.
Os dois riam enquanto conversavam e ela constantemente tocava o braço de Arthur enquanto falava. Respirei fundo e desviei meu olhar para o pequeno palco montado no meio do pátio, em alguns minutos a apresentação iria começar. Sharon já tinha encontrado outras mães e conversava animadamente enquanto eu continuava parada, sozinha tentando não olhar pra Arthur e a ruiva.
Novamente olhei discretamente na direção de Arthur e vi que a ruiva falava alguma coisa em seu ouvido fazendo-o rir. Senti todo o sangue existente no meu corpo subir pra cabeça e se não fosse pela voz da diretora eu teria esbofeteado aquela ruiva de farmácia.
‘Atenção senhores pais e convidados, a apresentação começará em cinco minutos, queiram se acomodar, por favor.’ Ela sorriu e desceu do palco.
Caminhei até Arthur e a ruiva me mediu de cima abaixo.
‘Arthur, é melhor a gente ir sentar.’ Falei séria e ele concordou.
‘Quer se sentar com a gente, Rachel?’ Ele sorriu para a ruiva e eu quase gritei.
‘Ah, eu adoraria, se não for incomodo!’ Ela me olhou com uma cara inocente e eu sorri cinicamente.
‘Incomodo nenhum, querida.’ Dei ênfase na ultima palavra e ela sorriu.
Caminhei até algumas cadeiras que estavam enfileiradas e sentei cruzando as pernas e os braços, Arthur sentou ao meu lado e a Rachel do lado dele.
‘Então Arthur, você quer ter mais filhos?’ A vadi... ops, a Rachel perguntou sorrindo e eu tive vontade de enfiar uma bola de meia na boca dela, aquela voz de taquara raxada era totalmente irritante.
‘Ah não sei, ainda to novo pra pensar nisso.’ Ele passou a mão pela nuca bagunçando os cabelos e ela sorriu.
‘É, tem razão, ainda estamos muito jovens pra pensar nisso.’ Ela botou a mão na perna dele e eu a olhei incrédula. Porque diabos ela tinha falado como se referisse a ela e ao Arthur? E mais, porque diabos ela tava com a mão na perna dele?
Achei que Arthur fosse delicadamente afastar a mão dela, mas não, ele deixou aonde estava. Bufei balançando as pernas freneticamente e pra minha sorte a apresentação começou, fazendo a vaca ruiva se calar.

A peça era separada por alguns atos e Diego já tinha aparecido umas três vezes. Ele falava pouca coisa por ser menorzinho, mas estava se saindo ótimo, eu sorria boba cada vez que ele aparecia.
‘Arthur, seu filho é lindo!’ Rachel comentou no final do segundo ato ainda com a mão na perna dele.
‘Sim, nosso filho é mesmo lindo, não é, Arthur?’ Me intrometi sorrindo cinicamente e Arthur deu um sorriso discreto.
‘Ele puxou aos genes do pai.’ Ele comentou e olhou pra mim me fazendo bufar. Rachel abafou um risinho e a minha vontade de quebrar a cara dela se multiplicou. ‘Mas a sua filha também é linda, Rach.’ Ele comentou sorrindo e eu fiz careta sem que eles vissem.
‘Ah, brigada.’ Ela fingiu uma cara tímida.
‘E o pai dela?’ Perguntei me intrometendo novamente.
‘Ah, a gente é separado. Namoramos durante alguns anos, mas não deu certo.’ Ela deu de ombros.
‘Imagino por que!’ Falei sorrindo cinicamente e ela me olhou com a sobrancelha arqueada. Abriu a boca pra responder alguma coisa, mas na hora as luzes se apagaram anunciando um novo ato.
Arthur novamente me olhou de canto de olho com um sorriso discreto e um tanto quanto irritante.

Meia hora ouvindo aquela voz, meia hora agüentando o risinho irritante dela, meia hora vendo ela se jogar em cima do Arthur. Nunca meia hora passou tão devagar, quando a peça acabou eu tive que agradecer apesar de estar amando ver meu filho se apresentar.
‘Eeei, príncipe!’ Sorri pegando Diego no colo. ‘Você tava lindo, meu amor!!’ Distribui beijos pelo rosto dele que riu alto.
‘Esse é meu garoto!’ Arthur sorriu passando a mão na cabeça do filho. ‘Se continuar assim vai conquistar todas as garotas dessa escola.’ Ele riu.
‘Então, esse é o Diego?’ Rachel apareceu com uma garotinha de cabelos tão vermelhos quanto os dela no colo.
‘Rach, esse aqui é o meu garoto!’ Arthur sorriu. ‘Imagino que essa seja a Jessy!’ Ele passou a mão pela cabeça da miniatura ruiva e Rachel confirmou sorrindo. ‘Que menina linda, parece com a mãe.’ Ele falou naturalmente e eu arregalei os olhos sentindo uma pontada no peito. Impressão minha ou ele jogou uma indireta praquele projeto de dragão, bem na minha frente?
‘Brigada!’ A menininha falou sorrindo simpaticamente.
‘Então, a gente precisa ir.’ Rachel falou. ‘Arthur, me passa seu telefone, quem sabe a gente pode marcar de se encontrar para as crianças brincarem!’ Ela sorriu da forma mais tarada possível, e eu tive que contar até dez pra não voar no pescoço dela.
‘Claro, anota aí!’ Arthur falou animado e eu bufei saindo de perto. Meus olhos já estavam marejados e ardendo de tanto eu tentar segurar as lágrimas.
Fui com Diego até o portão da escola e fiquei lá observando Arthur e Rachel de longe.
Dez minutos depois entramos no carro em silêncio, Diego estava praticamente dormindo. Liguei o rádio baixinho e deitei um pouco o banco. ( Crushcrushcrush - Paramore )


“I got a lot to say to you
( Eu tenho muito a dizer pra você, yeah )
Yeah I got a lot to say
( Eu tenho muito a dizer )
I notice your eyes are always glued to me
( Eu percebi que seus olhos estão sempre grudados em mim )
Keeping them here and it makes no sense at all
( Mantendo-os aqui e isso não faz sentido )”

“They taped over your mouth
( Eles taparam sua boca )
Scribbled out the truth with their lies
( Reescreveram a verdade com as mentiras deles )
Your little spies
( Seus pequenos espiões )”


‘Legal a Rachel, né?’ Arthur comentou sem desviar o olhar do trânsito.
‘Ô, se é.’ Falei sem disfarçar a ironia e ele novamente me lançou aquele sorrisinho irritante.
‘Acho que o Diego se daria bem com a filha dela.’ Continou falando e eu fechei os olhos irritada.
‘Eu acho que não.’ Falei séria.


“Crush, crush, crush, crush, crush, crush”

“Nothing compares to a quiet evening alone
( Nada se compara a uma tarde calma sozinhos )
Just the one, two I was just counting on
( Apenas uma, duas, eu apenas estava contando )
That never happens I guess I'm dreaming again
( Isso nunca acontece acho que estou sonhando de novo )
Let's be more than, this
( Vamos ser mais do que, isso )”



‘Achei ela super em forma pra uma mãe, e bem novinha também.’ Ele novamente comentou e eu abri os olhos o observando. Ele olhava o transito a sua frente e mantinha um sorriso no canto da boca.
‘É, algumas tem sorte de não serem afetadas pela gravidade.’ Falei irritada e quase mandei Arthur pra um lugar feio. Ouvi ele soltar um risinho abafado e bufei fechando os olhos novamente.

If you wanna play it like a game
( Se você quer jogar isso como um jogo )
Well come on, come on let's play
( Vamos lá, vamos lá, vamos jogar )
Cause I'd rather waste my life pretending
( Porque eu prefiro desperdiçar minha vida fingindo )
Than have to forget you for one whole minute
( A ter que te esquecer por um minuto sequer )


They taped over your mouth
( Eles taparam sua boca )
Scribbled out the truth with their lies
( Reescreveram a verdade com as mentiras deles )
Your little spies
( Seus pequenos espiões )


“Crush, crush, crush, crush, crush, crush”

“Nothing compares to a quiet evening alone
( Nada se compara a uma tarde calma sozinhos )
Just the one, two I was just counting on
( Apenas uma, duas, eu apenas estava contando )
That never happens I guess I'm dreaming again
( Isso nunca acontece acho que estou sonhando de novo )
Let's be more than, this
( Vamos ser mais do que, isso )”

“Rock and roll baby
( Rock and roll, baby )
Don't you know that we're all alone now
( Você não sabe que estamos sozinhos agora? )
I need something to sing about
( Eu preciso de algo para cantar )”

Chegamos em casa e subimos até o apartamento em silêncio, Diego dormia tranquilamente no colo de Arthur. Quando entramos em casa fui direto pro quarto enquanto Arthur foi botar o filho na cama.
Entrei no banheiro pra trocar de roupa e escovar os dentes, quando saí Arthur estava no quarto só de boxers. Nas ultimas semanas ele raramente entrara no quarto quando eu estava lá. Entrou no banheiro e saiu poucos minutos depois deitando do meu lado na cama e virando-se de costas pra mim. Fiquei alguns minutos encarando o nada pensando em uma razão pra ele simplesmente voltar a dormir ao meu lado naquela cama, depois de semanas sem fazer isso.
A imagem de Rachel me veio na cabeça e eu bufei fechando os olhos tentando afastar as imagens de mais cedo da minha cabeça.

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