24° Capitulo
O barulho do celular de Arthur
tirou minha atenção da televisão e eu vi o aparelho na mesinha de
centro.
‘Arthur, telefoone!’ Falei alto, mas não houve resposta. ‘Arthur!!’ Gritei de novo e nada. Bufei e peguei o telefone, na tela tinha escrito Perola.
Estranhei, mas atendi.
‘Alô?’ Falei calmamente.
‘Hm... é do celular do Arthur?’ A voz feminina perguntou e eu confirmei. ‘Ele tá por aí?’ Ela falou ainda em duvida.
‘Não ele...’ Parei alguns instantes pensando no que falar, Arthur provavelmente estava no banho. ‘Ele saiu rapidinho, mas daqui a pouco deve voltar.’ Acabei falando.
‘Ah, tá bem! Eu ligo depois! Brigada.’ Ela desligou sem nem esperar eu responder.
“Quem é Perola?” era a pergunta que não saia da minha cabeça.
Dez minutos depois Arthur voltou pra sala só com uma bermuda e os cabelos ainda molhados. Fiquei o observando por alguns segundos ou minutos, não sei... devo ter viajado olhando pra ele, já que vi seus dedos estalarem, na frente do meu rosto e balancei a cabeça voltando ao mundo.
‘Terra chamando!’ Ele falou rindo e eu senti meu rosto arder. Se ele soubesse por que eu estava viajando certamente não estaria rindo assim e me fazendo quase viajar de novo em seu sorriso.
‘Você sabe que eu viajo às vezes.’ Falei dando de ombros e voltando minha atenção pra tv.
Diego estava na escola, as aulas na faculdade terminaram mais cedo e eu voltei pra casa. O clima entre mim e Arthur pode-se dizer que já estava 90% melhor, já nos falávamos normalmente e raramente caíamos num silencio constrangedor.
Ele pegou o celular que eu tinha botado na mesinha, exatamente como estava antes e olhou alguma coisa. Senti ele me olhar de lado rapidamente e logo depois se levantou indo pro quarto. Ouvi a porta do quarto fechar e fiz careta.
Fui até a cozinha pra ver alguma coisa pra fazer pro almoço, enquanto estava olhando a geladeira Arthur entrou na cozinha.
‘Quer o que pro almoço?’ Perguntei o olhando.
‘Panquecas!’ Ele sorriu e eu confirmei pegando a massa semi pronta.
Enquanto preparava o almoço sentia o olhar de Arthur em minhas pernas já que eu estava apenas com uma camisa comprida dele. Ele estava sentado no banco com os braços apoiados na mesa e ficou me observando o tempo todo.
‘Vai pegar o Diego na escola?’ Perguntei o olhando e ele levantou os olhos para meu rosto.
‘Porque você não vai?’ Ele perguntou rindo.
‘Arthur!’ Fiz manha. ‘Por favor, não custa você ir pegar!’ Falei sentando no banco do lado dele.
‘Vamos os dois.’ Ele deu de ombros.
‘Arthur, se eu to pedindo pra você ir, é porque eu não quero ir!’ Fiz cara de criança e ele riu.
‘Nada feito, vamos os dois.’ Ele sorriu vitorioso e eu bufei.
Ficamos algum tempo sentados em silêncio, até o forno apitar e eu me levantar para desligá-lo.
‘Tá pronto, se quiser almoçar antes de ir.’
‘Ná, melhor almoçar depois que a gente pegar o Diego.’ Ele se levantou.
‘Errado, depois que você pegar o Diego!’ Falei rindo. ‘Já disse que não vou.’ Cruzei os braços.
‘Então é melhor você começar a correr.’ Ele falou em tom de alerta e eu gritei.
‘NÃO!!’ Saí correndo da cozinha e ele veio atrás. ‘Arthur, pára!’ Falei rindo e quando fui tentar pular o sofá ele me puxou e acabou caindo por cima de mim.
‘Vamos os dois.’ Ele falou sorrindo. Acho que ainda não tinha percebido nossa proximidade.
O olhei sem reação sentindo o peso dele em cima de mim e só então ele percebeu que estava por cima de mim e nossos rostos estavam mais próximos do que deviam. Mordi o lábio vendo ele se aproximar meio em duvida, senti sua respiração em minha boca e logo depois seu nariz encostar no meu. Eu nem me movia, sentia apenas minha respiração ficar mais pesada. Quando sua boca roçou na minha e eu já tinha até fechado os olhos ele parou e me olhou um pouco assustado.
‘Erm...’ Ele saiu de cima de mim, me deixando com cara de idiota. ‘É melhor a gente ir.’ Ele passou a mão pelos cabelos sem me olhar e foi pro quarto.
Eu continuei alguns minutos estática sem entender nada. Num segundo ele parecia querer aquilo, no segundo seguinte ele parecia uma criança com medo do seu primeiro beijo. Bufei me levantando frustrada e fui pro quarto batendo a porta com força depois de entrar.
Me joguei na cama encarando o teto e fiquei lá pensando nos motivos pra Arthur ter simplesmente desistido de me beijar e agido daquela forma, ele parecia assustado com aquela proximidade.
Nas ultimas semanas ele havia saído mais que o normal, principalmente nos fins de semana, na maioria das vezes ele dizia que ia sair com os meninos, mas ainda me lembro de quando liguei pra Sophia e ela disse que Micael estava com ela... e sem o Arthur. Em outra situação eu poderia pensar que ele talvez estivesse com o Chay ou o Pedro, mas ele disse que sairia com o Micael. Achei melhor não perguntar nada, e acabei apenas esquecendo esse assunto.
Ouvi a porta de casa sendo fechada e deduzi que Arthur tinha saído pra pegar Diego na escola, ele provavelmente sentiu minha frustração ao bater a porta do quarto com força.
Fiquei mais alguns minutos encarando o teto sem pensar em nada especificamente até decidir que precisava conversar com alguém.
Peguei o telefone e disquei aqueles números já tão conhecidos.
‘Oi, amiga.’ Sophia atendeu o telefone calmamente.
‘Hey, tá livre hoje?’ Perguntei já indo direto ao assunto.
‘Depende da hora. Uma hora tenho entrevista lá naquela empresa de Comunicação que eu te falei!’ Ela disse animada e eu sorri.
‘Ah, é mesmo! Espero que você consiga o estágio!’ Ela finalmente tinha tomado vergonha na cara e voltado a procurar algum estágio. ‘Então, quando eu sair do trabalho você já deve ter terminado, passo na sua casa, ok? Preciso conversar com alguém.’ Falei fazendo bico como se ela pudesse me ver.
‘Okey! Algum problema?’ A voz dela ficou preocupada e é por isso que eu digo que tenho a melhor amiga do mundo, eu nem preciso falar nada pra ela já entender tudo.
‘Só o de sempre.’ Dei de ombros e ela deu uma risadinha fraca.
‘Tudo bem, então. Me liga quando tiver vindo e a gente vai na Starbucks perto da minha casa, tá?’ Ai starbucks, nada como um bom café pra relaxar.
‘Fechado! Beijo!’ Desliguei o telefone e fui tomar banho antes que Arthur e Diego chegassem.
‘Vou sair com a Soph.’ Falei entrando na sala onde Arthur lia alguma revista sobre instrumentos musicais. Saí mais cedo do estágio e acabei passando em casa antes de ir buscar Sophia. ‘Quer que eu chame a Kat pra ficar com o Diego?’ Ele negou com a cabeça.
‘Não precisa, não vou sair.’ Ele falou sem nem tirar os olhos da revista. Senti que ele estava um pouco nervoso e nem falei mais nada, apenas saí de casa.
‘Yey, bonitinha!’ Sophia me abraçou animada a eu sorri.
‘Conseguiu?’ Arqueei a sobrancelha.
‘Acho que sim.’ Ela começou a andar e eu caminhei ao seu lado. ‘O entrevistador ficou de me ligar, mas parecia animado!’
‘Já tá na hora de arrumar um emprego, né vagal?’ Dei um pedala fraco nela que fez careta.
Entramos na Starbucks e aquele velho cheirinho de café me fez sorrir instantaneamente. Aquela lojinha era menor do que as que se encontram por Londres, e bem menos conhecida também. Era calma, um ótimo lugar pra relaxar e conversar tranquilamente. Sentamos em uma mesa no canto e fizemos logo os pedidos, quando o garçom se afastou, Sophia me olhou sugestiva.
‘Então...’ Ela apoiou os braços na mesa e ficou me olhando.
‘Basicamente...’ Falei suspirando. ‘Eu e o Arthur quase nos beijamos hoje mais cedo, mas na hora H ele fugiu como um adolescente com medo do primeiro beijo.’ Dei de ombros e ela me olhou com uma cara um pouco assustada.
‘Wow, como assim ele fugiu bem na hora?’ Ela parecia não acreditar.
‘Fugindo, ué. Simplesmente saiu de cima de mim e me deixou lá no sofá com cara de idiota e sem entender nada.’ Falei num tom um pouco desesperado e ela riu.
‘Uh, sexo selvagem no sofá, huh?’ Sophia deu um risinho tarado e eu mandei dedo.
‘Eu apenas brinquei com ele e quando ele correu atrás de mim pra revidar nós caímos no sofá com ele por cima.’ Expliquei a ela balançou a cabeça.
O garçom voltou trazendo nossos cafés e dois muffins e nós sorrimos agradecidas.
‘Nenhum motivo em especial?’ Ela perguntou tomando um gole do café e fazendo careta por estar muito quente.
‘Aparentemente não.’ Falei rindo fraco. ‘Uma tal de Perola ligou pra ele hoje mais cedo.’ Falei indiferente e Sophia se engasgou com o café. Bati nas costas dela a ajudando.
‘Ai, desculpa. Tava um pouco mais quente que o esperado.’ Ela sorriu sem graça. ‘Perola?’ Ela me olhou.
‘É. Ele tava no banho e eu tive que atender, e era essa tal de Perola, mas ela não falou nada apenas que ligava depois.’ Dei de ombros.
‘E ele não viu a chamada dela depois?’ Sophia perguntou soprando o café.
‘Acho que sim, ele olhou o celular e depois foi pro quarto.’ Ela balançou a cabeça demonstrando que tinha entendido e depois não falou mais nada, e eu esperando que ela fosse falar alguma coisa pra me acalmar. ‘Hm, então... o que você acha?’
‘Eu? Eu... eu não sei, Lu. Não tenho nada pra achar sobre essa tal de Perola.’ Ela deu de ombros, mas se eu não a conhecesse a tanto tempo diria que ela ficou um pouco nervosa.
‘Não to falando da Perola, Sophia. To falando dos motivos pro Arthur desistir bem na hora.’ Falei arqueando a sobrancelha e ela soltou um risinho fraco.
‘Ah, isso, bem... sinceramente não faço idéia!’ Ela me olhou por alguns instantes e depois voltou sua atenção pro muffin.
Resolvemos mudar de assunto e Sophia me falou como tinha sido sua entrevista pro estágio. Ficamos conversando até o celular de Sophia tocar e ela ficar alguns minutos conversando com Micael, enquanto eu terminava meu café.
‘Festinha no final de semana!’ Ela falou empolgada depois que desligou o telefone. ‘Os meninos vão tocar na festa de um amigo.’ Ela deu de ombros.
‘Ah, tá.’ Falei sorrindo fraco.
‘Que foi?’ Ela me olhou preocupada.
‘Nada, só não sei se depois do quase beijo de hoje, eu e Arthur vamos voltar ao normal... ou melhor, a como estávamos antes, né?’ Dei de ombros.
‘Claro que vão, Lu, vocês têm alguns dias até o fim de semana!’ Ela piscou sorrindo. ‘Vamos?’
‘Vamos, sim. Te levo até em casa!’ Sorri me levantando e ela fez o mesmo.
Quando cheguei em casa Arthur estava falando no celular e pareceu tomar um susto quando me viu. Sorri fraco e ele retribuiu passando a mão pelo cabelo. Diego correu até mim abraçando minhas pernas e eu o carreguei até o quarto. Fiquei algum tempo lendo um livro infantil pra ele, até Arthur entrar no quarto.
‘Hey, eu vou sair rápido, ok?’ Ele sorriu fraco e eu concordei com um sorriso.
Olhei pra Diego deitado ao meu lado de barriga pra cima, assim como eu. Ele me olhou e sorriu, suspirei e voltei a ler o livro calmamente e em voz alta para que ele entendesse.
Quando cheguei ao final de livro olhei pro lado e vi que Diego já dormia tranquilamente. Ajeitei ele, o cobrindo e fui tomar banho imaginando aonde Arthur teria ido aquela hora e no meio da semana.
Demorei um pouco mais que o normal no banho, a água quente batendo em minha pele me fazia relaxar e esquecer de qualquer coisa à minha volta. Quando saí do banheiro vesti uma camisa comprida e velha e fui até a cozinha.
Enchi um copo com água e me sentei na bancada me perdendo em pensamentos, só fui acordar quando ouvi a porta se fechando e segundos depois Arthur entrou na cozinha se assustando um pouco ao me ver ali.
‘Hey!’ Falei botando uma mexa do cabelo atrás da orelha e ele sorriu abrindo a geladeira.
O observei enquanto ele parecia um pouco nervoso, talvez pelo silêncio, ou talvez pela minha presença.
‘Arthur’ O chamei descendo da bancada e ele me olhou. Fiquei alguns instantes encarando seus olhos até resolver falar. ‘A gente não precisava ficar assim pelo que aconteceu mais cedo. Foi apenas... foi uma coisa do momento.’ Suspirei sorrindo fraco e ele caminhou até mim.
‘Eu sei. Desculpa.’ Ele me abraçou forte e respirei seu perfume sentindo um formigamento gostoso passar por todo meu corpo. Ele deu um beijo demorado em minha cabeça e depois me soltou sorrindo. ‘Boa noite.’ Ele sorriu e beijou minha testa e eu sorri vendo-o se afastar até sumir no corredor.
‘Arthur, telefoone!’ Falei alto, mas não houve resposta. ‘Arthur!!’ Gritei de novo e nada. Bufei e peguei o telefone, na tela tinha escrito Perola.
Estranhei, mas atendi.
‘Alô?’ Falei calmamente.
‘Hm... é do celular do Arthur?’ A voz feminina perguntou e eu confirmei. ‘Ele tá por aí?’ Ela falou ainda em duvida.
‘Não ele...’ Parei alguns instantes pensando no que falar, Arthur provavelmente estava no banho. ‘Ele saiu rapidinho, mas daqui a pouco deve voltar.’ Acabei falando.
‘Ah, tá bem! Eu ligo depois! Brigada.’ Ela desligou sem nem esperar eu responder.
“Quem é Perola?” era a pergunta que não saia da minha cabeça.
Dez minutos depois Arthur voltou pra sala só com uma bermuda e os cabelos ainda molhados. Fiquei o observando por alguns segundos ou minutos, não sei... devo ter viajado olhando pra ele, já que vi seus dedos estalarem, na frente do meu rosto e balancei a cabeça voltando ao mundo.
‘Terra chamando!’ Ele falou rindo e eu senti meu rosto arder. Se ele soubesse por que eu estava viajando certamente não estaria rindo assim e me fazendo quase viajar de novo em seu sorriso.
‘Você sabe que eu viajo às vezes.’ Falei dando de ombros e voltando minha atenção pra tv.
Diego estava na escola, as aulas na faculdade terminaram mais cedo e eu voltei pra casa. O clima entre mim e Arthur pode-se dizer que já estava 90% melhor, já nos falávamos normalmente e raramente caíamos num silencio constrangedor.
Ele pegou o celular que eu tinha botado na mesinha, exatamente como estava antes e olhou alguma coisa. Senti ele me olhar de lado rapidamente e logo depois se levantou indo pro quarto. Ouvi a porta do quarto fechar e fiz careta.
Fui até a cozinha pra ver alguma coisa pra fazer pro almoço, enquanto estava olhando a geladeira Arthur entrou na cozinha.
‘Quer o que pro almoço?’ Perguntei o olhando.
‘Panquecas!’ Ele sorriu e eu confirmei pegando a massa semi pronta.
Enquanto preparava o almoço sentia o olhar de Arthur em minhas pernas já que eu estava apenas com uma camisa comprida dele. Ele estava sentado no banco com os braços apoiados na mesa e ficou me observando o tempo todo.
‘Vai pegar o Diego na escola?’ Perguntei o olhando e ele levantou os olhos para meu rosto.
‘Porque você não vai?’ Ele perguntou rindo.
‘Arthur!’ Fiz manha. ‘Por favor, não custa você ir pegar!’ Falei sentando no banco do lado dele.
‘Vamos os dois.’ Ele deu de ombros.
‘Arthur, se eu to pedindo pra você ir, é porque eu não quero ir!’ Fiz cara de criança e ele riu.
‘Nada feito, vamos os dois.’ Ele sorriu vitorioso e eu bufei.
Ficamos algum tempo sentados em silêncio, até o forno apitar e eu me levantar para desligá-lo.
‘Tá pronto, se quiser almoçar antes de ir.’
‘Ná, melhor almoçar depois que a gente pegar o Diego.’ Ele se levantou.
‘Errado, depois que você pegar o Diego!’ Falei rindo. ‘Já disse que não vou.’ Cruzei os braços.
‘Então é melhor você começar a correr.’ Ele falou em tom de alerta e eu gritei.
‘NÃO!!’ Saí correndo da cozinha e ele veio atrás. ‘Arthur, pára!’ Falei rindo e quando fui tentar pular o sofá ele me puxou e acabou caindo por cima de mim.
‘Vamos os dois.’ Ele falou sorrindo. Acho que ainda não tinha percebido nossa proximidade.
O olhei sem reação sentindo o peso dele em cima de mim e só então ele percebeu que estava por cima de mim e nossos rostos estavam mais próximos do que deviam. Mordi o lábio vendo ele se aproximar meio em duvida, senti sua respiração em minha boca e logo depois seu nariz encostar no meu. Eu nem me movia, sentia apenas minha respiração ficar mais pesada. Quando sua boca roçou na minha e eu já tinha até fechado os olhos ele parou e me olhou um pouco assustado.
‘Erm...’ Ele saiu de cima de mim, me deixando com cara de idiota. ‘É melhor a gente ir.’ Ele passou a mão pelos cabelos sem me olhar e foi pro quarto.
Eu continuei alguns minutos estática sem entender nada. Num segundo ele parecia querer aquilo, no segundo seguinte ele parecia uma criança com medo do seu primeiro beijo. Bufei me levantando frustrada e fui pro quarto batendo a porta com força depois de entrar.
Me joguei na cama encarando o teto e fiquei lá pensando nos motivos pra Arthur ter simplesmente desistido de me beijar e agido daquela forma, ele parecia assustado com aquela proximidade.
Nas ultimas semanas ele havia saído mais que o normal, principalmente nos fins de semana, na maioria das vezes ele dizia que ia sair com os meninos, mas ainda me lembro de quando liguei pra Sophia e ela disse que Micael estava com ela... e sem o Arthur. Em outra situação eu poderia pensar que ele talvez estivesse com o Chay ou o Pedro, mas ele disse que sairia com o Micael. Achei melhor não perguntar nada, e acabei apenas esquecendo esse assunto.
Ouvi a porta de casa sendo fechada e deduzi que Arthur tinha saído pra pegar Diego na escola, ele provavelmente sentiu minha frustração ao bater a porta do quarto com força.
Fiquei mais alguns minutos encarando o teto sem pensar em nada especificamente até decidir que precisava conversar com alguém.
Peguei o telefone e disquei aqueles números já tão conhecidos.
‘Oi, amiga.’ Sophia atendeu o telefone calmamente.
‘Hey, tá livre hoje?’ Perguntei já indo direto ao assunto.
‘Depende da hora. Uma hora tenho entrevista lá naquela empresa de Comunicação que eu te falei!’ Ela disse animada e eu sorri.
‘Ah, é mesmo! Espero que você consiga o estágio!’ Ela finalmente tinha tomado vergonha na cara e voltado a procurar algum estágio. ‘Então, quando eu sair do trabalho você já deve ter terminado, passo na sua casa, ok? Preciso conversar com alguém.’ Falei fazendo bico como se ela pudesse me ver.
‘Okey! Algum problema?’ A voz dela ficou preocupada e é por isso que eu digo que tenho a melhor amiga do mundo, eu nem preciso falar nada pra ela já entender tudo.
‘Só o de sempre.’ Dei de ombros e ela deu uma risadinha fraca.
‘Tudo bem, então. Me liga quando tiver vindo e a gente vai na Starbucks perto da minha casa, tá?’ Ai starbucks, nada como um bom café pra relaxar.
‘Fechado! Beijo!’ Desliguei o telefone e fui tomar banho antes que Arthur e Diego chegassem.
‘Vou sair com a Soph.’ Falei entrando na sala onde Arthur lia alguma revista sobre instrumentos musicais. Saí mais cedo do estágio e acabei passando em casa antes de ir buscar Sophia. ‘Quer que eu chame a Kat pra ficar com o Diego?’ Ele negou com a cabeça.
‘Não precisa, não vou sair.’ Ele falou sem nem tirar os olhos da revista. Senti que ele estava um pouco nervoso e nem falei mais nada, apenas saí de casa.
‘Yey, bonitinha!’ Sophia me abraçou animada a eu sorri.
‘Conseguiu?’ Arqueei a sobrancelha.
‘Acho que sim.’ Ela começou a andar e eu caminhei ao seu lado. ‘O entrevistador ficou de me ligar, mas parecia animado!’
‘Já tá na hora de arrumar um emprego, né vagal?’ Dei um pedala fraco nela que fez careta.
Entramos na Starbucks e aquele velho cheirinho de café me fez sorrir instantaneamente. Aquela lojinha era menor do que as que se encontram por Londres, e bem menos conhecida também. Era calma, um ótimo lugar pra relaxar e conversar tranquilamente. Sentamos em uma mesa no canto e fizemos logo os pedidos, quando o garçom se afastou, Sophia me olhou sugestiva.
‘Então...’ Ela apoiou os braços na mesa e ficou me olhando.
‘Basicamente...’ Falei suspirando. ‘Eu e o Arthur quase nos beijamos hoje mais cedo, mas na hora H ele fugiu como um adolescente com medo do primeiro beijo.’ Dei de ombros e ela me olhou com uma cara um pouco assustada.
‘Wow, como assim ele fugiu bem na hora?’ Ela parecia não acreditar.
‘Fugindo, ué. Simplesmente saiu de cima de mim e me deixou lá no sofá com cara de idiota e sem entender nada.’ Falei num tom um pouco desesperado e ela riu.
‘Uh, sexo selvagem no sofá, huh?’ Sophia deu um risinho tarado e eu mandei dedo.
‘Eu apenas brinquei com ele e quando ele correu atrás de mim pra revidar nós caímos no sofá com ele por cima.’ Expliquei a ela balançou a cabeça.
O garçom voltou trazendo nossos cafés e dois muffins e nós sorrimos agradecidas.
‘Nenhum motivo em especial?’ Ela perguntou tomando um gole do café e fazendo careta por estar muito quente.
‘Aparentemente não.’ Falei rindo fraco. ‘Uma tal de Perola ligou pra ele hoje mais cedo.’ Falei indiferente e Sophia se engasgou com o café. Bati nas costas dela a ajudando.
‘Ai, desculpa. Tava um pouco mais quente que o esperado.’ Ela sorriu sem graça. ‘Perola?’ Ela me olhou.
‘É. Ele tava no banho e eu tive que atender, e era essa tal de Perola, mas ela não falou nada apenas que ligava depois.’ Dei de ombros.
‘E ele não viu a chamada dela depois?’ Sophia perguntou soprando o café.
‘Acho que sim, ele olhou o celular e depois foi pro quarto.’ Ela balançou a cabeça demonstrando que tinha entendido e depois não falou mais nada, e eu esperando que ela fosse falar alguma coisa pra me acalmar. ‘Hm, então... o que você acha?’
‘Eu? Eu... eu não sei, Lu. Não tenho nada pra achar sobre essa tal de Perola.’ Ela deu de ombros, mas se eu não a conhecesse a tanto tempo diria que ela ficou um pouco nervosa.
‘Não to falando da Perola, Sophia. To falando dos motivos pro Arthur desistir bem na hora.’ Falei arqueando a sobrancelha e ela soltou um risinho fraco.
‘Ah, isso, bem... sinceramente não faço idéia!’ Ela me olhou por alguns instantes e depois voltou sua atenção pro muffin.
Resolvemos mudar de assunto e Sophia me falou como tinha sido sua entrevista pro estágio. Ficamos conversando até o celular de Sophia tocar e ela ficar alguns minutos conversando com Micael, enquanto eu terminava meu café.
‘Festinha no final de semana!’ Ela falou empolgada depois que desligou o telefone. ‘Os meninos vão tocar na festa de um amigo.’ Ela deu de ombros.
‘Ah, tá.’ Falei sorrindo fraco.
‘Que foi?’ Ela me olhou preocupada.
‘Nada, só não sei se depois do quase beijo de hoje, eu e Arthur vamos voltar ao normal... ou melhor, a como estávamos antes, né?’ Dei de ombros.
‘Claro que vão, Lu, vocês têm alguns dias até o fim de semana!’ Ela piscou sorrindo. ‘Vamos?’
‘Vamos, sim. Te levo até em casa!’ Sorri me levantando e ela fez o mesmo.
Quando cheguei em casa Arthur estava falando no celular e pareceu tomar um susto quando me viu. Sorri fraco e ele retribuiu passando a mão pelo cabelo. Diego correu até mim abraçando minhas pernas e eu o carreguei até o quarto. Fiquei algum tempo lendo um livro infantil pra ele, até Arthur entrar no quarto.
‘Hey, eu vou sair rápido, ok?’ Ele sorriu fraco e eu concordei com um sorriso.
Olhei pra Diego deitado ao meu lado de barriga pra cima, assim como eu. Ele me olhou e sorriu, suspirei e voltei a ler o livro calmamente e em voz alta para que ele entendesse.
Quando cheguei ao final de livro olhei pro lado e vi que Diego já dormia tranquilamente. Ajeitei ele, o cobrindo e fui tomar banho imaginando aonde Arthur teria ido aquela hora e no meio da semana.
Demorei um pouco mais que o normal no banho, a água quente batendo em minha pele me fazia relaxar e esquecer de qualquer coisa à minha volta. Quando saí do banheiro vesti uma camisa comprida e velha e fui até a cozinha.
Enchi um copo com água e me sentei na bancada me perdendo em pensamentos, só fui acordar quando ouvi a porta se fechando e segundos depois Arthur entrou na cozinha se assustando um pouco ao me ver ali.
‘Hey!’ Falei botando uma mexa do cabelo atrás da orelha e ele sorriu abrindo a geladeira.
O observei enquanto ele parecia um pouco nervoso, talvez pelo silêncio, ou talvez pela minha presença.
‘Arthur’ O chamei descendo da bancada e ele me olhou. Fiquei alguns instantes encarando seus olhos até resolver falar. ‘A gente não precisava ficar assim pelo que aconteceu mais cedo. Foi apenas... foi uma coisa do momento.’ Suspirei sorrindo fraco e ele caminhou até mim.
‘Eu sei. Desculpa.’ Ele me abraçou forte e respirei seu perfume sentindo um formigamento gostoso passar por todo meu corpo. Ele deu um beijo demorado em minha cabeça e depois me soltou sorrindo. ‘Boa noite.’ Ele sorriu e beijou minha testa e eu sorri vendo-o se afastar até sumir no corredor.
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