quarta-feira, 27 de junho de 2012

Capítulo Duplo - A Tatuagem !

Capítulo 7 – War of the Cookies!

 

- Lu, acorda! – Ray pulava em cima da cama de Lua - detalhe: com ela deitada lá...

- Soph vai chegar, Soph vai chegar! – Mel também dava seus pulinhos histéricos só que no chão mesmo.
- Han... o quê? Vocês estão derrubando meu quarto! Que horas são? – Lua tentava se sentar na cama sonolenta.
- Duas da tarde. – Ray pulou pra fora da cama e olhou em seu relógio no pulso.
- CARALHO, VOCÊS ME DEIXARAM DORMIR ATÉ AGORA?! – Lua se livrou rápido das cobertas e levantou da cama – Sophia chega daqui à meia hora lá na estação, temos que voar pra lá!
- Calma, Lu! O Micael já se ofereceu pra levar vocês até lá de carro e trazer a Soph! – Mel tentava desacelerar um pouco a menina que jogava roupas em cima da cama enquanto escovava os dentes.
- O quê? Cooarrim oces? – Lua falou com a boca cheia de pasta mas achou melhor terminar e repetir – Como assim vocês, quer dizer que você não vai?
- Não, porque eu fui encarregada de ficar aqui e preparar umas guloseimas! – Mel tem habilidades na cozinha e isso é muito legal!

Uns minutos depois, Micael, Lua e Rayana já estavam quase prontos pra sair, quando tocou a campainha.
 - Fala, cara! – Micael abriu a porta e era o Chay.
- E aí, Micael! Vim pro ensaio... faz tanto tempo que não tocamos que eu já estou ficando com saudades!

- Hummm... essa frase foi comprometedora, hein Suede?! – Ray falou aparecendo atrás de Micael.
- Chay! Já falei pra não deixar as meninas descobrirem o nosso relacionamento! Seja mais discreto! – Micael apenas falou rindo e deu um tapa na cabeça do amigo.
- Oi, Chay! Olha, você vai ter de esperar só mais um pouquinho pra matar a saudade, tá?! – agora foi Lua que apareceu ao lado de Ray.
- Por que? Micael, você tinha falado ontem que o ensaio foi adiado pra hoje ou é impressão minha?
- Uhum! Eu tinha adiado mesmo pra hoje, mas esqueci de avisar que tem uma amiga da Lu chegando e eu vou buscá-la agora. Se quiser esperar eu voltar pra ensaiarmos...
- Ah não... não tem pressa, estamos de férias com a banda mesmo! Podemos desenferrujar amanhã ou outro dia... deixa que eu aviso os caras. – Chay já ia virar pra ir embora quando Lua falou.
- Por que você não entra? A Mel ia gostar de te ver...
- Hum? Ela não vai sair com vocês?
- Não, ela está na cozinha preparando alguns lanches gostosos pra quando voltarmos! – Lua explicou com um sorriso de segundas intenções que Chay captou e imitou logo depois.
- Pensando bem... acho que ela não ia gostar de ficar sozinha sem ninguém pra ajudar, não é?!
- Hey, eu não vou te deixar sozinho numa casa com uma prima minha! – Micael se fingiu de muito injuriado.
- Poxa, Micael! Se você não confia no seu amigo, pelo menos confia na sua prima... – Ray pediu lançando aquele olhar suplicante que toda mulher - e também do gatinho do Shrek - sempre sabe fazer.
- Tá bom, entra logo que já estamos atrasados, Suede. E... juizo com ela, okay?! – Micael apontou o dedo pra Chay enquanto ele passava ao seu lado. Mesmo não sendo primos de verdade, Micael se preocupava com Mel e Rayana como se fossem. Ele fechou a porta e foi com Lu e Ray em direção ao carro. Enquanto Chay, dentro da casa, observava da sala a entrada para a cozinha e podia ouvir os barulhos que Mel fazia lá dentro. Foi se aproximando devagar com passos pequenos e silenciosos.

No carro!

- Acho que a Mel deve ter ficado feliz quando viu Chay! – Ray dizia já dentro do carro com Micael dirigindo e Lu no banco do passageiro. Eles acabavam de dobrar a esquina ao final da rua.
- Você acha? Eu tenho infinita certeza! – Lua repondeu rindo.
- O Chay é um cara legal, ele não seria capaz de sacanear a Mel. – Micael sorriu ao volante e olhou rapidamente para a Lu e Ray que também sorriam.

Em casa!

Mel ainda não tinha visto que Chay estava ali, ele simplesmente ficou escondido atrás da entrada da cozinha. Achando que estava sozinha, Mel começou a cantarolar a música que ouvia em seus inseparáveis fones de ouvido. Era uma música animada, que fez a menina se soltar um pouco mais e começar a balançar a cabeça pros lados enquanto cantava o refrão.


Let's rough it up
(Vamos bagunçar)
Till they shut it down
(Até que eles desliguem)

It's oh-oh-obvious
(É, oh, oh, óbvio)
Right here's where the party starts
(É bem aqui que a festa começa)
With you and me all alone
(Com você e eu sozinhos)
No one has to know
(Ninguém precisa saber)
It's oh-oh-obvious to me
(É oh, oh, óbvio pra mim)
How it's gonna be
(Como vai ser)
Oh-oh-obvious
(Oh, oh, óbvio)
When you come close to me
(Quando você chega perto de mim)

Mesmo ela não sendo cantora nem nada, conseguiu prender toda a atenção de Chay, ele deu uns passos pra frente e ficou parado observando-a cantar e mexer os quadris de costas pra ele. Ficou tão hipnotizado que levou um susto muito grande que o fez perder o equilíbrio e cair quando seu celular começou a tocar no bolso do agasalho. Mel arrancou os fones da orelha e foi ver que barulho foi aquele que ela quase tinha certeza que escutou atrás do balcão. Viu então um menino bobão com a bunda no chão...
- Chay?! V-você está bem? – ela de tão surpresa gaguejou um pouco.
- Estou... me ajuda aqui? – ele estendeu as duas mãos pra ela puxar e ajudá-lo a se levantar do chão. Ao ficar totalmente de pé, Chay percebeu que os corpos dos dois estavam perigosamente próximos! Ela podia sentir suas bochechas ardendo, provavelmente estavam vermelhas como uma plantação de morangos e ele escutava seu próprio coração batendo como se estivesse ao lado do ouvido.
- Você não... não vai atender? – Mel falou pausadamente pra não gaguejar outra vez. Ela se referia ao celular que ainda tocava no bolso dele.
 - Awn... é o Rick. Espera só um instantinho. – ele olhou o visor do celular e resolveu atender, podia ser importante... foi conversar com o empresário na sala enquanto Mel tentava voltar a se concentrar nos cookies que fazia.
 O papo com Rick foi rápido e logo depois, Chay já ligou pra Pedro e Arthur dizendo pra eles não aparecerem pra ensaiar.
- Oi, Mel. – Chay parou mais uma vez na entrada da cozinha, só que dessa vez, deixando sua ilustre presença ser percebida.
- Han... já conversaram?
 - Ah, é foi rápido! Era só o Rick dizendo que quando acabarem as nossas folgas, ele vai querer conversar conosco... – Chay explicou e puxou uma cadeira.
- Hum... Fiquei surpresa quando te vi aí. O que fazia sentado no chão, posso saber? – Mel conversava de costas, sem se virar pra ele.
- Eu caí porque me assustei quando o celular tocou. Acho que estava prestando muita atenção em alguém que dançava na minha frente. – após ouvir isso, agora sim ela virou a cabeça pra trás. Não conseguiu pensar em nenhuma resposta, então apenas sorriu tímida e voltou a olhar pra frente instantes depois.
- O que você está preparando?
- Cookies. Você gosta?
- Uhum! Quer ajuda?
- Se não for pedir muito, seria ótimo! – os dois sorriram, Chay se levantou da cadeira e foi pro lado dela.
- Então... o que eu faço?
- Corta em pedacinhos pequenos essas barras de chocolate enquanto eu estou misturando a massa...
- Yes, sir! – ele fez sinal de continência e começou a lavar as mãos.

No carro!

- Chegamos crianças! – Micael falou parando o carro e puxando o freio de mão. As meninas desceram e foram os três entrando na estação de trem. Lua já olhava para todos os cantos da estação procurando pela amiga, que podia estar sentada em algum banquinho esperando por eles. Como ninguém achou Sophia esperando em canto nenhum, procuraram informações sobre o trem que ela pegou e foram esperar na plataforma certa.
- Tomara que ela passe vários dias aqui conosco! Ela virou a minha companheira de compras preferida! –Ray falava empolgada.
- Puxa, fiquei até com ciúmes agora... – Lua se fez de ofendida.
- Ah Lu, você sabe, poxa! É que você e a Mel cansam logo enquanto que eu e ela não, podemos passar uma semana inteira fazendo compras sem parar!
- Vocês são doentes, isso sim! – Lua riu e os três viram que o trem já vinha. Ficaram de pé e observaram o trem parar, depois várias pessoas saírem e nada da Sophia. Ok... ela foi uma das últimas a sair!
- Soph! Eu já estava desesperada pensando que você não estava aí nesse trem! – Lu foi abraçá-la e em seguida, Ray. Micael esboçou um pequeno sorriso e lhe deu um beijo na bochecha.
- Demorei um pouco pra sair porque nem vi que já estava chegando, eu caí no sono!
- Err... deixa que eu carrego.
– o garoto se ofereceu pra levar a mala e ela agradeceu com um sorriso tímido.
- Obrigada, Micael.
- Então... você está melhor, Soph? Mandou a carta? – Lua quebrou o silêncio enquanto eles começavam a caminhar.
- Uhum. Foi a primeira coisa que eu fiz quando acordei hoje!
- Que carta? – Ray quis saber e Micael já andava mais à frente com a mala.
- Quando chegarmos eu conto tudo direitinho pra você e pra Mel. Aliás, ela está bem? Por que ela não veio?
- Ficou lá preparando alguma coisa pra comermos quando você chegasse. Mas eu temo que nós vamos ter de ficar com fome porque com o Chay lá sozinho com ela, acho que vai acabar não preparando nada! – Lua ria maliciosamente.
- Você acha? Agora sou eu quem tenho infinitas certezas! – Ray acompanhou com a mesma risada.
- Não estou entendendo, quem é esse Chay?
- É um amigo do Micael, faz parte da banda... vocês serão apresentados depois! Mas vamos logo porque eu quero chegar em casa e ver se teremos ou não algo pra comer! – Lua começou a correr saltitante em direção ao carro. Viu que Micael acabava de pôr a mala da Sophia no porta-malas e estava desprevenido. Logo, pulou nas costas dele. Adorava fazer isso porque ele sempre se assustava! Só que dessa vez ele não se assustou e começou a girar com ela presa às suas costas. Eles soltavam aquelas risadas alegres e todo mundo passava olhando e achando que eles eram só mais um casal de bobos e apaixonados. Ray e Soph se entreolharam vendo os dois, bufaram e entraram no carro.

Em casa!

- Não, Chay! – Mel ria enquanto tentava se defender como podia dos pedacinhos de chocolate que Chay jogava no rosto dela, tentando acertar a boca.
- Espera! Fica quieta! Eu vou acertar um!
- Pára, Chay! Me ajuda a terminar de pôr os biscoitos na placa primeiro!
- Tudo bem! Está com medo que eu acerte mesmo!
- Não! Estou com medo que os cookies não estejam nem sonhando em estar prontos quando Soph chegar! – ela respondeu ainda tentando ficar séria. Coisa meio impossível com Chay Suede e suas criancices fofas.
- Essa Soph deve ser uma obesa, se você tem que ficar preparando cookies pra ela! – Chay cruzou os braços como uma criança emburrada.
- Nossa, ela é muito gorda, você não imagina o quanto! – Mel falou num tom irônico, Sophia era a pessoa mais magrinha que ela já viu em toda a vida. Chay foi ajudando a completar a placa com biscoitos, quando terminaram ela levou ao forno e ao se virar de volta pra ele, mais pedacinhos de chocolate já estavam voando em sua cara!
- Falei que eu não ia desistir? Não deve ser tão difícil! Fique aí onde está!
- Chay... sinceramente! Deve ter alguma criança de cinco anos possuindo o seu corpo nesse exato momento!

Eles não perceberam, mas Arthur e Pedro haviam acabado de entrar na casa. A porta estava aberta e eles foram entrando... chegaram perto da cozinha e antes que pudessem ver as duas figuras, ficaram ouvindo a conversa.
- Espera... fica assim mesmo que está ótimo!
- Chay! Isso é inacreditável, não acredito que estamos aqui no meio da cozinha...
- Calma, Mel! Abre a boca mais um pouco, senão não vai entrar.
As caras que Arthur e Pedro faziam eram inexplicáveis!
- Chay, águem porre rregarr! – ela falava com a boca um pouco aberta, quis dizer ‘alguém pode chegar!’
- Só mais um pouquinho, eu estou quase conseguindo!
Arthur já passava as mãos bagunçando todo o cabelo e sacudia a cabeça incrédulo, enquanto Pedro estava roxo de tanto prender a gargalhada alta que queria sair.
- AH! Foi!
Na hora que os dois ouviram os gritos de Chay e Mel rindo, não conseguiram se conter e botaram as caras na entrada da cozinha. Viram Chay com pedacinhos de chocolate nas mãos e os braços esticados pra cima. Não puderam se segurar com aquela cena e as gargalhadas saíram altas, surpreendendo os dois na cozinha, que ficaram quietos.
- Arthur... Pedro? O que fazem aqui? – Mel perguntou um pouco envergonhada pela bagunça que ela e Chay estavam fazendo na cozinha da mãe do Micael.
 - É que a porta estava aberta... mas, cara, vocês são loucos! Quase nos mataram de susto! – Arthur falava um pouco embolado, devido aos risos no meio das palavras, enquanto Pedro, nem ao menos respirar conseguia.
- Hum? Morrer de susto? – Chay perguntava sem entender enquanto comia alguns dos pedaços de chocolate que restaram nas mãos.
- A gente chega... Ouve você falando pra Mel ter calma e abrir mais a boca senão não vai entrar! Você quer que pensemos o que?! – Pedro falou recuperando o fôlego depois das risadas. Mel arragalou os olhos e olhou pra Chay, que sorria de um jeito abobado com o queixo ligeiramente caído.
- Chay, taca chocolate neles! – Mel gritou e apontou para os dois meninos. Chay fez que sim com a cabeça e imediatamente já começaram os pedacinhos de chocolate voando pela cozinha outra vez. Os quatro bagunçaram ainda mais aquele lugar, se é que isso era possível! Quando deram por si, havia chocolate por todos os cantos e neles também...
 - OMG! Micael vai chegar e isso vai estar... ASSIM?! – Mel se desesperou olhando pro relógio, eles já deviam estar chegando!
- Dizemos que foi tudo culpa do Chay! – Pedro falou.
- Hey?! – Chay cruzou os braços.
- É... pior que foi mesmo Chay, você que começou com esse negócio de querer jogar o chocolate dentro da minha boca!
- Ah, mas se os enxeridos do Arthur e do Pedro não tivessem entrado aqui sem ser convidados pelo Micael... Micael! – Chay viu Micael em pé logo atrás dos outros três que estavam à sua frente, parou de falar na mesma hora e ficou pálido. Arthur, Mel e Pedro se viraram pra trás devagar pedindo mentalmente que aquilo fosse brincadeira do Chay... não era.
- Err... Oi! – Mel falou rápido e se escondeu no meio dos dois meninos, botando eles na sua frente.
- O que aconteceu aqui? Passou um furacão?! – Micael olhava incrédulo o estado da cozinha.
- Caralho! O que vocês fizeram?! – Ray apareceu logo atrás de Micael, também observando tudo pasma. Soph e Lu se infiltraram no meio deles, que estavam tampando a entrada. Quando entraram ali também ficaram surpresas e apenas riram.
 - Desculpa aí, cara... foi mal... – Arthur e Pedro sussuraram baixinho como se tivessem combinado.
- E você, Chay? Não tem nada pra dizer, não?! – Micael se dirigia ao menino que parecia estar em transe. ‘Retiro o que disse sobre ela ser obesa!’ Chay pensava antes de ser acordado.
- Hum? E-eu? – olhou pra Micael, acordando do transe que ficou ao ver Sophia entrar e rir pra ele. Quer dizer... rir dele!
- Claro que é você! Está vendo outro Chay Idiota Suede sujo de chocolate por aqui?
- Desculpa cara! Foi sem querer, quando vimos já estava assim... – Após essa frase de Chay, os outros três ‘culpados’ afirmaram com a cabeça olhando pra Micael.
- Por acaso tem mais desses malditos chocolates picados aí? – Micael perguntou levantando uma das sobrancelhas. Mel olhou pro balcão de mármore, havia milhares deles ainda. Micael foi caminhando calmamente até o balcão enquanto todos o observavam quietos. Pegou um punhado, jogou alguns pedaços na boca. Todos se entreolhavam. Quando Micael lançou seu olhar mortal pra todos eles...
 - Coooooooooorreeee negadaaa! – Mel gritou e todos dispararam pela casa debaixo de chocolates e mais chocolates acertando suas cabeças.



Capítulo 8 – A casa-monstro.

A guerra de chocolates durou até a hora que eles sentiram o cheirinho bom dos cookies assando no forno. Interromperam a brincadeira imediatamente e foram comer, feito uns mamutes esfomeados no deserto...
 - Cara... isso foi muito bom! – Chay falou pousando a mão sobre o estômago. Ele se encheu de biscoitos assim como os outros.
- É o Arthur? – Sophia, que estava ao lado de Lua, sussurrou e ela apenas afirmou balançando discretamente a cabeça, olhando a amiga de canto de olho e esboçando um pequeno sorriso.
- Arthur! – Soph o olhou – Fiquei surpresa em te ver! O que faz aqui?
- Oi, Soph! Que saudade de você também! – ele riu irônico e voltou a falar – Faço parte da banda e fiquei também muito surpreso quando soube que a prima imaginária do Micael era a Lu!
- Imaginária? – Soph e Lu perguntaram ao mesmo tempo, se entreolharam e olharam pra ele.
- Era brincadeira minha, porque o Micael sempre fala da Lua, sendo que eu só tinha visto Rayana e Mel...
- Sempre fala de mim, Borges?! Ahn... descobri porque é que minha orelha às vezes ferve! – ela brincou e estranhou vendo que Micael estava um pouco vermelho. Mas não foi pelo que acabaram de dizer à mesa, e sim porque às vezes seu olhar se encontrava com o de Soph e, enfim...
- Minha mãe está me ligando. Acho que ela quer que eu vá pra casa! – Pedro se levantou mas antes que ele pudesse dar o primeiro passo, Micael correu e parou na frente dele.
- Ninguém vai sair daqui sem ajudar a limpar toda a bagunça antes, está ouvindo senhor Cassiano?!
- Anh... que seja... – Pedro bufou e revirou os olhos. Assim como Micael mandou, todos foram limpando a casa, até não sobrar mais nenhum pedacinho de chocolate grudado no chão, paredes ou móveis. Ficaram limpando até o anoitecer. O que eles sujaram em alguns minutos, precisou de horas pra limpar!
- Espera Lu, ainda tem chocolate no seu cabelo! – Soph avisou e Lu ficou parada esperando a amiga terminar de tirar alguns pedacinhos de chocolate que Micael grudou no cabelo da prima sem a menor dó.
- Tem chocolate no meu cabelo e é tudo culpa do Micael! – Lua tentou lançar o seu melhor olhar fuzilante mas não conseguia prender o riso.
- Você tinha razão, Lua! Vir pra cá foi a melhor coisa pra eu esquecer dos problemas! – Sophia também estava sorrindo. Aliás todos exibiam sorrisos bestas, apesar do cansaço que foi limpar aquilo tudo que eles bagunçaram.
- Também acho! – Chay estava próximo a elas e entrou na conversa.
- Também acha o que, Suede? – Lua se virou pra ele sem entender direito o que ele queria dizer.
- Que foi bom ela ter vindo! – respondeu com um sorriso no canto da boca e sentiu o rosto corar um pouco. Pois é, meus caros, não foi impressão! Suede ficou terrívelmente e instantâneamente fascinado pela Sophia. Mel não deixou de notar isso, durante todo o tempo que eles passaram limpando a sala e a cozinha, Mel viu cada olhar que Chay lançava à Soph e sentia pontadas no fígado cada vez que via Soph corresponder. Pontadas no estômago quando os dois sorriam um pro outro. Pontadas no peito quando trocavam palavras tipo ‘Ah, deixa eu te ajudar aqui. Oh, obrigada!’ enfim, pontadas por todos os lados corroiam Mel.
Micael também não parecia muito à vontade. Ninguém sabe, nem mesmo Lua, mas ele e Sophia estiveram juntos por um pouco tempo, ele ia praticamente todo final de semana visitar a prima e ver Soph. Mas isso terminou logo que ele descobriu que ela ficava também com o professor de química às escondidas.

Play Micael's Flash Back

- Lu, eu sou péssimo em química, não dá pra te ajudar a estudar! – estávamos no quintal da casa da Lua. Ela insistia que eu podia ajudá-la a estudar pra prova enquanto o que eu mais queria era sair dali pra encontrar Soph na sorveteria! Terceira vez que íamos ficar. A primeira foi na festa da Mel há duas semanas! Mais algumas vezes e eu ia pedir em namoro. Pena que deu tudo errado...
- Você não é tão péssimo, Micael! Com certeza não tanto quanto eu! Me ajuda, resolve só um negocinho desses pra eu saber como é...
- Mas eu não sei! Por que não pede ajuda ao seu professor?
- Porque ele fica muito ocupado ajudando Soph na salinha abandonada... – ela resmungou meio baixinho, eu não entendi muito bem mas ouvi o nome da Soph e quis saber.
- Soph? Salinha abandonada? Do que você está falando?
- Ai Micael... nada, não foi nada! Você está me deixando nervosa, se não quer me ajudar aqui tudo bem! Vai passear, vai. – ela ficou mesmo um pouco nervosa e começou a passar as folhas do caderno freneticamente. Aí tem coisa!
- Agora você vai ter de explicar o que foi que você disse! – olhei firme pra ela e ela evitava me encarar.
- É coisa da Sophia, Micael! Não posso falar.
- Nem pro seu primo favorito? – lancei meu melhor olhar de coelhinho da páscoa!
- É que ninguém pode descobrir, Micael! Senão tanto ela quanto uma outra pessoa podem ficar muito mal.
- Que outra pessoa? Você está me deixando mais curioso!
- Uma pessoa que pode perder o emprego.
- Quem? Anda, Lu! Eu juro que não conto! Até porque, eu nem moro aqui! Eu ia contar pra quem?!
- Que isso não saia daqui está bom?
- Prometo que não!
- É que a Sophia... Bom ela... Estápegandooprofessor.
- O que? Fala mais devagar, criatura!
- Ela e o professor de química estão... tendo um caso!
- Sério? – ouvindo aquilo parecia que todo o telhado da casa dela caía sobre mim. Fiz das tripas coração pra não deixar transparecer isso, ainda nem tinha contado que fiquei com a Sophia algumas vezes, acho que Sophia também não contou...
- Uhum. É isso.
- Nossa... que... diferente. – não sabia o que dizer, as palavras sumiram do meu vocabulário.
- Nem me fale! Mas só eu sei disso, ouviu?! Ignore totalmente esse fato! – claro, como se fosse fácil! A garota que tem me tirado algumas noites de sono está tendo um caso com o professor dela e eu fui feito de palhaço!
- Erm... Lua, eu acho melhor você continuar estudando. Não quero te atrapalhar, vou dar uma volta, ok?
 - Está bom, né!? Ninguém quer me ajudar mesmo... – ela fez aquela carinha de ‘awn-puxa-vida!’ que só ela sabe fazer e eu sempre acho engraçado, mas naquela hora eu estava com muita raiva
pra achar qualquer coisa engraçada! Me levantei, dei um beijo na testa dela e saí. Meus passos eram largos e eu cheguei rápido até a sorveteria. Queria ouvir da própria Sophia aquela história toda, ainda tinha esperança que fosse um mal entendido, mas não era. Cheguei e Soph já estava sentada numa mesa me esperando.
- Oi, está aí há muito tempo?
- Um pouco...
- Hum... estava na casa da Lu. Já pediu alguma coisa? – me sentei de frente pra ela.
- Já tomei um suco. – ela respondeu e olhou pro copo vazio ao seu lado. Fiquei fitando o copo até tomar coragem.
- A Lua estava estudando pra uma prova de química, você não quer estudar também?
- Ah não, não precisa.
- Ah não? Engraçado, nunca ouvi a Lu dizer que você é boa em química...
- É que eu já estudei, Micael. – ela fez uma pausa, depois olhou pra mim – Você está estranho, o que foi?
- É que ser usado e feito de palhaço não é lá muito confortável, sabe!
- Do que você está falando?
- É óbvio que você não precisa estudar pra química, porque você DÁ para o professor!
- Pirou, Micael?! Que maluquice é essa agora? – ela se desesperou um pouco e comoçou a olhar para os lados. Com essa reação, não tem nem o que perguntar mais...
- Pára de negar, eu já sei de tudo.
- Como assim? Tudo o quê?
- Olha, a Lua não teve culpa, tá?! Ela não sabe que nós ficamos... eu estava lá e ela resmungou alguma coisa, fiquei curioso quando pensei ter ouvido algumas palavras como ‘ocupado’, ‘Soph’ e ‘salinha abandonada’ na frase dela. O resto você já sabe, pressionei e ela me contou.
- Micael... é verdade, mas eu não queria que você descobrisse assim.
- Ah, é? E queria que eu descobrisse como então? Pegando vocês dois juntos? Ah claro, pra eu me machucar mais... só que isso ia ser meio impossível já que o otário aqui mora um tanto LONGE e só vem nos finais de semana, quando você não está na escola, seria perfeito manter dois idiotas assim por um tempão, não acha?!
- Pára de falar assim, tá bom?! Eu ia te contar!
- E ia fazer isso quando? Depois de aproveitar mais um pouquinho de mim? – comecei a me sentir uma mocinha!
- Eu estava tomando coragem... você não imagina como eu me senti mal nesses últimos dias porque eu gosto de você! Ficar com você me deixou confusa.
- Confusa o suficiente pra me enrolar ao invés de contar a verdade... Mas tudo

bem, pode ficar com o seu professor. Não se preocupe comigo, não vou espalhar seu segredo! – caía uma lágrima no rosto dela e eu não estava mais com paciência para aquilo. Me levantei e saí antes que ela falasse mais.

Stop Micael's Flash Back

 O grupo, agora de oito pessoas com a chegada de Sophia, se ajeitou pra conversar sentados no chão da sala. Não queriam sentar no sofá pois havia manchas de chocolate em suas roupas!
- Até que conseguimos deixar mais limpo do que estava antes! – Ray olhava ao seu redor – Pena que eu esteja completamente moída! – e se jogou no colo da pessoa ao lado, que por acaso era o Pedro. Ele ficou alisando o cabelo da garota e perdeu a total noção do mundo. ‘Sério, eu podia passar o resto dos meus dias alisando o cabelo da Ray!’ ele pensava enquanto sorria bobo ao ver que ela já estava quase dormindo no colo dele.
Chay estava ao lado de Soph, que estava ao lado de Lua, que estava ao lado de Arthur, que estava ao lado de Micael, que estava ao lado de Mel, que estava ao lado de Pedro, que estava ao lado de Ray, que estava ao lado de Chay. Formaram uma rodinha, e vendo os amigos em círculo, Arthur teve uma idéia.
-vamos jogar?
- Ah não, Arthur! Verdade ou desafio de novo não! – Micael protestou, nessas brincadeiras ele sempre acaba tendo que fazer coisas que nunca faria.
- Por que não?! – Arthur insistiu.
- Porque isso é brincadeira de adolescentes... – Micael falava de braços cruzados mas o telefone começou a tocar.
- Espera, vou atender essa jossa... – ele se levantou, caminhou até o canto da sala e pegou o aparelho – Alô?... Oi! NÃO TEM VOZ NÃO, PORRA?! – e desligou o telefone.
- Nossa, o que aconteceu? – Ray falou se levantando sonolenta do colo de Pedro, ela estava quase sonhando já.
- Eu atendi e ninguém disse nada. Malditos trotes! – Micael respondeu erguendo os ombros.
- Pega o número e liga de volta?! – Lua falou como se fosse uma idéia óbvia.
- Claro! Vamos zoar com eles agora! – Arthur se levantou e foi animado esfregando as mãos pra perto do telefone. O número de onde receberam a ligação já estava sendo discado e começou a chamar, então Micael pôs no viva-voz.
- Uma... duas... três... ninguém vai atender, cara! – Chay contava os toques impaciente.
- Espera aí... é impressão minha ou eu estou ouvindo um barulho de telefone tocando? – Soph perguntou e olhou pela janela aberta da sala. Todos olharam pra ela e em seguida voltaram seu olhares para a janela também. Micael deu alguns passos pra se aproximar da janela, em poucos instantes, estavam todos juntos ali no maior silêncio prestando atenção no toque do telefone, que parecia muito vir da casa da frente, sincronizado perfeitamente com o barulho das chamadas no viva-voz. Os dois sons pararam ao mesmo tempo, como se alguém tivesse atendido e desligado em seguida. Todos ali se entreolhavam estáticos enquanto ouviam o ‘tu-tu-tu’ no viva-voz, perceberam muito bem que o telefone tocava mesmo na casa da frente! Foram dando passos pra trás, se afastando devagar e Micael fechou os vidros da janela com cara de assustado. Se virou para os amigos, que permaneciam em silêncio e levou as mãos à cabeça.
- Ah não, essa casa de novo!
- O-o-o telefone estava tocando lá?! – Lua apontou e olhava fixamente pra janela, como num estado de choque.
- Não pode ser... – Chay falou pensativo.
- Ué, gente! Era lá mesmo que estava tocando, naquela casa ali da frente que estava com as luzes apagadas! Não entendi o porquê de tanto espanto! Vizinhos folgados passando trote tem em todo lugar... – Soph falava sem entender aquelas caras preocupadas que todos faziam.
- Seria normal SE TIVESSE ao menos UM vizinho folgado lá! – Chay respondeu mas ela continuou com aquela cara de quem não estava entendendo ainda.
- Soph, meu frapêzinho de chocolate! Presta atenção... – Lua olhava pra ela como se fosse explicar algo à uma criança de três anos – É uma longa história, mas resumindo, não tem ninguém naquela casa porque o homem que morava aí foi assassinado, quatro meses atrás.
- O QUÊ?! OMG! – Sophia se assustou e agarrou a primeira criatura que encontrou ao seu lado esquerdo, era Mel.
- Ai, está me sufocando, cacete! – depois de algum sacrifício, Mel se livrou do sufoco e Soph ainda desesperada grudou na pessoa do seu lado direito, que era Chay. Mel apenas revirou os olhos, provavelmente sentindo mais uma pontada em algum de seus órgãos internos...
 - Estamos ficando loucos, cara! Como pode sair uma ligação de lá, se ali não mora ninguém?! – Pedro, que ficou até agora calado, se pronunciou. 
- Estou começando a me assustar! Isso foi igualzinho aquela cena de A Casa Monstro!– Ray falou olhando pro nada e Lu olhou pra ela surpresa.
- Você está começando a se assustar?! CARALHO, EU JÁ ESTOU EM PÂNICO! Com certeza não vou conseguir dormir! – ela cruzou os braços e se encolheu no meio dos ombros.
- Calma, Lu, pode dormir no meu quarto se quiser. – Micael se aproximou, passou um braço pelo ombro dela e lhe beijou no topo da cabeça.
- Hmmmm... – Pedro e Chay riram maliciosos. Arthur ficou só observando.
- Hey, seus pervertidos! Não tive segundas intenções, tá?! – Micael lançou um olhar de reprovação aos dois que ainda riam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário