domingo, 2 de dezembro de 2012

O Professor



Cap - 11


Lembrou-se da apreensão que sentiu o dia inteiro antes de encontrar Lua para lhe dizer que havia terminado. Que queria o fim do noivado, mas aquela situação não poderia se sustentar mais, já tinha quatro meses que se encontrava com Pérola e desejava cada vez menos Lua. Eles quase não dormiam mais juntos e o mais incrível disso é que ela nem reclamava.
Esta lembrança o enfureceu mais ainda. Esteve com ela dois longos anos e tudo o que conseguira era sexo frio e gozo rápido, muitas vezes imaginando cenas eróticas que via nos filmes, ou recordando suas transas com Pérola. Nem sabia ao certo se Lua realmente atingia o clímax ou fingia chegar lá.

Conhecia a fama de Arthur de garanhão. Ele já saíra com as mulheres mais desejadas da região e todas elas caiam de amores por ele, como ele podia ter se interessado por Lua? Logo ela que era tão reprimida de prática naquele assunto.
A menos que não fosse mais.

E era isso que o enfurecia, o fato de saber que Lua provavelmente havia desabrochado como mulher e que isso ocorrera nos braços de outro homem. Não admitia que Arthur Aguiar tivesse lhe colocado para trás desta maneira. Como ele conseguiu fazê-la baixar aquele muro de pudores? Ele não entendia, muito menos aceitava;

Ele até poderia estar com Pérola, mas de alguma forma Lua o pertencia e ele não se deixaria vencer desta maneira.
Encontrou Arthur ainda na entrada do prédio, ele conversava alegremente com Chay, irmão de Lua. Parecia já ter se enturmado à família.

Chay falava com um grande sorriso, e dava tapinhas amigáveis nas costas de Arthur, a inveja aflorou mais forte no coração de Pedro. Chay sempre o tratara com distância, mal conversavam enquanto ele foi noivo de Lua.


Neste momento Pedro sorriu com malicia e raiva, o que diria Chay se soubesse que Arthur estava prostituindo sua irmã? Por que era isso que ele estava fazendo, quando a convencia a transar na própria sala.

Ele julgava o relacionamento de Arthur e Lua da pior maneira possível, tomado por um sentimento de posse e egoísmo, e achava que todos pensariam da mesma forma.

Viu quando Chay se afastou e Arthur se encaminhou até seu carro.

"Ei Arthur!"

Ele chamou disposto a comprar briga com o moreno. Arthur virou-se tranquilamente.

" Fala Pedro". - ele disse com deboche.

"Preciso falar com você".

"Já está falando. O que você quer?"
"Creio que você saiba que eu quase me casei com Lua"

Arthur arqueou a sombrancelha.

"Sim...E?"

"E que eu quero saber o que está rolando entre vocês dois?"

Ele disse com ar superior

Arthur fez uma expressão inexplicável aproximou-se dele. Pedro recuou um pouco assustado, mesmo que fizesse um esforço absurdo para manter sua dignidade e não fugir correndo por mais que ele fosse maior do que Arthur.

"Bem, creio que estamos namorando".

"Esta é a sua concepção de namoro? Expor a mulher que você está desta maneira?"


"Expor Lua? Eu estou expondo Lua? Qual é o seu problema cara, você anda por ai agarrado com uma coelhinha da playboy, anda com um adesivo tamanho família no vidro traseiro do carro da sua namorada trepando com outro em um filme com se isso fosse algum troféu e vem me falar de expor a namorada?"

"Isso...Isso não tem nada haver...Lua é diferente..."

"Sim, eu sei que ela é diferente. Ela é linda, é inteligente, é maravilhosa, é sensual e é mulher, não vejo nada de errado nisso. Agora você...Seu problema é outro. Você não enxergou o que tinha antes de perder e agora está se mordendo por que ela conseguiu encontrar o que não tinha com você nos meus braços. Eu sinto muito cara vai ter que acostumar".
"Isso não tem nada haver. Fui eu quem terminou com ela e..."

"Sei que foi você, sei que você foi idiota o suficiente para fazer uma grande merda como esta, e vejo nos seus olhos o quanto está arrependido agora, mas isso não é problema meu cara".

"A qual é Arthur, corta essa cara, sei que você deve estar querendo algo além de só namorá-la, conheço a sua fama, Lua é toda certinha, ela nem faz o teu tipo."

"Não faz meu tipo? - Arthur soltou uma sonora gargalhada - Mas você é mais burro do que eu pensei. Tem certeza que se formou em Harvard, por que eu acho que o seu diploma é forjado. Lua faz todo o meu tipo, ela é a mulher mais quente e sensual com quem eu já tive o prazer de dividir a cama meu amigo. Você é um grande tolo, destes que tem petróleo no quintal de continua vivendo em casa de papelão. Não se deu conta da grande mulher que tinha e a perdeu. – Arthur riu de novo - Está na sua cara Pedro, você está arrependido até os ossos, como pôde ter sido imbecil o suficiente em trocar Lua por Pérola? E agora tem de lamentar não é mesmo? Deve ser horrível acabar uma transa e ter que virar de lado por que a sua parceira não consegue articular duas frases com sentido. Sou um grande felizardo, não tenho este problema com Lua. O sexo é perfeito e o depois ainda mais".

Arthur aproximou-se mais de Pedro e o homem se encolheu ainda mais, mesmo sendo maior que ele.

"Olhe aqui Pedro - ele disse isso e pousou rudemente a mão no ombro esquerdo do homem - O fato é que Lua é minha agora e vai ser muito melhor para você se ficasse longe dela. Pelo menos se preza sua imagem diante dos jurados, não creio que será uma imagem muito agradável esse seu rosto de moleque bundão quando eu amassar o seu nariz."


"Po-posso lhe processar por ameaça Aguiar".

Arthur gargalhou.

"É claro que pode. Mas pode ganhar? Seria interessante ver minha namorada Arrasando com você nos tribunais. Até mais Pedro".


Arthur o soltou com brusquidão e deu-lhe as costas, sumindo estacionamento adentro.
Lua percebeu com rapidez que as palavras de Pedro a atingiram tão pouco que ela esqueceu em segundos. Arthur povoava todos os seus pensamentos, cada recanto da sua mente. Lembrou-se do ex-noivo apenas quando o viu de relance ao sair do escritório.

Mas logo os pensamentos ruins da briga foram substituídos pela maravilhosa sensação de ansiedade. Arthur lhe prepararia uma surpresa e ela mal podia esperar para saber o que experimentaria desta vez.

Chegou em casa um tanto atrasada, Arthur viria buscar-lhe em menos de uma hora. Em menos de uma hora ele a levaria ao paraíso. Tomou um banho demorado, brindando seu corpo com seus melhores óleos aromáticos. Queria estar perfeita para ele.
Vestiu um vestido preto, solto, costas nuas que mal chegava aos seus joelhos. Escolheu uma lingerie branca, semi transparente e altamente provocante, com cintas ligas para compensar a ausência do soutien. A cinta liga dispensava o uso de meias, era agarrada apenas a calcinha, dando-lhe um ar ainda mais provocante.

terminou de retocar o batom rubro segundos antes de ouvir sua campainha. Seu coração vibrou em resposta.

Um sorriso abriu-se em seu rosto e ela se apressou em atender a porta.
Seu sorriso morreu instantaneamente.

"Pedro"

Ela disse com um desanimo tão aparente que lhe gelou a espinha.

"Lua...eu... - ele começou, mas não terminou - Este é o vestido que Chay te deu no natal?"

A pergunta saiu tão esganiçada que não escondeu a surpresa dele.

Ela apenas assentiu

"Mas você disse que não gostava dele, que ele era...curto demais"

"Mas agora eu o acho perfeito". - ela disse com os olhos estreitos desafiando-o a discordar.

Pedro engoliu seco.

"É fica perfeito mesmo". - a voz era quase um sussurro.

Lua ficou parada quase dois minutos assistindo-o observá-la. Era delicioso ver a cobiça nos olhos dele. É obvio que ela não o desejava, aliás, a esta altura nem conseguia mais considerar a hipótese de transar com ele de novo, porém, era como uma doce vingança, vê-lo salivar por ela.

"Há algo que eu possa fazer por você Pedro?"

"Vai sair?"

Ele perguntou ainda hipnotizado.

"É evidente não?"

Ele fez uma careta estranha.

"Com o Arthur não é?"

Ela riu pelo nariz

"mais evidente ainda".

Ele deu um muxoxo

"Por que está tão arisca Lua? Você não é assim. É a pessoa mais doce que eu conheço".

"Não estou arisca Pedro, estou impaciente".

"Por que? Arthur não pode me ver aqui? Aposto como vocês brigariam se ele me visse aqui".

O sorriso vitorioso no rosto dele fez o sangue dela ferver.

"Arthur não é um homem inseguro Pedro, isto fica para moleques, ele certamente não estragaria um encontro comigo por causa de brigas idiotas, porém eu não garantiria que ele não brigasse com você afinal você está pedindo por isso não?"
"Por que acha que eu quero brigar com o playboy galinha?" - ele disse irônico.

"Por que você parece não ter nada melhor pra fazer em vez de me cercar. sua namorada sabe que você anda obsessivo Pedro?"

"Seu irmão sabe que você se veste como uma prostituta quando sai com ele?"

O próximo som não foi articulado por vozes e sim por gestos, um sonoro tapa no rosto de Pedro.

Lua pôs o dedo em riste no meio da cara de Pedro enquanto ele abanava o local atingido.

"Não volte a m e procurar Pedro, nunca mais. Você é doente".

"Só estou preocupado com você"

"Pois por mim pode enfiar sua preocupação...Onde melhor lhe couber. Me deixe em paz Pedro" - ela disse maneando a cabeça impaciente.

"Vou deixar Lua, vou deixar. Vai ser um prazer ver você acabada quando este Arthur achar diversão melhor e te der um pé na bunda. Isso não vai demorar muito e você sabe disso".

"Vai se ferrar Pedro".

Ela disse por fim antes de fechar a porta com um estrondo e se apoiar na parede trêmula se segurando para não chorar.

O ruim não era Pedro achar isso, o ruim era ela saber que era verdade, que tudo tinha um prazo para acabar.
Lua estava tão absorta em pensamentos que não ouviu a porta de sua casa abrir-se.

Se sobressaltou ao sentir a mão de Arthur em seu ombro.

"Lua..." - ele chamou preocupado

"O..Oi Arthur"

Arthur a segurou no queixo com carinho.

"O que houve? Esteve chorando? O que aconteceu?"

"Não foi nada Arthur...eu estou bem".

"Não, você não está. Quem te fez chorar?"

Ele estava vermelho e ela sabia que ele estava com raiva.

"Está tudo bem Arthur, acredite em mim".

Ele tomou o rosto dela entre as mãos.

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