33º Capitulo
(n/a: aconselho ir botando pra carregar; Apologize –
One Republic)
'Lu, você tá linda!' Sophia repetiu ao que parecia pela milésima vez.
'Menos, Sophia.' Falei forçando um sorriso.
Me olhei no espelho pela ultima vez e fiquei alguns segundos analisando minha imagem. Um vestido preto com detalhes brancos um pouco acima do joelho, uma meia calça preta e um sapato de boneca com salto. Meu cabelo estava solto e a franja caia levemente em meus olhos. Ok, talvez eu não estivesse tão mal.
'Vamos logo antes que eu desista!' Falei balançando a cabeça e pegando a bolsa em cima da cama de Soph.
Depois de passar o dia inteiro pensando se eu estava fazendo a coisa certa, eu resolvi que não podia desapontar Katia dessa forma. O jantar era realmente importante pra ela, e eu sabia que era pra mim também.
'Wow!' Micael falou se levantando do sofá quando eu e Sophia chegamos à sala. Ele olhou pra ela e depois me olhou de cima a baixo.
'Tá bom, Micael. Eu sei que esse wow foi só pra Lu, vamos logo!' Soph bateu a bolsa no braço dele e eu ri pegando Diego no colo.
'Não, claro que não! Você também está completamente wow! Só que você tá sempre wow!' Ele se enrolou.
'Isso supostamente quer dizer que eu sou sempre ew, e hoje estou wow?' Perguntei arqueando a sobrancelha.
'Não, não foi isso, é só...'
'Ok, Micael! Nós entendemos. Agora vamos!' Sophia o puxou pelo braço enquanto riamos da cara confusa dele.
Fomos o caminho inteiro até a casa de um tio do Arthur, onde seria o jantar, falando besteiras. Eu sabia que Micael e Soph estavam apenas tentando me distrair, mas minhas mãos geladas e minhas pernas inquietas entregavam meu nervosismo.
'Como você tá se sentindo?' Sophia perguntou enquanto saíamos do carro.
'Ficaria melhor se você parasse de perguntar isso.' Respondi entre os dentes. 'Eu estou nervosa ok? Não sei se consigo!' Suspirei e ela pegou minhas mãos.
'Vai dá tudo certo!' Ela sorriu.
'Vamos entrar, Arthur já tá me ligando.' Micael mostrou o celular que tocava enquanto Diego estava em seu colo brincando com seus cabelos. Balancei a cabeça concordando e respirei fundo antes de andar até a entrada da casa.
'Dude, você podia atender o celular, de vez em quando é bom, sabe?!' Arthur falou pra Micael quando abriu a porta.
'Aguiar, eu estava aqui na frente da casa, pra quê eu ia atender?' Micael entregou Diego no colo de Arthur. Sophia deu um beijo na bochecha de Arthur e entrou de mãos dadas com Micael, enquanto eu fingia que as flores ao lado da porta eram mais interessantes que qualquer coisa que pudesse estar acontecendo a minha volta. A porta continuava aberta e eu sabia que Arthur estava me encarando esperando alguma reação minha.
'Hey!' Falei finalmente o olhando e percebendo que ele estava com a camisa social preta que eu amava.
'Você tá... linda.' Ele falou com uma pausa e sorriu levemente, me fazendo olhar novamente para as flores. 'Não prefere entrar?' Ele fez um pequeno gesto com a mão apontando pra dentro da casa.
'Claro.' Falei um pouco sem graça.
'Minha mãe mal pode esperar pra ver você e o Diego.' Ele falou enquanto fechava a porta e eu sorri fraco. 'Ela tá lá no jardim.' Ele falou apontando pra lateral da casa que tinha uma varanda aberta. Eu assenti e caminhei logo atrás dele. Quando estávamos quase fora da casa, Sophia apareceu em nossa frente.
'Erm... desculpa!' Ela fez uma careta. 'Se vocês querem realmente fingir que são um casal vão ter que se esforçar mais um pouco.' Ela apontou a distancia que havia entre mim e Arthur.
'Sophia, eu não acho...' Arthur tentou falar, mas eu o interrompi.
'Não, ela tá certa!' Me aproximei dele e peguei sua mão livre, Diego sorriu me olhando. 'Vamos fazer isso do jeito certo, ok?' O olhei e ele assentiu sorrindo. Eu rezava pra que ele não percebesse minha mão gelada e que parecia tremer um pouco, ele a apertou carinhosamente e me olhou rapidamente como se checasse se estava tudo bem.
Caminhamos até o jardim sorrindo para alguns parentes do Arthur que passaram por nós, até que finalmente avistamos Katia conversando com algumas pessoas.
'Mãe!' Arthur a chamou e ela sorriu falando qualquer coisa com as pessoas que estava conversando e caminhou rápido até nós dois.
'Lu, que saudaaade!' Ela me abraçou forte e eu sorri sincera. Katia era como uma segunda mãe pra mim, eu sabia que qualquer problema que eu tivesse ela estaria disposta a me ajudar, e que a minha felicidade seria a felicidade dela também. 'Arthur me disse que você fica mais linda a cada dia que passa, mas ele realmente não faz jus... olha só pra você.' Ela pegou em minha mão e me fez dar uma voltinha enquanto eu sentia meu rosto pegar fogo, Arthur tinha realmente dito aquilo? 'Você está maravilhosa!' Ela sorriu.
'Olha só quem fala, né? Cada vez que eu te vejo parece que você tá mais jovem e mais feliz!' Falei sorrindo.
'Diego! Ai meu Deus, como você tá enorme!' Ela carregou Diego.
'Vóó!' Ele sorriu a abraçando.
'Esse menino lindo é o Diego?' Uma prima de Katia perguntou sorrindo e se aproximando. 'Cada dia que passa ele fica mais lindo.' Eu e Arthur sorrimos bobos. 'E vocês, não podiam formar um casal mais lindo, né?' Ela falou nos olhando e eu abaixei a cabeça sorrindo sem graça.
'Hm... obrigada, tia Emma.' Arthur sorriu formalmente passando um braço em volta da minha cintura e eu estremeci. Continuei olhando para baixo e respirando fundo.
'Lu, tá tudo bem?' Katia me olhou um pouco preocupada.
'Claro, tudo bem, Katia!' A tranqüilizei sorrindo fraco.
'É melhor a gente entrar.' Arthur falou me olhando rapidamente.
'Diego você fica com a vovó? Vamos passear por aqui!' Ela botou Diego no chão e ele me olhou em duvida. Sorri o encorajando e ele sorriu para a avó.
Arthur me puxou levemente me levando pra dentro de casa e quando chegamos até onde nossos amigos estavam, ele soltou minha cintura.
'Desculpa.' Ele falou baixo e se afastou um pouco. Sorri fraco e fui sentar onde Soph e Mel estavam.
'E então?' Elas me olhavam apreensivas e eu balancei a cabeça.
'Nada demais.' Dei de ombros e peguei um vinho na bandeja do garçom que passava por ali. 'Acho que Katia não percebeu nada.' Comentei vagamente e elas sorriram.
'E a mão dele na sua cintura...' Mel arqueou a sobrancelha e eu sorri fraco.
'A tia dele simplesmente disse que a gente não podia formar um casal mais lindo.' Repeti as palavras da tia de Arthur.
'Wow!' Sophia me olhou e eu dei de ombros. 'A família Aguiar te ama amiga, fato.' Nós rimos.
'Principalmente o pequeno Aguiar que está te secando agora-a!' Mel cantarolou e eu nem tive coragem de encarar Arthur parar confirmar. Apenas abaixei os olhos para minhas mãos e mordi o lábio inferior sentindo o nervoso me atacar novamente.
Alguns parentes de Arthur foram me cumprimentar e dizer como o Diego estava grande e toda aquela velha história que as pessoas falam quando se tem uma criança na família. Uma tia do Arthur até perguntou quando iríamos casar, o que fez com que eu quase afundasse o rosto nas almofadas do sofá. E como eu não respondi, ela chamou Arthur e o fez a mesma pergunta, e se eu bem o conheço ele também quis enfiar o rosto nas almofadas, mas apenas disfarçou sorrindo e disse que ainda tínhamos bastante tempo para pensarmos nisso.
Ficamos conversando até Diego chegar correndo pra falar que o jantar já ia ser servido.
'Nossa, que fome.' Mel comentou baixo e eu ri.
'Eu digo o contrario, meu estomago tá dando voltas.' Fiz careta e ela sorriu.
'Vamos?' Micael se aproximou estendendo o braço pra Sophia. Chay fez o mesmo com Mel e Pedro os seguiu, sobrando apenas eu e Arthur. Ele estendeu a mão timidamente pra mim e eu a peguei sentindo o velho formigamento passar por meu corpo.
'Ah, o casal principal!' Katia falou sorrindo quando nos aproximamos. 'Vocês sentam aqui!' Ela apontou as duas cadeiras ao lado da dela. Respirei fundo e Arthur afastou a cadeira para que eu sentasse, sorri agradecida e me sentei ao lado de Katia com ele ao meu lado.
O jantar ocorreu sem nenhum imprevisto, algumas vezes meu braço e o de Arthur se chocavam levemente fazendo com que eu sentisse leves choques naquela área. Conversamos sobre a vida de Katia lá em Liverpool e ela nos perguntou sobe a nossa vida aqui, claro que eu e Arthur tivemos que inventar algumas mentiras.
'Agora, eu gostaria de propor um brinde!' Katia falou após o jantar se levantando. Ela olhou pra mim e pra Arthur e sorriu. 'Um brinde ao meu filho lindo, que saiu do hospital a exatamente um ano atrás, e eu só posso agradecer pela vida não ter tirado ele de mim.' Arthur se levantou com a taça de champanhe. 'E um brinde a minha nora linda, que está do lado do Arthur o tempo todo, e eu serei eternamente grata porque ele não poderia ter escolhido uma garota melhor. Enfim, um brinde ao casal mais lindo, com todo respeito a todos os outros.' Ela brincou e todos deram risada.
Eu me levantei segurando o champanhe completamente sem graça. Quando íamos brindar o tio do Arthur interrompeu.
'Ah, mas não vai ter nem um beijinho?' Ele nos olhou e eu senti o ar sumir completamente dos meus pulmões. 'Só um beijinho!' Ele riu e eu olhei pra Sophia encontrando seu olhar assustado.
Arthur passou a mão desajeitadamente pelo cabelo e depois se virou pra mim. Eu o olhei sentindo minhas pernas bobiarem, todos os olhares na mesa estava voltados para nós dois. Arthur tocou meu rosto e eu senti um arrepio passar por meu corpo.
'Desculpa.' Ele sussurrou para que só eu ouvisse e encostou nossos lábios delicadamente. Fechei os olhos me sentindo completamente dopada pelo perfume dele enquanto ele acariciava meu rosto sem aprofundar o beijo, apenas mantendo nossas bocas grudadas. Algumas exclamações do tipo awn foram ouvidas e eu segurei a mão de Arthur a afastando e separando nossas bocas. Ele me olhou sem sorrir e eu o encarei da mesma forma.
'Saúde!' O tio de Arthur falou alto atraindo nossa atenção e todos começaram a brindar. Pegamos as taças e fizemos o mesmo.
Quando o jantar terminou eu fui em direção a Sophia tentando me afastar o máximo possível de Arthur, minhas pernas tremiam e minhas mãos suavam. Minha cabeça ainda estava girando e eu ainda conseguia sentir o perfume de Arthur me intoxicando.
'Desculpa, não consegui pensar em nada que pudesse evitar aquilo'. Ela apertou carinhosamente meu braço e Mel passou a mão por meus cabelos.
'Não tem problema.' Falei suspirando e sentei no sofá antes que minhas pernas não fossem mais capazes de me sustentarem.
As horas passaram rápidas e quando parei pra reparar a casa já estava praticamente vazia. Apenas alguns familiares estavam por ali, e os meninos da banda. Micael e Sophia, Chay e Mel estavam dançando no meio da sala, numa pista de dança improvisada por eles mesmos. Pedro já tinha ido embora para se encontrar com alguma garota e Diego estava em um quarto dormindo. Suspirei e caminhei em direção a varanda.
O jardim estava vazio, mas ainda iluminado. Andei até um pequeno banco que tinha por ali e me sentei suspirando e fechando os olhos alguns segundos. Um flash de um ano antes passou por minha cabeça e eu lembrei de Arthur no hospital, das vezes que eu fui visitá-lo, o jeito como ele ficava animado enquanto eu contava nossa história, o sorriso dele quando eu mostrei a foto do Diego. Durante todos os mais de três meses eu me prendi a todas essas boas lembranças, deixando tudo que pudesse me machucar lá no fundo, deixei que aquelas lembranças ruins fossem se apagando aos poucos.
Perdoar não é esquecer. É o que dizem, às vezes nos vemos obrigados a esquecer aquilo que nos faz mal, a simplesmente deixar tudo aquilo que nos magoou pra trás e seguir em frente. Perdoar é uma palavra intensa demais, e esquecer não significa apagar, é apenas... esquecer, sem nenhuma garantia de que aquilo um dia não possa voltar à nossa mente e nos fazer sofrer de novo. Deixar que algumas coisas desagradáveis se percam no fundo da nossa mente é nescessário, a vida é desenhada sem borracha, se você errou, se machucou, se arrependeu, apenas encare como uma nova experiência e a guarde, é com elas que você mais vai aprender. (botem a musica pra tocar!)
Senti um vento gelado passar por mim e esfreguei meus braços sentindo um arrepio.
" I'm holding on a rope
( Estou segurando em uma corda )
Got me 10 feet off the ground
( Que me deixa à 3 metros fora do chão )
I'm hearin' what you say but I just can't make a sound
( Estou ouvindo o que você diz, mas simplesmente não posso emitir um som )
You tell me that you need me then you go and cut me down
( Você diz que precisa de mim depois você parte e me derruba )
But wait
( Mas espere )
You tell me that you're sorry
( Você diz que está arrependido )
Didn't think I'd turn around and say:
( E não achava que eu daria a volta por cima e diria: )
That it's too late to apologize
( Que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I said it's too late to apologize
( Eu disse que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )"
Levantei meus olhos para o céu escuro, apenas algumas estrelas mal espalhadas brilhavam. Olhei a varanda do quarto em que Diego estava e percebi que Arthur estava ali também observando o céu. Se olhar desceu lentamente até encontrar o meu, ficamos nos encarando sem fazer movimento algum e a única coisa que se ouvia era a musica que tocava dentro da casa. Me levantei calmamente ainda sustentando o olhar e depois entrei na casa passando rapidamente pela sala e subindo as escadas.
" I'd take another chance, take a fall, take a shot for you
( Eu me arriscaria outra vez, levaria a culpa, levaria um tiro por você )
I need you like a heart needs a beat, it's nothing new
( Eu preciso de você como um coração precisa de uma batida, e isso não é novidade )
I loved you with a fire red now it's turning blue
( Eu te amei com um fogo vermelho agora está se tornando azul )
And you say
( E você diz )
Sorry like an angel
( "Eu sinto muito" como um anjo )
Heaven left me think was you
( O céu me fez pensar que você era )
But I'm afraid
( Mas eu estou com medo )"
Abri a porta do quarto em que Diego estava e Arthur estava lá, ainda na varanda, mas agora virado pra porta como se estivesse me esperando. Fechei a porta com cuidado e me virei para encará-lo, a musica ainda podia ser ouvida, mas agora estava bem mais baixa.
Caminhei lentamente até onde Arthur estava sem desviar seu olhar e quando cheguei a alguns centímetros de distancia parei mordendo meu lábio inferior sem saber direito o que fazer. Arthur analisou meu rosto calmamente e botou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Sua mão acariciou minha bochecha e eu fechei os olhos sentindo o toque delicado dele. Nossas testas se encostaram e eu abri os olhos encontrando seu rosto a poucos centímetros de distancia do meu, ele se aproximou hesitante e sua mão escorregou pra minha nuca, seus dedos entrelaçando em meu cabelo.
'Eu não preciso encontrar um cara que me mereça.' Falei com os olhos fechados sentindo uma lágrima correr por meu rosto. Eu já nem me importava que Arthur descobrisse que eu tinha lido aquela carta, as palavras escritas por ele ainda estavam vivas em minha mente me deixando tonta e eu precisava falar alguma coisa pra ele. 'Eu.... eu só preciso de você.' Falei a ultima palavra quase inaudivelmente e abri meus olhos encontrando os dele que ainda estavam um pouco assustados com minhas palavras. Ele abriu um sorriso quase imperceptível, seus olhos sorriram junto fazendo meu coração acelerar descontroladamente.
'Eu é que preciso de você, eu não sou nada sem você.' Arthur falou baixo passando o nariz no meu me fazendo fechar os olhos deixando que seu perfume me intoxicasse por completo. 'It's all about you.' Ele sussurrou o nome da musica, da minha musica, da nossa musica. Meus olhos se focalizaram em sua boca e depois olhei pela ultima vez em seus olhos doces antes de fechar os meus e deixar que meu coração fizesse todo o resto.
" It's too late to apologize
( É tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I said it's too late to apologize
( Eu disse que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I'm holding on a rope
( Estou segurando em uma corda )
Got me 10 feet off the ground
( Que me deixa à 3 metros fora do chão )."
'Lu, você tá linda!' Sophia repetiu ao que parecia pela milésima vez.
'Menos, Sophia.' Falei forçando um sorriso.
Me olhei no espelho pela ultima vez e fiquei alguns segundos analisando minha imagem. Um vestido preto com detalhes brancos um pouco acima do joelho, uma meia calça preta e um sapato de boneca com salto. Meu cabelo estava solto e a franja caia levemente em meus olhos. Ok, talvez eu não estivesse tão mal.
'Vamos logo antes que eu desista!' Falei balançando a cabeça e pegando a bolsa em cima da cama de Soph.
Depois de passar o dia inteiro pensando se eu estava fazendo a coisa certa, eu resolvi que não podia desapontar Katia dessa forma. O jantar era realmente importante pra ela, e eu sabia que era pra mim também.
'Wow!' Micael falou se levantando do sofá quando eu e Sophia chegamos à sala. Ele olhou pra ela e depois me olhou de cima a baixo.
'Tá bom, Micael. Eu sei que esse wow foi só pra Lu, vamos logo!' Soph bateu a bolsa no braço dele e eu ri pegando Diego no colo.
'Não, claro que não! Você também está completamente wow! Só que você tá sempre wow!' Ele se enrolou.
'Isso supostamente quer dizer que eu sou sempre ew, e hoje estou wow?' Perguntei arqueando a sobrancelha.
'Não, não foi isso, é só...'
'Ok, Micael! Nós entendemos. Agora vamos!' Sophia o puxou pelo braço enquanto riamos da cara confusa dele.
Fomos o caminho inteiro até a casa de um tio do Arthur, onde seria o jantar, falando besteiras. Eu sabia que Micael e Soph estavam apenas tentando me distrair, mas minhas mãos geladas e minhas pernas inquietas entregavam meu nervosismo.
'Como você tá se sentindo?' Sophia perguntou enquanto saíamos do carro.
'Ficaria melhor se você parasse de perguntar isso.' Respondi entre os dentes. 'Eu estou nervosa ok? Não sei se consigo!' Suspirei e ela pegou minhas mãos.
'Vai dá tudo certo!' Ela sorriu.
'Vamos entrar, Arthur já tá me ligando.' Micael mostrou o celular que tocava enquanto Diego estava em seu colo brincando com seus cabelos. Balancei a cabeça concordando e respirei fundo antes de andar até a entrada da casa.
'Dude, você podia atender o celular, de vez em quando é bom, sabe?!' Arthur falou pra Micael quando abriu a porta.
'Aguiar, eu estava aqui na frente da casa, pra quê eu ia atender?' Micael entregou Diego no colo de Arthur. Sophia deu um beijo na bochecha de Arthur e entrou de mãos dadas com Micael, enquanto eu fingia que as flores ao lado da porta eram mais interessantes que qualquer coisa que pudesse estar acontecendo a minha volta. A porta continuava aberta e eu sabia que Arthur estava me encarando esperando alguma reação minha.
'Hey!' Falei finalmente o olhando e percebendo que ele estava com a camisa social preta que eu amava.
'Você tá... linda.' Ele falou com uma pausa e sorriu levemente, me fazendo olhar novamente para as flores. 'Não prefere entrar?' Ele fez um pequeno gesto com a mão apontando pra dentro da casa.
'Claro.' Falei um pouco sem graça.
'Minha mãe mal pode esperar pra ver você e o Diego.' Ele falou enquanto fechava a porta e eu sorri fraco. 'Ela tá lá no jardim.' Ele falou apontando pra lateral da casa que tinha uma varanda aberta. Eu assenti e caminhei logo atrás dele. Quando estávamos quase fora da casa, Sophia apareceu em nossa frente.
'Erm... desculpa!' Ela fez uma careta. 'Se vocês querem realmente fingir que são um casal vão ter que se esforçar mais um pouco.' Ela apontou a distancia que havia entre mim e Arthur.
'Sophia, eu não acho...' Arthur tentou falar, mas eu o interrompi.
'Não, ela tá certa!' Me aproximei dele e peguei sua mão livre, Diego sorriu me olhando. 'Vamos fazer isso do jeito certo, ok?' O olhei e ele assentiu sorrindo. Eu rezava pra que ele não percebesse minha mão gelada e que parecia tremer um pouco, ele a apertou carinhosamente e me olhou rapidamente como se checasse se estava tudo bem.
Caminhamos até o jardim sorrindo para alguns parentes do Arthur que passaram por nós, até que finalmente avistamos Katia conversando com algumas pessoas.
'Mãe!' Arthur a chamou e ela sorriu falando qualquer coisa com as pessoas que estava conversando e caminhou rápido até nós dois.
'Lu, que saudaaade!' Ela me abraçou forte e eu sorri sincera. Katia era como uma segunda mãe pra mim, eu sabia que qualquer problema que eu tivesse ela estaria disposta a me ajudar, e que a minha felicidade seria a felicidade dela também. 'Arthur me disse que você fica mais linda a cada dia que passa, mas ele realmente não faz jus... olha só pra você.' Ela pegou em minha mão e me fez dar uma voltinha enquanto eu sentia meu rosto pegar fogo, Arthur tinha realmente dito aquilo? 'Você está maravilhosa!' Ela sorriu.
'Olha só quem fala, né? Cada vez que eu te vejo parece que você tá mais jovem e mais feliz!' Falei sorrindo.
'Diego! Ai meu Deus, como você tá enorme!' Ela carregou Diego.
'Vóó!' Ele sorriu a abraçando.
'Esse menino lindo é o Diego?' Uma prima de Katia perguntou sorrindo e se aproximando. 'Cada dia que passa ele fica mais lindo.' Eu e Arthur sorrimos bobos. 'E vocês, não podiam formar um casal mais lindo, né?' Ela falou nos olhando e eu abaixei a cabeça sorrindo sem graça.
'Hm... obrigada, tia Emma.' Arthur sorriu formalmente passando um braço em volta da minha cintura e eu estremeci. Continuei olhando para baixo e respirando fundo.
'Lu, tá tudo bem?' Katia me olhou um pouco preocupada.
'Claro, tudo bem, Katia!' A tranqüilizei sorrindo fraco.
'É melhor a gente entrar.' Arthur falou me olhando rapidamente.
'Diego você fica com a vovó? Vamos passear por aqui!' Ela botou Diego no chão e ele me olhou em duvida. Sorri o encorajando e ele sorriu para a avó.
Arthur me puxou levemente me levando pra dentro de casa e quando chegamos até onde nossos amigos estavam, ele soltou minha cintura.
'Desculpa.' Ele falou baixo e se afastou um pouco. Sorri fraco e fui sentar onde Soph e Mel estavam.
'E então?' Elas me olhavam apreensivas e eu balancei a cabeça.
'Nada demais.' Dei de ombros e peguei um vinho na bandeja do garçom que passava por ali. 'Acho que Katia não percebeu nada.' Comentei vagamente e elas sorriram.
'E a mão dele na sua cintura...' Mel arqueou a sobrancelha e eu sorri fraco.
'A tia dele simplesmente disse que a gente não podia formar um casal mais lindo.' Repeti as palavras da tia de Arthur.
'Wow!' Sophia me olhou e eu dei de ombros. 'A família Aguiar te ama amiga, fato.' Nós rimos.
'Principalmente o pequeno Aguiar que está te secando agora-a!' Mel cantarolou e eu nem tive coragem de encarar Arthur parar confirmar. Apenas abaixei os olhos para minhas mãos e mordi o lábio inferior sentindo o nervoso me atacar novamente.
Alguns parentes de Arthur foram me cumprimentar e dizer como o Diego estava grande e toda aquela velha história que as pessoas falam quando se tem uma criança na família. Uma tia do Arthur até perguntou quando iríamos casar, o que fez com que eu quase afundasse o rosto nas almofadas do sofá. E como eu não respondi, ela chamou Arthur e o fez a mesma pergunta, e se eu bem o conheço ele também quis enfiar o rosto nas almofadas, mas apenas disfarçou sorrindo e disse que ainda tínhamos bastante tempo para pensarmos nisso.
Ficamos conversando até Diego chegar correndo pra falar que o jantar já ia ser servido.
'Nossa, que fome.' Mel comentou baixo e eu ri.
'Eu digo o contrario, meu estomago tá dando voltas.' Fiz careta e ela sorriu.
'Vamos?' Micael se aproximou estendendo o braço pra Sophia. Chay fez o mesmo com Mel e Pedro os seguiu, sobrando apenas eu e Arthur. Ele estendeu a mão timidamente pra mim e eu a peguei sentindo o velho formigamento passar por meu corpo.
'Ah, o casal principal!' Katia falou sorrindo quando nos aproximamos. 'Vocês sentam aqui!' Ela apontou as duas cadeiras ao lado da dela. Respirei fundo e Arthur afastou a cadeira para que eu sentasse, sorri agradecida e me sentei ao lado de Katia com ele ao meu lado.
O jantar ocorreu sem nenhum imprevisto, algumas vezes meu braço e o de Arthur se chocavam levemente fazendo com que eu sentisse leves choques naquela área. Conversamos sobre a vida de Katia lá em Liverpool e ela nos perguntou sobe a nossa vida aqui, claro que eu e Arthur tivemos que inventar algumas mentiras.
'Agora, eu gostaria de propor um brinde!' Katia falou após o jantar se levantando. Ela olhou pra mim e pra Arthur e sorriu. 'Um brinde ao meu filho lindo, que saiu do hospital a exatamente um ano atrás, e eu só posso agradecer pela vida não ter tirado ele de mim.' Arthur se levantou com a taça de champanhe. 'E um brinde a minha nora linda, que está do lado do Arthur o tempo todo, e eu serei eternamente grata porque ele não poderia ter escolhido uma garota melhor. Enfim, um brinde ao casal mais lindo, com todo respeito a todos os outros.' Ela brincou e todos deram risada.
Eu me levantei segurando o champanhe completamente sem graça. Quando íamos brindar o tio do Arthur interrompeu.
'Ah, mas não vai ter nem um beijinho?' Ele nos olhou e eu senti o ar sumir completamente dos meus pulmões. 'Só um beijinho!' Ele riu e eu olhei pra Sophia encontrando seu olhar assustado.
Arthur passou a mão desajeitadamente pelo cabelo e depois se virou pra mim. Eu o olhei sentindo minhas pernas bobiarem, todos os olhares na mesa estava voltados para nós dois. Arthur tocou meu rosto e eu senti um arrepio passar por meu corpo.
'Desculpa.' Ele sussurrou para que só eu ouvisse e encostou nossos lábios delicadamente. Fechei os olhos me sentindo completamente dopada pelo perfume dele enquanto ele acariciava meu rosto sem aprofundar o beijo, apenas mantendo nossas bocas grudadas. Algumas exclamações do tipo awn foram ouvidas e eu segurei a mão de Arthur a afastando e separando nossas bocas. Ele me olhou sem sorrir e eu o encarei da mesma forma.
'Saúde!' O tio de Arthur falou alto atraindo nossa atenção e todos começaram a brindar. Pegamos as taças e fizemos o mesmo.
Quando o jantar terminou eu fui em direção a Sophia tentando me afastar o máximo possível de Arthur, minhas pernas tremiam e minhas mãos suavam. Minha cabeça ainda estava girando e eu ainda conseguia sentir o perfume de Arthur me intoxicando.
'Desculpa, não consegui pensar em nada que pudesse evitar aquilo'. Ela apertou carinhosamente meu braço e Mel passou a mão por meus cabelos.
'Não tem problema.' Falei suspirando e sentei no sofá antes que minhas pernas não fossem mais capazes de me sustentarem.
As horas passaram rápidas e quando parei pra reparar a casa já estava praticamente vazia. Apenas alguns familiares estavam por ali, e os meninos da banda. Micael e Sophia, Chay e Mel estavam dançando no meio da sala, numa pista de dança improvisada por eles mesmos. Pedro já tinha ido embora para se encontrar com alguma garota e Diego estava em um quarto dormindo. Suspirei e caminhei em direção a varanda.
O jardim estava vazio, mas ainda iluminado. Andei até um pequeno banco que tinha por ali e me sentei suspirando e fechando os olhos alguns segundos. Um flash de um ano antes passou por minha cabeça e eu lembrei de Arthur no hospital, das vezes que eu fui visitá-lo, o jeito como ele ficava animado enquanto eu contava nossa história, o sorriso dele quando eu mostrei a foto do Diego. Durante todos os mais de três meses eu me prendi a todas essas boas lembranças, deixando tudo que pudesse me machucar lá no fundo, deixei que aquelas lembranças ruins fossem se apagando aos poucos.
Perdoar não é esquecer. É o que dizem, às vezes nos vemos obrigados a esquecer aquilo que nos faz mal, a simplesmente deixar tudo aquilo que nos magoou pra trás e seguir em frente. Perdoar é uma palavra intensa demais, e esquecer não significa apagar, é apenas... esquecer, sem nenhuma garantia de que aquilo um dia não possa voltar à nossa mente e nos fazer sofrer de novo. Deixar que algumas coisas desagradáveis se percam no fundo da nossa mente é nescessário, a vida é desenhada sem borracha, se você errou, se machucou, se arrependeu, apenas encare como uma nova experiência e a guarde, é com elas que você mais vai aprender. (botem a musica pra tocar!)
Senti um vento gelado passar por mim e esfreguei meus braços sentindo um arrepio.
" I'm holding on a rope
( Estou segurando em uma corda )
Got me 10 feet off the ground
( Que me deixa à 3 metros fora do chão )
I'm hearin' what you say but I just can't make a sound
( Estou ouvindo o que você diz, mas simplesmente não posso emitir um som )
You tell me that you need me then you go and cut me down
( Você diz que precisa de mim depois você parte e me derruba )
But wait
( Mas espere )
You tell me that you're sorry
( Você diz que está arrependido )
Didn't think I'd turn around and say:
( E não achava que eu daria a volta por cima e diria: )
That it's too late to apologize
( Que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I said it's too late to apologize
( Eu disse que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )"
Levantei meus olhos para o céu escuro, apenas algumas estrelas mal espalhadas brilhavam. Olhei a varanda do quarto em que Diego estava e percebi que Arthur estava ali também observando o céu. Se olhar desceu lentamente até encontrar o meu, ficamos nos encarando sem fazer movimento algum e a única coisa que se ouvia era a musica que tocava dentro da casa. Me levantei calmamente ainda sustentando o olhar e depois entrei na casa passando rapidamente pela sala e subindo as escadas.
" I'd take another chance, take a fall, take a shot for you
( Eu me arriscaria outra vez, levaria a culpa, levaria um tiro por você )
I need you like a heart needs a beat, it's nothing new
( Eu preciso de você como um coração precisa de uma batida, e isso não é novidade )
I loved you with a fire red now it's turning blue
( Eu te amei com um fogo vermelho agora está se tornando azul )
And you say
( E você diz )
Sorry like an angel
( "Eu sinto muito" como um anjo )
Heaven left me think was you
( O céu me fez pensar que você era )
But I'm afraid
( Mas eu estou com medo )"
Abri a porta do quarto em que Diego estava e Arthur estava lá, ainda na varanda, mas agora virado pra porta como se estivesse me esperando. Fechei a porta com cuidado e me virei para encará-lo, a musica ainda podia ser ouvida, mas agora estava bem mais baixa.
Caminhei lentamente até onde Arthur estava sem desviar seu olhar e quando cheguei a alguns centímetros de distancia parei mordendo meu lábio inferior sem saber direito o que fazer. Arthur analisou meu rosto calmamente e botou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Sua mão acariciou minha bochecha e eu fechei os olhos sentindo o toque delicado dele. Nossas testas se encostaram e eu abri os olhos encontrando seu rosto a poucos centímetros de distancia do meu, ele se aproximou hesitante e sua mão escorregou pra minha nuca, seus dedos entrelaçando em meu cabelo.
'Eu não preciso encontrar um cara que me mereça.' Falei com os olhos fechados sentindo uma lágrima correr por meu rosto. Eu já nem me importava que Arthur descobrisse que eu tinha lido aquela carta, as palavras escritas por ele ainda estavam vivas em minha mente me deixando tonta e eu precisava falar alguma coisa pra ele. 'Eu.... eu só preciso de você.' Falei a ultima palavra quase inaudivelmente e abri meus olhos encontrando os dele que ainda estavam um pouco assustados com minhas palavras. Ele abriu um sorriso quase imperceptível, seus olhos sorriram junto fazendo meu coração acelerar descontroladamente.
'Eu é que preciso de você, eu não sou nada sem você.' Arthur falou baixo passando o nariz no meu me fazendo fechar os olhos deixando que seu perfume me intoxicasse por completo. 'It's all about you.' Ele sussurrou o nome da musica, da minha musica, da nossa musica. Meus olhos se focalizaram em sua boca e depois olhei pela ultima vez em seus olhos doces antes de fechar os meus e deixar que meu coração fizesse todo o resto.
" It's too late to apologize
( É tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I said it's too late to apologize
( Eu disse que é tarde demais para se desculpar )
It's too late
( É tarde demais )
I'm holding on a rope
( Estou segurando em uma corda )
Got me 10 feet off the ground
( Que me deixa à 3 metros fora do chão )."
34º Capitulo - Addicted
'Hey!' Falei abrindo a
porta e encontrando Arthur sorrindo com uma mochila nas costas. Depois de mais
de três semanas desde o jantar, ele voltaria pra casa.
'Paaaaai!' Diego correu e abraçou as pernas de Arthur que o carregou.
'Entra!' Falei apontando pra dentro do apartamento. Ele sentou no sofá com Diego no colo e eu fiquei em pé os observando. 'A Kat tá chegando pra ficar com o Diego.' Falei e ele desviou a atenção pra mim e sorriu. Era aniversário de Mel, namorada do Chay, então íamos para a casa dela que ficava a uns dois quarteirões do nosso apartamento.
'Vou botar a mochila lá dentro.' Ele falou se levantando.
'O quarto tá arrumado.' Sorri fraco e ele concordou sumindo no corredor. Diego foi atrás dele com um sorriso maior que o próprio rosto.
Pouco menos de uma hora depois saímos de casa. Decidimos ir a pé já que era tão perto. Caminhávamos lado a lado, mas sem nos tocar, na verdade estávamos um pouco separados graças à calçada que era espaçosa. Dois homens passaram me olhando e eu abaixei a cabeça sem graça, segundos depois senti a mão de Arthur segurar a minha e ele entrelaçar nossos dedos.
'Se a gente continuar andando assim, só vamos chegar amanhã!' Ele falou se apressando e me puxando junto.
'Preferia ter vindo de carro.' Dei de ombros caminhando mais rápido e já sentindo meu coração acelerar, eu realmente precisava começar a fazer exercícios físicos.
'Preguiçosa!' Arthur riu e eu dei língua.
'Ah não, chuva não!' Falei olhando pro céu e sentindo alguns pingos. 'Odeio esse tempo completamente instável.' Bufei.
'Preparada pra correr?' Arthur perguntou rindo enquanto a chuva começava a realmente cair e eu gemi. 'Um, dois, três!' Ele contou e saiu me puxando e eu não sabia se ria ou se corria.
'Arthur, eu vou cair!' Falei rindo enquanto ele continuava segurando minha mão e correndo.
'A casa é ali na frente!' Olhei pra frente e vi a casa de Mel a alguns metros.
'Corre, então!' Falei passando na frente dele e ele riu me alcançando. 'Ufa, chegamos!' Falei quando paramos em frente à porta que já era coberta. 'Meu cabelo deve tá horrível!' Reclamei passando a mão por meu cabelo molhado. Nem moletom eu tinha levado já que quando sai de casa o tempo estava bom.
'O meu tá ótimo!' Arthur falou passando a mão pelo cabelo e jogando água em mim. O olhei com a sobrancelha arqueada e ele riu beijando minha bochecha. Na verdade eu acho que conseguia contar nos dedos quantas vezes a gente tinha realmente se beijado desde o jantar. Arthur agora era completamente cuidadoso, ele sabia que um passo em falso estragaria tudo novamente.
Toquei a campanhia da casa e Chay abriu a porta sorridente.
'Casal!' Ele abriu mais a porta dando espaço para que entrássemos.
'Chayziinho! Cadê a aniversariante?' Falei beijando sua bochecha.
'Tá lá no jardim dos fundos, todo mundo tá lá!' Ele apontou pra fora da casa. Chay deu uns tapinhas nas costas de Arthur e depois fomos pro jardim dos fundos.
'Amiiiiiga!' Pulei nas costas de Mel completamente molhada.
'Lua, sua vaca, você tá molhada! Saaaai!' Ela gritou rindo e eu quase caí de bunda no chão.
'Parabéns!' A abracei normalmente. 'Você tá tão velha, Mel!' Comentei rindo e ela me deu uns tapinhas no braço.
Depois eu e Arthur fomos falar com todo mundo que estava por ali, já não agüentava mais dar beijinhos e abraços, fazer a social não é pra mim!
Sentamos na mesa em que os meninos estavam, incluindo James. Não sei quem aparentava estar mais sem graça, eu ou ele. James certamente já sabia de toda minha história com Arthur, e agora mal olhava pra minha cara.
Ficamos praticamente o tempo todo sentados conversando sobre todos os assuntos possíveis, de musica até política. Os meninos faziam imitações bizarras e todo mundo ria sem conseguir parar. Pedro tinha ido com alguma nova garota que ele estava ficando, e os meninos conseguiam deixa-la completamente sem graça falando sobre a fama do Pedro de pegador. Provavelmente depois daquela festa a menina nunca mais olharia na cara dele.
Me levantei quando minha bexiga já estava começando a implorar e Arthur me olhou.
'Já volto.' Dei um selinho rápido nele que concordou sorrindo.
Fui até o banheiro que ficava mais perto e quando estava saindo James estava ali.
'Erm... oi.' Falei completamente sem graça.
'Hey, Lu!' Ele sorriu. Nos enrolamos um pouco já que o banheiro ficava em uma entrada um pouco apertada, quando finalmente conseguimos e eu estava voltando pro jardim ele me chamou.
'Eu só queria erm... queria pedir desculpas por todo aquele lance.' Ele passou a mão pelo cabelo desajeitadamente. 'Eu não sabia sobre você e o Aguiar!' Ele sorriu sem graça.
'Ah, sem problemas, James. E desculpa também... qualquer coisa.' Senti meu rosto enrubescer. Ele sorriu e entrou no banheiro. Respirei fundo e voltei calmamente para a mesa do lado de fora da casa.
'Ai, to cansada!' Mel comentou sentando no sofá ao lado de Chay. Já era tarde da noite, e só estavam na casa os meninos da banda e as garotas, até James e os outros amigos já tinham ido embora.
'Vamos assistir filme!' Sophia falou animada se levantando e indo até a estante de dvd's.
'Eu escolho!' Micael falou se levantando também.
'Ah, nem vem! Eu sou namorado da aniversariante, eu escolho!' Chay também se juntou aos dois e eu rolei os olhos dando risada.
'Tartarugas Ninjas!' Arthur gritou, mas eu tapei sua boca.
'Nããão! Qualquer um, menos as malditas tartarugas, não agüento mais!' Arthur tirou minha mão da sua boca e começou a fazer cócegas em minha cintura. 'SAAAAI! Eu vou morrer, Arthur!' Foi a única coisa que eu consegui falar no meio da crise de risos. As pessoas na sala nem prestavam atenção na gente, todos estavam mais preocupados em escolher o filme. 'Sai, seu idiota!' Falei enxugando as lágrimas quando ele parou com as cócegas.
'Você me estapeou.' Ele passou a mão pelo braço que estava cheio de marcas vermelhas dos meus tapas.
'Você mereceu!' Dei de ombros sorrindo e ele me deu um pedala fraco antes de me puxar pela cintura fazendo com que eu ficasse no meio das pernas dele.
'HÁ! STAR WARS!!' Chay gritou segurando o dvd e correndo até o aparelho para colocá-lo. Sophia voltou apara o sofá emburrada enquanto Micael e Chay davam risada.
Eu e Arthur, Pedro e Raya, a ficante dele, estávamos sentados no chão, enquanto os outros dois casais estavam no sofá. Me recostei no peito de Arthur enquanto ele me abraçava pela cintura.
No começo do filme todos estavam concentrados, até Pedro começar a se pegar com a garota e os outros dois casais resolverem fazer o mesmo. Olhei pra Arthur prendendo o riso já que a única coisa se ouvia era o barulho irritante de beijos que os casais nem faziam questão de disfarçar.
'Hora de ir pra casa?' Arthur perguntou baixo.
'Hora de ir pra casa!' Concordei sorrindo. Nos levantamos e ninguém nem pareceu notar, quando estávamos na porta Arthur resolveu falar.
'A gente tá indo, ok? Não que alguém esteja realmente interessado nisso. Tchau!' Ele bateu a porta e eu comecei a rir. 'Espero que não comece a chover!' Ele falou olhando pro céu enquanto fazíamos o caminho de volta pra casa.
'Argh... vira essa boca pra lá! Sem chance!' Mesmo o céu estando limpo sem qualquer indicio de chuva eu apressei o passo, até porque as ruas estavam vazias e a única iluminação era a dos postes.
Caminhávamos em silêncio pelas ruas vazias, já estávamos perto de casa quando eu olhei para trás discretamente e vi que um pouco mais atrás de nós haviam dois caras que caminhavam silenciosamente. Senti um frio percorrer minha espinha e comecei a caminhar ainda mais rápido, Arthur também percebeu já que fez o mesmo que eu. Os dois homens pareciam que nunca se distanciavam, cada vez que nos apressávamos eles faziam o mesmo, o mais silenciosamente possível.
'Arthur, eu to com medo.' Falei baixo apertando a mão dele.
'Shh.' Ele sussurrou e passou o braço por minha cintura me apertando contra o corpo dele. 'Fica calma.' Ele pediu ainda baixo.
Minha respiração começou a ficar falha e minhas pernas pareciam que nem obedeciam mais aos meus comandos, eu queria sair correndo dali, mas sabia que isso só pioraria.
'O casal tá com pressa?' Um homem falou de repente e só então eu notei que eles estavam apenas a alguns passos de distancia. Arthur o olhou de relance e apertou ainda mais minha cintura sem dizer nenhuma palavra e continuou andando. Quando estávamos passando em frente a um pequeno beco no meio de dois prédios eu senti alguma coisa fria em meu pescoço.
'Calminha aí playboyzinho, senão a garota aqui já era.' Uma outra voz falou num tom ameaçador e Arthur parou bruscamente ainda sem me soltar. 'Isso, agora os dois aqui pra dentro desse beco.' Ele empurrou Arthur que me puxou junto e quase caímos no pequeno espaço escuro.
'Os dois, encostem aí na parede.' O que aparentava ser mais velho falou e nós o obedecemos. Eu tremia completamente e me sentia incapaz até de chorar.
Olhei pro rosto de Arthur que aparentava uma certa tranqüilidade, mas eu sabia que por dentro ele devia estar igual a mim. Ele não retribuiu o olhar, mas puxou minha mão e me fez ficar colada nele.
'Playboy, você vem aqui.' O cara apontou a parede ao lado dele e só então eu vi que havia uma arma em sua mão. 'Vem caminhando devagar, qualquer movimento a mais a gatinha ali sofre as conseqüências.' Ele falou sorrindo e eu apertei a mão de Arthur impedindo ele de se afastar.
'Fica calma, Lu, por favor.' Ele pediu baixo e soltou minha mão caminhando até onde o homem estava.
'Tira a carteira, celular, iPod, qualquer coisa que tiver aí nos bolsos e passa pra cá.' Ele falou quando Arthur se aproximou.
Depois ele começou a falar mais baixo e eu não consegui entender. Quando olhei pro lado percebi que o outro assaltante me olhava com um sorriso malicioso no rosto. Ele começou a se aproximar e eu fui lentamente tentando me afastar, quando ele deu um passo maior, inconscientemente eu fiz a mesma coisa, então ele me puxou pelo braço com força. Ao invés de gritar a única coisa que saiu de minha boca foi um gemido ao perceber o corpo dele perto do meu.
'Hey, fica longe dela!' Arthur gritou, mas o assaltante que estava com ele segurou seus braços e apontou a arma em seu pescoço.
'Calminha aí, cara! A gente não vai machucar aquela gracinha não.' Ele falou rindo e o que estava me segurando concordou.
'Ae, Rufus! Acho que o playboy não vai se importar de dividir um pouco a namoradinha dele comigo, né?' As mãos dele foram até minha cintura e eu me encolhi grudada na parede atrás de mim.
'Solta ela!' Arthur tentou se desvencilhar do assaltante, mas ele era realmente forte e o prensou contra a parede com a arma em seu rosto.
Eu queria gritar, pedir pra Arthur não tentar nada perigoso, mas nada saia da minha garganta, eu apenas sentia as lágrimas em meus olhos enquanto observava Arthur me olhar com desespero e tentava ao máximo me encolher evitando as mãos do assaltante.
'Iai, linda. Aposto que esse seu namoradinho não tá com nada. Você precisa aprender algumas coisas com um homem de verdade.' O olhei rápido e depois desviei o olhar pro chão. Senti uma mão dele começar a se movimentar e a outra ele segurou em meu cabelo puxando um pouco. Ele aproximou o rosto do meu pescoço e sorriu. 'Cheirosinha, do jeito que eu gosto.' Seu sorriso sarcástico aumentou.
'Solta ela, seu desgraçado!' Mais uma vez Arthur tentou se soltar, antes que eu pudesse tentar fazer alguma coisa o assaltante deu um soco em seu estomago e ele se encolheu.
'Arthur!' Gritei desesperada levando a mão à boca. Senti uma pontada na cabeça quando meu cabelo foi puxado com mais força.
'Shh, quietinha! Não esquece do que eu tenho aqui.' Senti alguma coisa fria em meu braço e nem precisei olhar pra saber que era uma arma.
'Deixa ela ir embora, eu dou quanto dinheiro vocês precisarem.' Ouvi a voz de Arthur e o olhei balançando a cabeça.
'Não.' Falei alto e os dois assaltantes riram.
'Parece que temos um casal apaixonadinho aqui, Bob!' O tal Rufus falou sem parar de rir.
'Ae playboy, olha só o que eu faço com a sua garota.' Bob falou e começou a abrir minha camisa que era de botão.
'Não encosta suas mãos sujas nela, seu canalha!' Eu nunca tinha ouvido a voz de Arthur com tanta raiva. Ele conseguiu se desvencilhar rápido de Rufus, mas antes de chegar até mim ele levou uma rasteira. Quando ele caiu no chão, o assaltante lhe deu um chute em seu estomago.
'Não'. Gemi me encolhendo. Eu conseguia sentir a dor de Arthur, eu sentia como se o chute tivesse sido em mim. 'Deixa ele em paz, por favor.' Falei chorando com a mão na boca.
'Isso é pra aprender a não querer dar uma de herói, pirralho.' Rufus deu outro chute, dessa vez no braço de Arthur.
O barulho de uma sirene de policia chegou até nós e os dois se olharam amedrontados.
'Ferrou, cara!' Rufus falou e olhou o beco sem saída. A sirene ficava cada vez mais próxima, eu e Arthur apenas observávamos o desespero dos dois. 'Vamos ter que arriscar, se prepara pra correr!' Ele falou e saiu correndo pra fora do beco, Bob fez o mesmo. Olhei pro final do beco e logo depois que eles sumiram da minha vista um carro da policia passou na maior velocidade, antes que eu piscasse apareceram mais duas viaturas, uma delas parou e a outra também foi atrás dos assaltantes.
'Lu!' Arthur gritou se levantando com dificuldade e só então eu consegui focalizar minha visão novamente. 'Lu!' Ele me abraçou com força e me puxou pra cima, eu estava escorregando pela parede sem nem sentir. Minha respiração estava pesada e eu ainda tentava trazer minha mente de volta pra realidade. 'Fala alguma coisa.' Ele segurou meu rosto me fazendo olhar em seus olhos.
Tentei emitir algum som, mas a única coisa que fiz foi mexer a cabeça. Ouvi umas vozes no fundo e barulhos de pneu cantando. Alguns policiais se aproximavam rapidamente.
'Lua, diz que você tá me ouvindo, pelo amor de Deus!' A voz de Arthur era alta e desesperada. Abri a boca, mas novamente não consegui falar nada. Ele mais uma vez me puxou pra cima me fazendo perceber que eu continuava escorregando como se não tivesse força nenhuma nas pernas. 'Não faz isso comigo, meu amor.' A voz chorosa dele pareceu um pouco distante. 'Ajuda aqui, por favor!' Arthur falou provavelmente para os policiais, a única coisa que eu ouvi foi o barulho de passos apressados, quando tentei ver os policiais se aproximando tudo ficou escuro.
'Paaaaai!' Diego correu e abraçou as pernas de Arthur que o carregou.
'Entra!' Falei apontando pra dentro do apartamento. Ele sentou no sofá com Diego no colo e eu fiquei em pé os observando. 'A Kat tá chegando pra ficar com o Diego.' Falei e ele desviou a atenção pra mim e sorriu. Era aniversário de Mel, namorada do Chay, então íamos para a casa dela que ficava a uns dois quarteirões do nosso apartamento.
'Vou botar a mochila lá dentro.' Ele falou se levantando.
'O quarto tá arrumado.' Sorri fraco e ele concordou sumindo no corredor. Diego foi atrás dele com um sorriso maior que o próprio rosto.
Pouco menos de uma hora depois saímos de casa. Decidimos ir a pé já que era tão perto. Caminhávamos lado a lado, mas sem nos tocar, na verdade estávamos um pouco separados graças à calçada que era espaçosa. Dois homens passaram me olhando e eu abaixei a cabeça sem graça, segundos depois senti a mão de Arthur segurar a minha e ele entrelaçar nossos dedos.
'Se a gente continuar andando assim, só vamos chegar amanhã!' Ele falou se apressando e me puxando junto.
'Preferia ter vindo de carro.' Dei de ombros caminhando mais rápido e já sentindo meu coração acelerar, eu realmente precisava começar a fazer exercícios físicos.
'Preguiçosa!' Arthur riu e eu dei língua.
'Ah não, chuva não!' Falei olhando pro céu e sentindo alguns pingos. 'Odeio esse tempo completamente instável.' Bufei.
'Preparada pra correr?' Arthur perguntou rindo enquanto a chuva começava a realmente cair e eu gemi. 'Um, dois, três!' Ele contou e saiu me puxando e eu não sabia se ria ou se corria.
'Arthur, eu vou cair!' Falei rindo enquanto ele continuava segurando minha mão e correndo.
'A casa é ali na frente!' Olhei pra frente e vi a casa de Mel a alguns metros.
'Corre, então!' Falei passando na frente dele e ele riu me alcançando. 'Ufa, chegamos!' Falei quando paramos em frente à porta que já era coberta. 'Meu cabelo deve tá horrível!' Reclamei passando a mão por meu cabelo molhado. Nem moletom eu tinha levado já que quando sai de casa o tempo estava bom.
'O meu tá ótimo!' Arthur falou passando a mão pelo cabelo e jogando água em mim. O olhei com a sobrancelha arqueada e ele riu beijando minha bochecha. Na verdade eu acho que conseguia contar nos dedos quantas vezes a gente tinha realmente se beijado desde o jantar. Arthur agora era completamente cuidadoso, ele sabia que um passo em falso estragaria tudo novamente.
Toquei a campanhia da casa e Chay abriu a porta sorridente.
'Casal!' Ele abriu mais a porta dando espaço para que entrássemos.
'Chayziinho! Cadê a aniversariante?' Falei beijando sua bochecha.
'Tá lá no jardim dos fundos, todo mundo tá lá!' Ele apontou pra fora da casa. Chay deu uns tapinhas nas costas de Arthur e depois fomos pro jardim dos fundos.
'Amiiiiiga!' Pulei nas costas de Mel completamente molhada.
'Lua, sua vaca, você tá molhada! Saaaai!' Ela gritou rindo e eu quase caí de bunda no chão.
'Parabéns!' A abracei normalmente. 'Você tá tão velha, Mel!' Comentei rindo e ela me deu uns tapinhas no braço.
Depois eu e Arthur fomos falar com todo mundo que estava por ali, já não agüentava mais dar beijinhos e abraços, fazer a social não é pra mim!
Sentamos na mesa em que os meninos estavam, incluindo James. Não sei quem aparentava estar mais sem graça, eu ou ele. James certamente já sabia de toda minha história com Arthur, e agora mal olhava pra minha cara.
Ficamos praticamente o tempo todo sentados conversando sobre todos os assuntos possíveis, de musica até política. Os meninos faziam imitações bizarras e todo mundo ria sem conseguir parar. Pedro tinha ido com alguma nova garota que ele estava ficando, e os meninos conseguiam deixa-la completamente sem graça falando sobre a fama do Pedro de pegador. Provavelmente depois daquela festa a menina nunca mais olharia na cara dele.
Me levantei quando minha bexiga já estava começando a implorar e Arthur me olhou.
'Já volto.' Dei um selinho rápido nele que concordou sorrindo.
Fui até o banheiro que ficava mais perto e quando estava saindo James estava ali.
'Erm... oi.' Falei completamente sem graça.
'Hey, Lu!' Ele sorriu. Nos enrolamos um pouco já que o banheiro ficava em uma entrada um pouco apertada, quando finalmente conseguimos e eu estava voltando pro jardim ele me chamou.
'Eu só queria erm... queria pedir desculpas por todo aquele lance.' Ele passou a mão pelo cabelo desajeitadamente. 'Eu não sabia sobre você e o Aguiar!' Ele sorriu sem graça.
'Ah, sem problemas, James. E desculpa também... qualquer coisa.' Senti meu rosto enrubescer. Ele sorriu e entrou no banheiro. Respirei fundo e voltei calmamente para a mesa do lado de fora da casa.
'Ai, to cansada!' Mel comentou sentando no sofá ao lado de Chay. Já era tarde da noite, e só estavam na casa os meninos da banda e as garotas, até James e os outros amigos já tinham ido embora.
'Vamos assistir filme!' Sophia falou animada se levantando e indo até a estante de dvd's.
'Eu escolho!' Micael falou se levantando também.
'Ah, nem vem! Eu sou namorado da aniversariante, eu escolho!' Chay também se juntou aos dois e eu rolei os olhos dando risada.
'Tartarugas Ninjas!' Arthur gritou, mas eu tapei sua boca.
'Nããão! Qualquer um, menos as malditas tartarugas, não agüento mais!' Arthur tirou minha mão da sua boca e começou a fazer cócegas em minha cintura. 'SAAAAI! Eu vou morrer, Arthur!' Foi a única coisa que eu consegui falar no meio da crise de risos. As pessoas na sala nem prestavam atenção na gente, todos estavam mais preocupados em escolher o filme. 'Sai, seu idiota!' Falei enxugando as lágrimas quando ele parou com as cócegas.
'Você me estapeou.' Ele passou a mão pelo braço que estava cheio de marcas vermelhas dos meus tapas.
'Você mereceu!' Dei de ombros sorrindo e ele me deu um pedala fraco antes de me puxar pela cintura fazendo com que eu ficasse no meio das pernas dele.
'HÁ! STAR WARS!!' Chay gritou segurando o dvd e correndo até o aparelho para colocá-lo. Sophia voltou apara o sofá emburrada enquanto Micael e Chay davam risada.
Eu e Arthur, Pedro e Raya, a ficante dele, estávamos sentados no chão, enquanto os outros dois casais estavam no sofá. Me recostei no peito de Arthur enquanto ele me abraçava pela cintura.
No começo do filme todos estavam concentrados, até Pedro começar a se pegar com a garota e os outros dois casais resolverem fazer o mesmo. Olhei pra Arthur prendendo o riso já que a única coisa se ouvia era o barulho irritante de beijos que os casais nem faziam questão de disfarçar.
'Hora de ir pra casa?' Arthur perguntou baixo.
'Hora de ir pra casa!' Concordei sorrindo. Nos levantamos e ninguém nem pareceu notar, quando estávamos na porta Arthur resolveu falar.
'A gente tá indo, ok? Não que alguém esteja realmente interessado nisso. Tchau!' Ele bateu a porta e eu comecei a rir. 'Espero que não comece a chover!' Ele falou olhando pro céu enquanto fazíamos o caminho de volta pra casa.
'Argh... vira essa boca pra lá! Sem chance!' Mesmo o céu estando limpo sem qualquer indicio de chuva eu apressei o passo, até porque as ruas estavam vazias e a única iluminação era a dos postes.
Caminhávamos em silêncio pelas ruas vazias, já estávamos perto de casa quando eu olhei para trás discretamente e vi que um pouco mais atrás de nós haviam dois caras que caminhavam silenciosamente. Senti um frio percorrer minha espinha e comecei a caminhar ainda mais rápido, Arthur também percebeu já que fez o mesmo que eu. Os dois homens pareciam que nunca se distanciavam, cada vez que nos apressávamos eles faziam o mesmo, o mais silenciosamente possível.
'Arthur, eu to com medo.' Falei baixo apertando a mão dele.
'Shh.' Ele sussurrou e passou o braço por minha cintura me apertando contra o corpo dele. 'Fica calma.' Ele pediu ainda baixo.
Minha respiração começou a ficar falha e minhas pernas pareciam que nem obedeciam mais aos meus comandos, eu queria sair correndo dali, mas sabia que isso só pioraria.
'O casal tá com pressa?' Um homem falou de repente e só então eu notei que eles estavam apenas a alguns passos de distancia. Arthur o olhou de relance e apertou ainda mais minha cintura sem dizer nenhuma palavra e continuou andando. Quando estávamos passando em frente a um pequeno beco no meio de dois prédios eu senti alguma coisa fria em meu pescoço.
'Calminha aí playboyzinho, senão a garota aqui já era.' Uma outra voz falou num tom ameaçador e Arthur parou bruscamente ainda sem me soltar. 'Isso, agora os dois aqui pra dentro desse beco.' Ele empurrou Arthur que me puxou junto e quase caímos no pequeno espaço escuro.
'Os dois, encostem aí na parede.' O que aparentava ser mais velho falou e nós o obedecemos. Eu tremia completamente e me sentia incapaz até de chorar.
Olhei pro rosto de Arthur que aparentava uma certa tranqüilidade, mas eu sabia que por dentro ele devia estar igual a mim. Ele não retribuiu o olhar, mas puxou minha mão e me fez ficar colada nele.
'Playboy, você vem aqui.' O cara apontou a parede ao lado dele e só então eu vi que havia uma arma em sua mão. 'Vem caminhando devagar, qualquer movimento a mais a gatinha ali sofre as conseqüências.' Ele falou sorrindo e eu apertei a mão de Arthur impedindo ele de se afastar.
'Fica calma, Lu, por favor.' Ele pediu baixo e soltou minha mão caminhando até onde o homem estava.
'Tira a carteira, celular, iPod, qualquer coisa que tiver aí nos bolsos e passa pra cá.' Ele falou quando Arthur se aproximou.
Depois ele começou a falar mais baixo e eu não consegui entender. Quando olhei pro lado percebi que o outro assaltante me olhava com um sorriso malicioso no rosto. Ele começou a se aproximar e eu fui lentamente tentando me afastar, quando ele deu um passo maior, inconscientemente eu fiz a mesma coisa, então ele me puxou pelo braço com força. Ao invés de gritar a única coisa que saiu de minha boca foi um gemido ao perceber o corpo dele perto do meu.
'Hey, fica longe dela!' Arthur gritou, mas o assaltante que estava com ele segurou seus braços e apontou a arma em seu pescoço.
'Calminha aí, cara! A gente não vai machucar aquela gracinha não.' Ele falou rindo e o que estava me segurando concordou.
'Ae, Rufus! Acho que o playboy não vai se importar de dividir um pouco a namoradinha dele comigo, né?' As mãos dele foram até minha cintura e eu me encolhi grudada na parede atrás de mim.
'Solta ela!' Arthur tentou se desvencilhar do assaltante, mas ele era realmente forte e o prensou contra a parede com a arma em seu rosto.
Eu queria gritar, pedir pra Arthur não tentar nada perigoso, mas nada saia da minha garganta, eu apenas sentia as lágrimas em meus olhos enquanto observava Arthur me olhar com desespero e tentava ao máximo me encolher evitando as mãos do assaltante.
'Iai, linda. Aposto que esse seu namoradinho não tá com nada. Você precisa aprender algumas coisas com um homem de verdade.' O olhei rápido e depois desviei o olhar pro chão. Senti uma mão dele começar a se movimentar e a outra ele segurou em meu cabelo puxando um pouco. Ele aproximou o rosto do meu pescoço e sorriu. 'Cheirosinha, do jeito que eu gosto.' Seu sorriso sarcástico aumentou.
'Solta ela, seu desgraçado!' Mais uma vez Arthur tentou se soltar, antes que eu pudesse tentar fazer alguma coisa o assaltante deu um soco em seu estomago e ele se encolheu.
'Arthur!' Gritei desesperada levando a mão à boca. Senti uma pontada na cabeça quando meu cabelo foi puxado com mais força.
'Shh, quietinha! Não esquece do que eu tenho aqui.' Senti alguma coisa fria em meu braço e nem precisei olhar pra saber que era uma arma.
'Deixa ela ir embora, eu dou quanto dinheiro vocês precisarem.' Ouvi a voz de Arthur e o olhei balançando a cabeça.
'Não.' Falei alto e os dois assaltantes riram.
'Parece que temos um casal apaixonadinho aqui, Bob!' O tal Rufus falou sem parar de rir.
'Ae playboy, olha só o que eu faço com a sua garota.' Bob falou e começou a abrir minha camisa que era de botão.
'Não encosta suas mãos sujas nela, seu canalha!' Eu nunca tinha ouvido a voz de Arthur com tanta raiva. Ele conseguiu se desvencilhar rápido de Rufus, mas antes de chegar até mim ele levou uma rasteira. Quando ele caiu no chão, o assaltante lhe deu um chute em seu estomago.
'Não'. Gemi me encolhendo. Eu conseguia sentir a dor de Arthur, eu sentia como se o chute tivesse sido em mim. 'Deixa ele em paz, por favor.' Falei chorando com a mão na boca.
'Isso é pra aprender a não querer dar uma de herói, pirralho.' Rufus deu outro chute, dessa vez no braço de Arthur.
O barulho de uma sirene de policia chegou até nós e os dois se olharam amedrontados.
'Ferrou, cara!' Rufus falou e olhou o beco sem saída. A sirene ficava cada vez mais próxima, eu e Arthur apenas observávamos o desespero dos dois. 'Vamos ter que arriscar, se prepara pra correr!' Ele falou e saiu correndo pra fora do beco, Bob fez o mesmo. Olhei pro final do beco e logo depois que eles sumiram da minha vista um carro da policia passou na maior velocidade, antes que eu piscasse apareceram mais duas viaturas, uma delas parou e a outra também foi atrás dos assaltantes.
'Lu!' Arthur gritou se levantando com dificuldade e só então eu consegui focalizar minha visão novamente. 'Lu!' Ele me abraçou com força e me puxou pra cima, eu estava escorregando pela parede sem nem sentir. Minha respiração estava pesada e eu ainda tentava trazer minha mente de volta pra realidade. 'Fala alguma coisa.' Ele segurou meu rosto me fazendo olhar em seus olhos.
Tentei emitir algum som, mas a única coisa que fiz foi mexer a cabeça. Ouvi umas vozes no fundo e barulhos de pneu cantando. Alguns policiais se aproximavam rapidamente.
'Lua, diz que você tá me ouvindo, pelo amor de Deus!' A voz de Arthur era alta e desesperada. Abri a boca, mas novamente não consegui falar nada. Ele mais uma vez me puxou pra cima me fazendo perceber que eu continuava escorregando como se não tivesse força nenhuma nas pernas. 'Não faz isso comigo, meu amor.' A voz chorosa dele pareceu um pouco distante. 'Ajuda aqui, por favor!' Arthur falou provavelmente para os policiais, a única coisa que eu ouvi foi o barulho de passos apressados, quando tentei ver os policiais se aproximando tudo ficou escuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário