23° Capitulo
‘Boa noite, John!’ Cumprimentei o porteiro
sorrindo e subi o elevador me escorando na parede. Estava chegando cada dia mais
tarde do estágio, mal tinha tempo pra estudar e na próxima semana teria várias
provas na faculdade, ainda bem que era sexta feira, iria aproveitar o fim de
semana pra comer livros.
Entrei em casa sentindo um alivio e uma alegria enorme, Diego estava desenhando sentado no chão da sala e eu me sentei ao seu lado.
‘Olha o dágão!’ Ele falou apontando pra um desenho e eu ri.
‘Nossa, que dragão lindo, meu amor!’ Falei pegando o papel. ‘E isso aqui, é o que?’ Perguntei apontando outro papel que estava por ali.
‘É o leão!’ Ele sorriu.
‘Aaah, desse jeito você vai virar um pintor, príncipe!’ Falei olhando os outros desenhos espalhados pelo chão da sala. ‘A mamãe vai tomar um banho e já vem, tá bom?’ Dei um beijo na cabeça dele e o deixei na sala.
Quando entrei no quarto senti um perfume e sorri instantaneamente. Se algum dia eu quisesse ficar chapada, sem duvidas usaria o perfume do Arthur para isso. Quando passei pela porta do banheiro o vi arrumando o cabelo em frente ao espelho, estava arrumado, com uma calça escura, uma camisa vermelha e um casaco bege com o zíper aberto. Mordi o lábio desviando minha atenção e fui até o armário pegar uma roupa.
‘Hey!’ Ele falou saindo do banheiro e eu sorri fraco. ‘Como você consegue fazer meu cabelo ficar daquele jeito?’ Ele passou a mão pelo cabelo bagunçando-o. Arthur sempre acabava me pedindo pra arrumar o cabelo dele, ele dizia que só eu conseguia arruma-lo dojeito certo.
‘Vem aqui.’ Falei apontando pra cama e ele se sentou. Comecei a passar a mão pelo cabelo dele arrumando-o como Arthur gostava. Ele mantinha os olhos fechados e um sorriso no canto da boca que me fez sorrir sem querer. ‘Pronto.’ Falei ajeitando o capuz do casaco dele.
‘Brigada.’ Ele sorriu e eu balancei a cabeça.
‘Eu vou tomar banho, olha o Diego lá na sala?’ Pedi entrando no banheiro e ele concordou saindo do quarto.
Saí do banho minutos depois ouvindo uma voz masculina na sala, e não era a de Arthur. Penteei meu cabelo e fui até a sala encontrando Pedro sentado no sofá brincando com Diego.
‘Hey, Pedro!’ Sorri dando dois beijinhos em suas bochechas.
‘Iai, Lu, tudo bem?’ Ele perguntou enquanto eu sentava na poltrona encolhendo as pernas e abraçando os joelhos, eu sorri confirmando e ele voltou a brincar com Diego. Estava tão arrumado quanto Arthur, provavelmente iriam pro mesmo lugar.
‘Arthur, não é melhor a gente pegar um táxi?’ Pedro perguntou rindo quando Arthur saiu da cozinha. Ele apenas deu um pedala no amigo e eu nem desviei o olhar da televisão. ‘É sério, dude, eu não garanto que eu consiga dirigir na volta.’ Falou ainda rindo.
‘Vamos logo, cara.’ Arthur bufou.
‘Vamos!’ Pedro respondeu animado. ‘Tchau, Diego!’ Ele botou Diego no sofá novamente e me deu um beijo na cabeça. ‘Tchau, Lu, se cuida!’
‘Tchau, Pedro!’ Sorri fraco.
Olhei pra Arthur na porta e ele me lançou um olhar que eu não saberia dizer se era de culpa ou de decepção. Levantei a mão num aceno breve e ele sorriu fraco fechando a porta em seguida.
‘Mulheres!’ Ouvi a voz de Pedro vinda do corredor.
‘Sh, pára dude!’ Arthur falou no mesmo tom e joguei uma almofada na porta com vontade de xingar os dois.
Fiquei algum tempo na sala com Diego, até ele adormecer. Pensei em assistir tv, mas lembrei das provas que teria na semana seguinte e fiquei na sala lendo o livro, ou melhortentanto ler o livro. Tentei sentar com as pernas cruzadas, com as pernas esticadas, deitei de barriga pra cima, de barriga pra baixo, me apoiei nos cotovelos, mas nada adiantava. Eu lia uma pagina e quando chegava no final percebia que tinha passado o tempo todo imaginando onde Arthur estava e principalmente com quem ele estava. Bufei deixando o livro no sofá e abracei minhas pernas encostando a cabeça nos joelhos.
‘A culpa disso tudo é sua, só sua Lua. Arque com as conseqüências de suas besteiras, sua lerda, idiota!’ Falei em voz alta como se tivesse conversando com alguém.
Tinha vontade de gritar, mas já eram quase meia noite e eu provavelmente seria xingada por toda vizinhança, além de acordar meu filho. Fui até a cozinha, peguei um pote de Nutella e uma colher, e voltei pra sala sentando no sofá e ligando a tv.
‘Isso, agora se entope de chocolate e vira logo uma baleia. Quem sabe assim o Arthur não te dá um chute de uma vez.’ Falei novamente conversando comigo mesma.
Fiquei vendo algum seriado idiota e adolescente até quase acabar o pote inteiro de Nutella. Fiz careta olhando o pote quase vazio e o guardei na geladeira. Voltei pra sala e continuei assistindo qualquer coisa que passava na tv e eu nem ao menos sabia o que era. Olhei pro livro jogado no canto do sofá e respirei fundo desligando a tv.
‘Concentre-se, Lua. Você consegue!’ Falei sorrindo e abri o livro novamente.
Depois de algumas, talvez muitas, tentativas frustradas eu finalmente consegui me concentrar um pouco.
Ouvi um barulho no hall e corri pra porta olhando pelo olho mágico. Ao invés de ver Arthur, apenas os vizinhos conversavam antes de entrar no apartamento da frente. Bufei frustrada e me torturando por estar tão nervosa e ansiosa.
Fiquei alguns minutos, que mais pareceram horas, tentando novamente me concentrar no livro, mas dessa vez nada deu certo. Me levantei irritada e fui pro quarto.
Guardei o livro e deitei na cama abraçando o travesseiro de Arthur, nem tive tempo de pensar em nada e no segundo seguinte já estava chorando e abafando os soluços no travesseiro. Olhei pro puff no canto do quarto e vi o urso enorme que Arthur tinha me dado de aniversário, senti uma pontada no peito que só fez meu choro aumentar ainda mais.
‘Saaaaaco!’ Dei um grito abafado por causa do travesseiro. ‘Porcaria de vida que mais parece uma novela mexicana!’ Falei encarando o teto.
‘Lu, essa aqui é a Rachel, minha nova namorada.’ Arthur sorriu de mãos dadas com a ruiva. Senti meu peito ser esmagado e meus olhos encherem de lágrimas.
‘Ai, Arthur, agora eu sou madrasta do Diego, tenho certeza que serei como uma mãe pra ele!’ Rachel falou com um sorriso vitorioso no rosto e eu tinha vontade de gritar, mas não conseguia.
Olhei pros lados procurando Diego, mas não consegui enxergá-lo em lugar nenhum. Quando olhei novamente pra frente vi Rachel com Diego no colo e Arthur com Jessy em seu colo.
‘Diego!!’ Tentei andar até eles, mas os quatro pareciam cada vez mais longe. ‘Diego!!!’ Eu gritava, mas não parecia sair nenhum som de minha boca. Os quatro sorriam como uma família feliz e Diego abraçava Rachel.
‘NÃO!!’ Gritei sentando rapidamente na cama. Minha respiração era pesada e eu estava suando apesar de estar frio. Passei a mão pelo rosto olhando em volta e vi que estava sozinha em meu quarto.
Fiquei alguns minutos sentada encarando o breu na minha frente e tentando regular novamente a respiração. Me levantei ainda um pouco assustada com o sonho, ou melhor, opesadelo e fui até o banheiro passar uma água no rosto. Fiquei encarando minha imagem no espelho durante alguns minutos, até fazer uma careta e voltar pro quarto.
Deitei novamente na cama tentando esquecer aquela droga de pesadelo, virei de lados diversas vezes, tentei abraçar o travesseiro do Arthur pra ver se dormia mais rápido, mas nada deu certo.
Peguei o laptop e entrei em algum site de fofocas, quem sabe lendo algumas fofocas cabeludas de algum artista eu não esquecia um pouco do Arthur, da Rachel ou de qualquer outra coisa. Achei que fosse encontrar um super babado em algum site, mas tudo que eu via me parecia inútil.Fechei as janelas da internet e resolvi jogar pinball pra tentar me distrair, a essa altura eu já não tinha sono nenhum, parecia que eu tinha acabado de acordar um sono de pelo menos vinte horas.
Minha vista já estava cansada e minha cabeça começava a doer, resolvi desligar o laptop e ir até a cozinha tomar um copo de leite, isso nunca realmente me deu sono, mas quem sabe era meu dia de sorte. Ri sarcasticamente do meu pensamento idiota. Sorte... essa palavra foi abolida do meu dicionário a alguns anos!
Deixei o leite esquentar durante alguns minutos e fui no quarto novamente pegar o livro, não custava tentar estudar um pouco.
Botei o leite em uma caneca e fui sentar na grande poltrona que tinha na sala, ela era completamente aconchegante e ideal pra estudar. Encolhi as pernas sentindo frio e comecei a minha tentativa de estudar. Dessa vez não demorou tanto pra eu conseguir me concentrar nas pequenas letrinhas que me seriam úteis algum dia.
Estava tão absorta no livro que só percebi a chegada de Arthur quando ele já estava entrando em casa.
‘Ainda acordada?’ Ele me olhou estranho. Aparentemente ele estava bem, mas quando chegou mais perto pude sentir o cheiro de álcool e cigarro, provavelmente estava em algum pub.
‘Prova semana que vem.’ Mostrei o livro e ele balançou a cabeça concordando. Foi até a cozinha e saiu e lá poucos minutos depois indo até o quarto.
Voltei minha atenção para o livro, mas minha concentração já tinha ido pro espaço. Respirei fundo fechando os olhos e tentei começar a ler novamente.
‘Lu!’ Ouvi a voz de Arthur e ele apareceu na sala rindo com um braço levantado. ‘Acho que fiquei preso!’ Ele ria alto um tanto quanto alterado pela bebida.
‘Cala boca, Arthur. Assim você vai acordar o Diego.’ Falei me levantando e o olhando séria.
‘Desculpa!’ Ele fez aquela típica cara de inocente bêbado cheio de culpa. ‘Mas olha aqui, o casaco prendeu!’ Ele riu agora mais baixo e eu bufei chegando mais perto e constatando que o cheiro de álcool estava mais forte do que eu pensava.
‘Prendeu na costura da camisa, vem aqui.’ Falei o puxando e abaixando seu braço que ainda estava levantado. Comecei a desprender a costura do zíper, até notar duas marquinhas roxas em seu pescoço. Meu susto foi tão grande que eu deixei sair um som baixo de minha boca.
‘Que foi?’ Ele me olhou assustado.
‘Na-nada.’ Gaguejei com as mãos tremendo.
Levei vários minutos pra conseguir desprender o que normalmente faria em alguns segundos. Além das mãos que não paravam de tremer, as drogas de lágrimas insistiam em embaçar minha vista enquanto eu lutava pra que nenhuma delas caísse.
‘Pronto.’ Falei baixo quando finalmente consegui soltar a costura do zíper.
‘Brigada! Vou dormir, boa noite.’ Ele falou tirando o casaco e eu apenas balancei a cabeça ainda estática no mesmo lugar.
Levei minha mão à boca e senti uma lágrima teimosa correr por meu rosto. Minhas pernas fraquejaram e eu senti no sofá ainda olhando pro nada sem reação alguma.
Lembrei do pesadelo com a Rachel e tentei convencer a mim mesma que seria coincidência demais ele ter encontrado com a Rachel, mas e se... e se ele a tivesse chamado pra sair? E se aquelas marcas no pescoço dele tivessem sido deixadas por ela ?
Passei rapidamente a mão pelo rosto quando ouvi os passos de Arthur se aproximando.
‘Não vai dormir?’ Ele perguntou entrando na cozinha.
‘Vou.’ Falei baixo me levantando.
Peguei o livro que estava na poltrona e caminhei devagar até o quarto. Ouvi Arthur fechar a porta do quarto de hospedes já que ele só tinha resolvido dormir comigo no dia da apresentação de Diego, depois disso voltou ao quarto em frente ao meu, até hoje me pergunto se aquilo tudo foi só pra me provocar.
Deitei na cama encarando teto e várias imagens de diferentes garotas beijando o pescoço de Arthur vieram em minha cabeça. Esfreguei os olhos na tentativa de afastar aqueles pensamentos, mas eles insistiam em ficar rodando em minha cabeça.
Nem sei que horas eu consegui finalmente dormir, sentindo minha cabeça latejar e o quarto girar em volta de mim
Entrei em casa sentindo um alivio e uma alegria enorme, Diego estava desenhando sentado no chão da sala e eu me sentei ao seu lado.
‘Olha o dágão!’ Ele falou apontando pra um desenho e eu ri.
‘Nossa, que dragão lindo, meu amor!’ Falei pegando o papel. ‘E isso aqui, é o que?’ Perguntei apontando outro papel que estava por ali.
‘É o leão!’ Ele sorriu.
‘Aaah, desse jeito você vai virar um pintor, príncipe!’ Falei olhando os outros desenhos espalhados pelo chão da sala. ‘A mamãe vai tomar um banho e já vem, tá bom?’ Dei um beijo na cabeça dele e o deixei na sala.
Quando entrei no quarto senti um perfume e sorri instantaneamente. Se algum dia eu quisesse ficar chapada, sem duvidas usaria o perfume do Arthur para isso. Quando passei pela porta do banheiro o vi arrumando o cabelo em frente ao espelho, estava arrumado, com uma calça escura, uma camisa vermelha e um casaco bege com o zíper aberto. Mordi o lábio desviando minha atenção e fui até o armário pegar uma roupa.
‘Hey!’ Ele falou saindo do banheiro e eu sorri fraco. ‘Como você consegue fazer meu cabelo ficar daquele jeito?’ Ele passou a mão pelo cabelo bagunçando-o. Arthur sempre acabava me pedindo pra arrumar o cabelo dele, ele dizia que só eu conseguia arruma-lo dojeito certo.
‘Vem aqui.’ Falei apontando pra cama e ele se sentou. Comecei a passar a mão pelo cabelo dele arrumando-o como Arthur gostava. Ele mantinha os olhos fechados e um sorriso no canto da boca que me fez sorrir sem querer. ‘Pronto.’ Falei ajeitando o capuz do casaco dele.
‘Brigada.’ Ele sorriu e eu balancei a cabeça.
‘Eu vou tomar banho, olha o Diego lá na sala?’ Pedi entrando no banheiro e ele concordou saindo do quarto.
Saí do banho minutos depois ouvindo uma voz masculina na sala, e não era a de Arthur. Penteei meu cabelo e fui até a sala encontrando Pedro sentado no sofá brincando com Diego.
‘Hey, Pedro!’ Sorri dando dois beijinhos em suas bochechas.
‘Iai, Lu, tudo bem?’ Ele perguntou enquanto eu sentava na poltrona encolhendo as pernas e abraçando os joelhos, eu sorri confirmando e ele voltou a brincar com Diego. Estava tão arrumado quanto Arthur, provavelmente iriam pro mesmo lugar.
‘Arthur, não é melhor a gente pegar um táxi?’ Pedro perguntou rindo quando Arthur saiu da cozinha. Ele apenas deu um pedala no amigo e eu nem desviei o olhar da televisão. ‘É sério, dude, eu não garanto que eu consiga dirigir na volta.’ Falou ainda rindo.
‘Vamos logo, cara.’ Arthur bufou.
‘Vamos!’ Pedro respondeu animado. ‘Tchau, Diego!’ Ele botou Diego no sofá novamente e me deu um beijo na cabeça. ‘Tchau, Lu, se cuida!’
‘Tchau, Pedro!’ Sorri fraco.
Olhei pra Arthur na porta e ele me lançou um olhar que eu não saberia dizer se era de culpa ou de decepção. Levantei a mão num aceno breve e ele sorriu fraco fechando a porta em seguida.
‘Mulheres!’ Ouvi a voz de Pedro vinda do corredor.
‘Sh, pára dude!’ Arthur falou no mesmo tom e joguei uma almofada na porta com vontade de xingar os dois.
Fiquei algum tempo na sala com Diego, até ele adormecer. Pensei em assistir tv, mas lembrei das provas que teria na semana seguinte e fiquei na sala lendo o livro, ou melhortentanto ler o livro. Tentei sentar com as pernas cruzadas, com as pernas esticadas, deitei de barriga pra cima, de barriga pra baixo, me apoiei nos cotovelos, mas nada adiantava. Eu lia uma pagina e quando chegava no final percebia que tinha passado o tempo todo imaginando onde Arthur estava e principalmente com quem ele estava. Bufei deixando o livro no sofá e abracei minhas pernas encostando a cabeça nos joelhos.
‘A culpa disso tudo é sua, só sua Lua. Arque com as conseqüências de suas besteiras, sua lerda, idiota!’ Falei em voz alta como se tivesse conversando com alguém.
Tinha vontade de gritar, mas já eram quase meia noite e eu provavelmente seria xingada por toda vizinhança, além de acordar meu filho. Fui até a cozinha, peguei um pote de Nutella e uma colher, e voltei pra sala sentando no sofá e ligando a tv.
‘Isso, agora se entope de chocolate e vira logo uma baleia. Quem sabe assim o Arthur não te dá um chute de uma vez.’ Falei novamente conversando comigo mesma.
Fiquei vendo algum seriado idiota e adolescente até quase acabar o pote inteiro de Nutella. Fiz careta olhando o pote quase vazio e o guardei na geladeira. Voltei pra sala e continuei assistindo qualquer coisa que passava na tv e eu nem ao menos sabia o que era. Olhei pro livro jogado no canto do sofá e respirei fundo desligando a tv.
‘Concentre-se, Lua. Você consegue!’ Falei sorrindo e abri o livro novamente.
Depois de algumas, talvez muitas, tentativas frustradas eu finalmente consegui me concentrar um pouco.
Ouvi um barulho no hall e corri pra porta olhando pelo olho mágico. Ao invés de ver Arthur, apenas os vizinhos conversavam antes de entrar no apartamento da frente. Bufei frustrada e me torturando por estar tão nervosa e ansiosa.
Fiquei alguns minutos, que mais pareceram horas, tentando novamente me concentrar no livro, mas dessa vez nada deu certo. Me levantei irritada e fui pro quarto.
Guardei o livro e deitei na cama abraçando o travesseiro de Arthur, nem tive tempo de pensar em nada e no segundo seguinte já estava chorando e abafando os soluços no travesseiro. Olhei pro puff no canto do quarto e vi o urso enorme que Arthur tinha me dado de aniversário, senti uma pontada no peito que só fez meu choro aumentar ainda mais.
‘Saaaaaco!’ Dei um grito abafado por causa do travesseiro. ‘Porcaria de vida que mais parece uma novela mexicana!’ Falei encarando o teto.
‘Lu, essa aqui é a Rachel, minha nova namorada.’ Arthur sorriu de mãos dadas com a ruiva. Senti meu peito ser esmagado e meus olhos encherem de lágrimas.
‘Ai, Arthur, agora eu sou madrasta do Diego, tenho certeza que serei como uma mãe pra ele!’ Rachel falou com um sorriso vitorioso no rosto e eu tinha vontade de gritar, mas não conseguia.
Olhei pros lados procurando Diego, mas não consegui enxergá-lo em lugar nenhum. Quando olhei novamente pra frente vi Rachel com Diego no colo e Arthur com Jessy em seu colo.
‘Diego!!’ Tentei andar até eles, mas os quatro pareciam cada vez mais longe. ‘Diego!!!’ Eu gritava, mas não parecia sair nenhum som de minha boca. Os quatro sorriam como uma família feliz e Diego abraçava Rachel.
‘NÃO!!’ Gritei sentando rapidamente na cama. Minha respiração era pesada e eu estava suando apesar de estar frio. Passei a mão pelo rosto olhando em volta e vi que estava sozinha em meu quarto.
Fiquei alguns minutos sentada encarando o breu na minha frente e tentando regular novamente a respiração. Me levantei ainda um pouco assustada com o sonho, ou melhor, opesadelo e fui até o banheiro passar uma água no rosto. Fiquei encarando minha imagem no espelho durante alguns minutos, até fazer uma careta e voltar pro quarto.
Deitei novamente na cama tentando esquecer aquela droga de pesadelo, virei de lados diversas vezes, tentei abraçar o travesseiro do Arthur pra ver se dormia mais rápido, mas nada deu certo.
Peguei o laptop e entrei em algum site de fofocas, quem sabe lendo algumas fofocas cabeludas de algum artista eu não esquecia um pouco do Arthur, da Rachel ou de qualquer outra coisa. Achei que fosse encontrar um super babado em algum site, mas tudo que eu via me parecia inútil.Fechei as janelas da internet e resolvi jogar pinball pra tentar me distrair, a essa altura eu já não tinha sono nenhum, parecia que eu tinha acabado de acordar um sono de pelo menos vinte horas.
Minha vista já estava cansada e minha cabeça começava a doer, resolvi desligar o laptop e ir até a cozinha tomar um copo de leite, isso nunca realmente me deu sono, mas quem sabe era meu dia de sorte. Ri sarcasticamente do meu pensamento idiota. Sorte... essa palavra foi abolida do meu dicionário a alguns anos!
Deixei o leite esquentar durante alguns minutos e fui no quarto novamente pegar o livro, não custava tentar estudar um pouco.
Botei o leite em uma caneca e fui sentar na grande poltrona que tinha na sala, ela era completamente aconchegante e ideal pra estudar. Encolhi as pernas sentindo frio e comecei a minha tentativa de estudar. Dessa vez não demorou tanto pra eu conseguir me concentrar nas pequenas letrinhas que me seriam úteis algum dia.
Estava tão absorta no livro que só percebi a chegada de Arthur quando ele já estava entrando em casa.
‘Ainda acordada?’ Ele me olhou estranho. Aparentemente ele estava bem, mas quando chegou mais perto pude sentir o cheiro de álcool e cigarro, provavelmente estava em algum pub.
‘Prova semana que vem.’ Mostrei o livro e ele balançou a cabeça concordando. Foi até a cozinha e saiu e lá poucos minutos depois indo até o quarto.
Voltei minha atenção para o livro, mas minha concentração já tinha ido pro espaço. Respirei fundo fechando os olhos e tentei começar a ler novamente.
‘Lu!’ Ouvi a voz de Arthur e ele apareceu na sala rindo com um braço levantado. ‘Acho que fiquei preso!’ Ele ria alto um tanto quanto alterado pela bebida.
‘Cala boca, Arthur. Assim você vai acordar o Diego.’ Falei me levantando e o olhando séria.
‘Desculpa!’ Ele fez aquela típica cara de inocente bêbado cheio de culpa. ‘Mas olha aqui, o casaco prendeu!’ Ele riu agora mais baixo e eu bufei chegando mais perto e constatando que o cheiro de álcool estava mais forte do que eu pensava.
‘Prendeu na costura da camisa, vem aqui.’ Falei o puxando e abaixando seu braço que ainda estava levantado. Comecei a desprender a costura do zíper, até notar duas marquinhas roxas em seu pescoço. Meu susto foi tão grande que eu deixei sair um som baixo de minha boca.
‘Que foi?’ Ele me olhou assustado.
‘Na-nada.’ Gaguejei com as mãos tremendo.
Levei vários minutos pra conseguir desprender o que normalmente faria em alguns segundos. Além das mãos que não paravam de tremer, as drogas de lágrimas insistiam em embaçar minha vista enquanto eu lutava pra que nenhuma delas caísse.
‘Pronto.’ Falei baixo quando finalmente consegui soltar a costura do zíper.
‘Brigada! Vou dormir, boa noite.’ Ele falou tirando o casaco e eu apenas balancei a cabeça ainda estática no mesmo lugar.
Levei minha mão à boca e senti uma lágrima teimosa correr por meu rosto. Minhas pernas fraquejaram e eu senti no sofá ainda olhando pro nada sem reação alguma.
Lembrei do pesadelo com a Rachel e tentei convencer a mim mesma que seria coincidência demais ele ter encontrado com a Rachel, mas e se... e se ele a tivesse chamado pra sair? E se aquelas marcas no pescoço dele tivessem sido deixadas por ela ?
Passei rapidamente a mão pelo rosto quando ouvi os passos de Arthur se aproximando.
‘Não vai dormir?’ Ele perguntou entrando na cozinha.
‘Vou.’ Falei baixo me levantando.
Peguei o livro que estava na poltrona e caminhei devagar até o quarto. Ouvi Arthur fechar a porta do quarto de hospedes já que ele só tinha resolvido dormir comigo no dia da apresentação de Diego, depois disso voltou ao quarto em frente ao meu, até hoje me pergunto se aquilo tudo foi só pra me provocar.
Deitei na cama encarando teto e várias imagens de diferentes garotas beijando o pescoço de Arthur vieram em minha cabeça. Esfreguei os olhos na tentativa de afastar aqueles pensamentos, mas eles insistiam em ficar rodando em minha cabeça.
Nem sei que horas eu consegui finalmente dormir, sentindo minha cabeça latejar e o quarto girar em volta de mim
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